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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Conselho Municipal de LGBT toma posse em São João del Rei

Cidade é a primeira de Minas Gerais a receber um conselho como esse.
Evento também celebra o Dia Mundial do Orgulho Gay.




O Conselho Municipal dos Direitos Humanos de São João del rei realiza nesta sexta-feira (27) uma cerimônia que marca a posse do primeiro Conselho Municipal dos Direitos Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) do estado de Minas Gerais. O evento também celebra o Dia Mundial do Orgulho Gay, comemorado no sábado (28).

De acordo com o diretor Conselho Municipal dos Direitos Humanos da cidade e um dos fundadores do novo conselho, Carlos Bem, a posse dos conselheiros tem o objetivo de combater a homofobia, o preconceito e a exclusão social, acompanhar a implementação de políticas públicas e colaborar na defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros. "São João del Rei é uma referência nacional no combate à homofobia, por isso temos que focar numa defesa jurídica. Agora com o conselho vamos ter ações articuladas com o governo para ter políticas concretas. É um grande ganho não só para a cidade, mas também para todo o estado", informou Carlos Bem.
Além da posse dos conselheiros, o evento será animado com shows de Drag Queens artistas do município. A cerimônia, que será aberta a todo o público, acontece a partir das 20h, no Salão Nobre da Prefeitura.
Fonte: G1 Zona da Mata

sexta-feira, 16 de maio de 2014

17 de Maio - Dia Internacional de Luta contra a Homofobia




Neste sábado, dia 17 de Maio, às 14 horas, na Praça Sete, em Belo Horizonte, haverá grande ato pelo fim da HomoLesboTransfobia.
Confirme presença, veja mais informações, convide seus amigos e compartilhe o evento no Facebook:https://www.facebook.com/events/287414511425370/?source=1

O dia 17 DE MAIO é o DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA A HOMOFOBIA. A data foi escolhida por movimentos pelos direitos LGBT em 2004 e foi escolhida por ser o dia 17 de maio de 1990 data na qual a homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Vários Movimentos Sociais de Belo Horizonte e Região Metropolitana (listados no final do texto) fazem este ato e convidam todxs para estarem dia 17 de Maio, às 14 horas, na Praça 7, em Belo Horizonte, pelo:

• FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A POPULAÇÃO DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS - LGBT;
• PELA DESPATOLOGIZAÇÃO DAS IDENTIDADES TRANS;
• PELO FIM DO MACHISMO E DA LESBOFOBIA.

Este ano de 2014 é o 10° ano em que a data marca a luta contra a homofobia em nível internacional. Não são poucos os motivos para todos estarmos nas ruas contra a homo-lesbo-transfobia. Somente em 2013 foram 312 assassinatos homofóbicos notificados pela imprensa e organizados em um relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). Desses, 186 (59%) foram de homens gays, 108 (35%) de travestis e transexuais, 14 (4%) de lésbicas, 2 bissexuais (pouco menos de 1%) e 2 heterossexuais (pouco menos de 1%) vítimas de homofobia por serem confundidos com gays.

Em 2014 a violência fatal contra LGBT parece ter aumentado em terras brasileiras. De acordo com o site HomofobiaMata (http://homofobiamata.wordpress.com/), nos 117 dias de 2014, até a data de 27 de abril, já são 120 assassinatos, mais de uma morte por dia. Mesmo com este aumento de crimes homofóbicos notificados nos últimos anos houve um retrocesso nas políticas públicas de combate à homofobia. Este retrocesso é notório no nível federal, com vetos do governo Dilma a campanhas contra a homofobia em escolas e pela saúde de LGBT e prostitutas. Nos níveis estaduais e municipais há carência de campanhas e os órgãos de proteção às minorias não atuam da maneira necessária.

Pelo mundo recebem destaque a Rússia e alguns países da África. Na Rússia com a aprovação da lei que autoriza multas e prisões por "atos de propaganda homossexual" para menores, no país que já era muito homofóbico, gays e lésbicas passaram a viver um estado de intensa perseguição. Um movimento de anti-gays passou a gravar jovens gays sendo humilhados, torturados e violados perante câmeras e depois divulgar os vídeos pela Internet (Veja mais aqui: http://homofobianarussiaeoutros.blogspot.com.br/). 

Nesse ano, na África, o presidente de Uganda assinou a lei que pune com prisão perpétua atos homossexuais e penaliza em até 14 anos a “promoção e o reconhecimento” de tais atos. Pouco mais de um mês antes o presidente da Nigéria já tinha assinado lei que prevê pena de até 14 anos de prisão para quem mantiver relações sexuais com parceiros de gênero igual.

Mas apesar dessa situação tivemos vitórias importantes na luta contra a opressão que vivemos. Como no ano passado em que um grande movimento Fora Feliciano se organizou, saiu às ruas colocando em questão os discursos mais conservadores. Assim como nas manifestações que ocorreram em junho das quais participamos e gritamos que queríamos melhores condições de vida, já que as questões da cidade, como o transporte, nos afetam a cada dia. Conquistamos também o direito ao casamento legal que foi um avanço, já que contamos com uma legislação ainda tão retrógrada. Tudo isso nos demonstra o quanto na luta é possível mudar as coisas e ter conquistas importantes.

Por tudo isso e por estarmos em ano eleitoral é ainda mais necessário denunciar a homo-lesbo-transfobia, fazer com que o seu combate e o engajamento na luta por direitos renegados a comunidade LGBT tornem-se propostas de políticas públicas dos candidatos. Enfim, acreditamos que torna-se extrema importância todos os setores vanguardistas, progressistas, e/ou de esquerda estarem juntos na luta contra a homofobia, a transfobia, a lesbofobia e o machismo.

Apoiam e/ou fazem o ato: 

ABHT - Associação Brasileira de Homens Trans
ANEL – Assembleia Nacional de Estudantes - Livre
ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
CELLOS–Contagem – Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Contagem
CELLOS-MG – Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais
Centro de Referência em Direitos Humanos Pauline Reichstul
Centro de referência LGBT de Belo Horizonte
Coletivo LGBT Gabriella Moneli
CSP Conlutas
CMN - Centro pela Mobilização Nacional
DCE-UFMG - Diretório Central de Estudantes da UFMG
DCE Una Contagem
Fora do Eixo
Fórum LGBT de Minas Gerais
JUNTOS-BH
MGB - Movimento Gay de Betim
MGS - Movimento Gay e Simpatizantes do Vale do Aço (Ipatinga)
MOOCAH - Movimento Organizado de Combate a Homofobia 
Movimento ITA LGBT
Movimento LGBT de Sete Lagoas
Movimento UFMG sem Catracas
Muza Comunicação 
NUH – Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT - UFMG
Ouro Rosa Associação LGBT de Nova Lima
Psol BH
PSTU de BH e Contagem
Rede Afro LGBT
Senalba-MG
Setorial LGBT do PT - MG
SindUte Contagem 
Una-se Contra a Homofobia

Fonte: https://www.facebook.com/MateusUerlei

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ONU marca dia contra a discriminação

O diretor-executivo do Programa Conjunto da ONU sobre o HIV/Aids, Unaids, Michel Sidibé, lançou esta quinta-feira (27/02) as celebrações do 1º de Março de 2014 como Dia da Discriminação Zero.

Segundo o Unaids, a data serve como "um chamado global para que as pessoas promovam o direito de qualquer um a uma vida digna, sem levar em consideração a aparência, de onde vêm ou quem amam".

Símbolo


O símbolo para a Discriminação Zero é uma borboleta por ela ser reconhecida amplamente como um sinal de transformação.



A prêmio Nobel da Paz e defensora global da agência da ONU pela Discriminação Zero, Daw Aung San Suu Kyi, disse que "as pessoas que discriminam estreitam o mundo dos outros como também o seu próprio".

San Suu Kyi disse "acreditar que o mundo é um lugar onde todos podem florescer".

No Dia Mundial da Luta contra a Aids, em 1 de dezembro, a prêmio Nobel da Paz e defensora global para a Discriminação Zero lançou a campanha # zerodiscrimination.


Campanhas

O diretor-executivo do Unaids disse ainda que "a resposta global contra a doença mostrou ao mundo uma grande lição de tolerância e compaixão." Sidibé afirmou que "todos sabem agora que os direitos à saúde e à dignidade pertencem a qualquer um".

Segundo ele, "trabalhando juntos será possível modificar as pessoas, as comunidades e o mundo para alcançar a Discriminação Zero."
Celebridades

Muitas celebridades internacionais se juntaram à campanha "Discriminação Zero" gravando mensagens de vídeo ou tirando fotografias com o símbolo do movimento, uma borboleta.

Entre os que participam da iniciativa estão a embaixadora da Boa Vontade do Unaids, a cantora Annie Lennox, o jogador de futebol David Luiz, a atriz e ativista Michelle Yeoh e a princesa Stephanie, de Mônaco.

Setor Privado


O Unaids informou que o setor privado está tendo uma participação muito importante para marcar a data.

Na África do Sul, por exemplo, o Standard Bank, antigo parceiro da agência da ONU no combate à Aids, vai promover uma campanha na mídia social durante todo o dia.

No Malaui, cerca de 3,5 milhões de assinantes da maior operadora de telefonia móvel do país vão receber uma mensagem sobre o Dia da Discriminação Zero.

Em Mianmar, a campanha alcançará o esporte com dois times de futebol prometendo apoio à iniciativa. Eventos similares estão marcados também em Belarús e em Honduras envolvendo a participação de jovens, minorias e homossexuais num amplo diálogo sobre o assunto.

Fonte: Rádio ONU em Nova York

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Concurso de Boas Práticas pela Igualdade e Equidade de Gênero e Interculturalidade em Saúde está com inscrições abertas até 28 de fevereiro


Realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a competição busca identificar e promover as melhores iniciativas na inclusão da perspectiva de igualdade de gênero e/ou equidade étnica nos serviços de saúde na América Latina e Caribe.

Estão abertas, até o dia 28 de fevereiro, as inscrições para o VI Concurso de Boas Práticas pela Igualdade e Equidade de Gênero e Interculturalidade em Saúde, realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde da Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS). 

O concurso tem como objetivo identificar e promover as melhores iniciativas na inclusão da perspectiva de igualdade de gênero e/ou equidade étnica no contexto dos serviços de saúde na América Latina e Caribe.

As boas práticas nas categorias Gênero e Saúde e, Saúde, Gênero e Etnia serão premiadas com um certificado e 2.500 dólares para investir no fortalecimento das práticas que também serão incluídas em uma publicação em inglês e espanhol. Os representantes das propostas participam, ainda, da cerimônia de premiação na sede da OPAS/OMS em Washington, nos Estados Unidos, no dia 28 de maio, quando é celebrado o Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher. 

Para mais informações:  

Site em inglês.

Fonte: Seppir

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Países latino-americanos apoiam declaração da Década dos Afrodescendentes


Governos de 12 países devem se manifestar até 30 de março sobre a criação de um plano de ação para os afrodescendentes

Até o próximo dia 30 de março, os governos da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, El Salvador, Equador, Espanha, México, Peru, Panamá, Paraguai e Uruguai manifestarão sua opinião sobre a criação de um plano internacional de ação para afrodescendentes na Ibero-américa. O prazo foi estipulado durante a “Reunião Técnica sobre a proposta do Programa AfroXXI: população e cultura afrodescendente em Ibero-America”, que aconteceu no último dia 22 de janeiro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF), com a presença da ministra da SEPPIR, Luiza Bairros. A reunião foi coordenada pela Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib) e o Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

A decisão de marcar um prazo ocorreu durante a 22ª Cúpula Ibero-Americana, realizada em Cádiz, Espanha, em dezembro, quando os chefes de Estado e de Governo emitiram um Comunicado Especial sobre Afrodescendentes, no qual, além de se comprometer com os resultados do Afro XXI, reconheceram a importância de impulsionar a criação de um programa de apoio à população e à cultura afrodescendente no âmbito da Ibero-América. Ainda em Cádiz, foram apoiados os encaminhamentos do Afro XXI, entre os quais a declaração de Salvador como “Capital Iberoamericana dos Afrodescendentes”.

Representantes dos 12 países ibero-americanos e de vários organismos internacionais, entre os quais BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNFPA - Fundo das Nações Unidas para a População e ONU Mulheres, discutiram a proposta de programa apresentada pela Segib de manifestar a adesão ao Programa AfroXXI: população e cultura afrodescendentes em Ibero-América.

Década dos Afrodescendentes - Na declaração final da I Cúpula da Comunidade de Países Latino-americanos e Caribenhos, realizada em 28 de janeiro, em Santiago (Chile), foi incluído parágrafo em que os 34 países reiteram apoio à declaração da Década dos Afrodescendentes pela Organização das Nações Unidas (ONU), que inclui a criação de um Fórum Permanente sobre Afrodescendentes na ONU e a elaboração de uma Declaração Universal dos Direitos dos afrodescendentes.

Fonte: SEPPIR

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Mobilização Nacional Pró Saúde da População Negra



O que é a Mobilização Nacional Pró Saúde da População Negra?

27 de outubro é o Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra. A agenda de mobilização começa no início de outubro e vai até o dia 20 de novembro, data em que se comemora a imortalidade do herói negro, Zumbi dos Palmares. Neste período, acontecem várias atividades em todo o país. Homens e mulheres, jovens e adultos, profissionais de saúde, gestoras e gestores, ativistas, pesquisadoras e pesquisadores, cidadãos e cidadãs realizam atividades para promover e defender o direito da população negra à saúde.

Mas porque ela acontece?

A Constituição brasileira determina que a saúde é um direito de todas e todos e um dever do Estado.

Um dos princípios da Carta dos Direitos de Usuárias e Usuários da Saúde diz que todas as pessoas têm direito a um tratamento de qualidade, humanizado e sem nenhuma discriminação.

Porém…

• A morte materna ocorre com mais frequência entre mulheres negras. As principais causas destas mortes são eclampsia, pré-eclâmpsia e aborto.

• A população negra apresenta maior risco de morte por causas externas, mais acentuadamente por homicídios.

• De acordo com a Pesquisa Nacional de Domicílios do IBGE (2006), a realização de exames clínicos de mamas durante uma consulta ginecológica é menosfrequente para mulheres negras que para as brancas.

• Dados de triagem neonatal apresentam que aproximadamente 3500 crianças brasileiras nascem com doença falciforme todo ano, tornando a Anemia Falciforme a doença genética de maior incidência no Brasil. No entanto é desconhecida pela maioria dos profissionais da saúde, o teste do pezinho (exame que indica a doença) não é realizado em todas as maternidades e hospitais.


O racismo e a discriminação fazem mal à saúde!

Saúde da População Negra é direito. O Estatuto da Igualdade Racial imprime força de lei à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Saúde da População Negra é direito, é lei. Racismo e discriminação fazem mal à saúde. Mobilize-se. Levante essa bandeira.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Definidas datas para Encontro Nacional do Morhan


O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) reunirá representantes de todos os estados brasileiros para avaliar o cenário de combate à doença, as estratégias de luta e ações a serem desenvolvidas. Em 2013, o XIV Encontro Nacional ocorrerá no Rio de Janeiro de 27/02 a 03/03 com a participação de diversos convidados ilustres. Na ocasião será eleita a nova diretoria do Morhan Nacional e serão aprovadas as pautas levantadas nos Encontros Regionais, realizados no final de 2012, para entender e apontar demandas dos voluntários do movimento.

Na programação haverá oficinas de comunicação, atividades culturais, debates, assembleias e identificação das principais demandas para os próximos 2 anos.

Segundo Artur Corrêa, voluntário do Morhan, o evento, que já era para ter acontecido, acabou sendo adiado por falta de recursos financeiros e parceiros para esse fim e pelo fato do Ministério da Saúde, parceiro na realização do evento, não ter encontrado local adequado para realização do mesmo na época da RIO +20 e posteriormente no final de 2012. Como a nova data escolhida não perpassa por nenhum feriado ou data comemorativa de grande peso, a organização deu certo e o Encontro acontecerá.

No momento, o Morhan finaliza a programação e convida autoridades inerentes à causa para o evento, a fim de garantir um maravilhoso encontro. A participação é restrita para as pessoas eleitas e indicadas pelos núcleos para participarem e convidados do Movimento. Todas as notícias serão acompanhadas aqui no site e nas redes.

Fonte: Morhan



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana é vitória na luta contra o racismo


Política lançada pela SEPPIR em emocionante evento contou com mais de 300 participantes é marco na defesa da ancestralidade africana


Depois de um ano de trabalho e articulação – o que envolveu a criação de comitê interministerial coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), por meio de sua Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (SECOMT) – foi lançado na noite de terça-feira, 29, o I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. A política é um instrumento de planejamento e implementação das ações prioritárias para as comunidades de matriz africana. O evento aconteceu no Salão Negro do Palácio da Justiça, em Brasília.



Apresentado por Silvany Euclênio, secretária para Comunidades Tradicionais, o plano foi construído com base no Plano Plurianual (PPA 2012-2015) e reúne um conjunto de políticas públicas que buscam a garantia de direitos, a proteção do patrimônio cultural e da tradição africana no Brasil. Além do enfrentamento à extrema pobreza com ações emergenciais e de fomento à inclusão social produtiva e Desenvolvimento Sustentável.



A SEPPIR coordena o grupo de trabalho responsável pela execução, monitoramento e revisão do plano e que agrega os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Meio Ambiente, Saúde, Educação, Cultura, Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Fundação Cultural Palmares, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).


Emoção - Após a assinatura do Plano pela ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, os representantes de comunidades de matriz africana, com suas vestes tradicionais e coloridas, tocaram tambores e entoaram cânticos e saudações em diferentes idiomas africanos, emocionando o público.

Para a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, o evento representou, mais do que um motivo de comemoração, o fechamento de uma etapa de um trabalho árduo e, a abertura de outra. “Concluir a atividade é uma conquista, mas vai nos abrir outros desafios. A partir de agora, temos que sair em busca da execução de todas as ações previstas”, disse.


 Mais de 300 pessoas participaram da solenidade, entre autoridades governamentais e de matriz africana, além de representantes de instituições não-governamentais, da sociedade civil e de órgãos de promoção da igualdade racial de todo o Brasil. Membros do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) também participaram.


Mesa – Além da titular da SEPPIR, Luiza Bairros, participaram da mesa de abertura do evento, as ministras Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e, representantes das três maiores tradições africanas presentes no Brasil, Ketu, Jejê e Angola, Ogã José de Ribamar Feitosa Daniel – Pai Ribamar, Ogã Edvaldo de Jesus Conceição – Ogã Buda e Makota Valdina, respectivamente.


Também fizeram parte da mesa Eloi Ferreira, presidente da Fundação Palmares, deputados federais Luiz Alberto, presidente da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial em Defesa dos Quilombolas e, Érika Kokay, presidente da Frente em Defesa das Tradições de Matriz Africana, Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Vânia Castiglioni, diretora-executiva de Administração e Finanças da Embrapa, Louise Henriques Ritzel, secrétaria-adjunta do Patrimônio da União.

Desdobramentos - Provocar o judiciário para que a imunidade tributária assegurada a templos religiosos pela Constituição Federal seja estendida também às casas de matriz africana. Essa foi a promessa feita por Deborah Duprat, vice-procuradora geral da República, em sua fala durante o lançamento do Plano.

De acordo com Débora, a laicidade do Estado não significa que ele seja contra a vivência das culturas de cada cidadão. “Mas se conferir um privilégio a uma, terá que fazer o mesmo com as demais. E essa imunidade não incide sobre os terreiros”, diz. A jurista assegurou que não vai levar muito tempo para que uma ação nesse sentido seja impetrada no Supremo Tribunal Federal. “Não depende só de mim, mas acredito que isso é uma coisa para se fazer muito rapidamente”, afirmou.

Fonte: SEPPIR

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A lei e o ensino – 10 anos de Lei 10.639/03

Crédito da foto: Etiene Martins - Revista Raça Brasil

O enfrentamento da injustiça no sistema educacional brasileiro é um grande desafio. É necessário o planejamento, orientação e acompanhamento das formulações e implementações de políticas educacionais relacionadas às populações afrodescendentes.

A Lei nº 10.639/03 torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio na rede pública e particular. No entanto, é fundamental que haja maior compreensão do racismo no contexto escolar para a construção de um projeto educacional que propicie a integração social igualitária de todos os brasileiros e brasileiras, independente da cor/raça, gênero, renda, entre outros.

A ausência de reflexão sobre as relações raciais da sociedade brasileira dentro da escola impede a melhoria do relacionamento interpessoal entre os atores que integram o espaço escolar. Esse silêncio contribui para a naturalização do preconceito e/ou discriminação raciais presentes na escola e fora dela.

Em 2013, 125 anos de abolição formal não foram suficientes para destruir as barreiras forjadas pelo escravismo e pelo racismo permitindo que, assim, as populações negras promovam a continuidade de suas histórias e culturas e o ensinamento de suas visões de mundo. Os espaços de poder não mostram a população negra em sua representatividade:

População negra: 51,1% (a saber, 6,9% pretos e 44,2% pardos) (IBGE, 2009)

É comum ouvirmos ainda que o Brasil vive uma democracia racial, tese que já foi devidamente desconstruída por muitos sociólogos, mas que continua sendo propagada em alguns meios com interesses escusos.

Nos principais times de futebol e outros esportes, nos programas de música, vemos que a presença do negro é mais frequente e tolerada do que em outros espaços. Por exemplo, ninguém se incomoda se o craque da Seleção Brasileira for um jogador negro, o Neymar, por exemplo. Mas algumas pessoas mostram-se desconfortáveis ao se depararem com negros em cargos de liderança em empresas, como advogados, médicos, enfim… São espaços em que a presença negra é menor, dado o processo de racismo e suas implicações na sociedade, mas quando se mostra, incomoda e causa desconfiança a alguns.

Há pouco tempo, uma jornalista causou polêmica ao declarar com todas as letras em blog que não queria ser atendida por um advogado negro ou um dentista negro, por exemplo, pois havia a possibilidade de eles terem sido estudantes universitários cotistas, o que, para ela, denota incapacidade.

Ora! Nem as cotas raciais nas universidades terão como consequência a formação de profissionais incompetentes, já que o currículo, os recursos didáticos, a infraestrutura, a avaliação e os professores serão os mesmos dos outros estudantes, não-negros e não-cotistas, correto? E nem há pressuposto para argumentar que o estudante cotista tem menos condições intelectuais de formar-se com o mesmo louvor que os outros, já que o que barra o ingresso igualitário de negros e brancos no ensino superior não é o aspecto cognitivo, mas o abismo social consequente do racismo que, no Brasil, é institucional e, hipocritamente, aceito por grande parcela da população que tem a coragem de considerar a necessidade de ações afirmativas para ter seus direitos garantidos, um privilégio!

Ah! Quanto aos 10 anos de aniversário da Lei 10.639/03… Pouco a comemorar… Lamentavelmente!


Para saber mais, leia:

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas. Brasília, 2004: Conselho Nacional de Educação.

_______. Educação Antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília, 2005: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ministério da Educação.

 _______.   Lei Federal n° 10.639/03 in Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.

_______.   Lei Federal n° 11.645/08 in Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.

_______.  Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília, 2006: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ministério da Educação.

CAVALLEIRO, Eliane. Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.

CAVALLEIRO, Eliane (org.). Racismo e Antirracismo na Educação: repensando nossa escola. São Paulo, Selo Negro: 2000.

Fonte: Kilombagem

Denúncias de intolerância religiosa crescem mais de 600%


O número de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 cresceu mais de sete vezes em 2012, quando comparada com a estatística de 2011

Brasília – A quantidade de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República cresceu mais de sete vezes em 2012, quando comparada com a estatística de 2011. Embora signifique um aumento de 626%, a própria secretaria destaca que o salto de 15 para 109 casos registrados no período não representa a real dimensão do problema.

Os dados do Disque 100 para a intolerância religiosa podem estar subestimados, de um lado, porque o serviço telefônico gratuito da secretaria não possui um módulo específico para receber esse tipo de queixa, de forma que nem todos casos chegam ao conhecimento do Poder Público.

Além disso, a maior parte das denúncias é apresentada às polícias ou órgãos estaduais de proteção dos direitos humanos e não há nenhuma instituição responsável por contabilizar os dados nacionais.

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) também não possui dados específicos sobre violações ao direito de livre crença religiosa, mas seu ouvidor, Carlos Alberto de Souza e Silva Junior, compartilha da impressão de que o problema tem crescido nos últimos anos.

Segundo o ouvidor, o número de denúncias de atos violentos contra povos tradicionais – módulo que envolve todo o tipo de violação aos direitos de comunidades ciganas, quilombolas, indígenas e os professantes das religiões e cultos de matriz africana relatadas à Seppir - também cresceu entre 2011 e 2012.

“Apesar dos avanços das políticas sociais e raciais, é perceptível uma reação intolerante, preconceituosa, discriminatória e racista e eu já percebo um certo recrudescimento de alguns direitos”, declarou o ouvidor da Seppir à Agência Brasil, citando, como exemplo, o aumento do número de denúncias envolvendo crimes raciais na internet.

Segundo a associação Safer Net, em 2012, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (CND) recebeu 494 denúncias de intolerância religiosa praticadas em perfis hospedados no Facebook.

“Não consigo avaliar o porquê de tanta intolerância, mas um dos indicativos que ainda precisamos verificar com cautela [é a atuação de] algumas igrejas neopentecostais, que vem pregando o ódio, inclusive na internet. Há ao menos um caso denunciado à ouvidoria de uma igreja cujo líder espiritual vem revelando esse ódio contra as religiões de matriz africana, associando-as à coisas do diabo. Sabemos que esse tipo de pregação, feita por um líder religioso, afeta [influencia] a muitos de seus seguidores”, acrescenta o ouvidor.

O integrante da Seppir aponta também as práticas discriminatórias vindas até mesmo de agentes públicos, como o promotor de Justiça de Santa Catarina que, em 2011, proibiu uma casa de umbanda de Florianópolis de realizar cultos e executar animais durante as cerimônias sem a autorização do Estado.

“Isso é um absurdo já que não existe lei que obrigue a casa de umbanda a pedir essa autorização. E a Constituição estabelece que não se pode embaraçar o culto religioso”, disse o ouvidor.

Carlos Alberto Júnior também expressa preocupação quanto aos projetos de lei que tentam criminalizar o abate de animais em sacrifícios religiosos - algo que muitos especialistas consideram inconstitucional, já que a Constituição Federal estabelece que a liberdade de crença é inviolável, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos.

Além disso, o texto constitucional determina que os locais de culto e suas liturgias sejam protegidos por lei. Já a Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.

“Eu vejo tudo isso como um fenômeno umbilicalmente ligado ao racismo, algo que não pode ser desassociado da questão do preconceito racial. Tanto que, na Seppir, não recebemos nenhuma denúncia dando conta de que outras religiões, além daquelas de matriz africana, sejam alvo de discriminação”, concluiu Júnior.

Fonte: Exame

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Apenas um prefeito de capital eleito em 2012 é negro


Rio de Janeiro – João Alves Filho, do Democratas, é o único negro entre os prefeitos de capital que tomaram posse no dia 1º de janeiro. Ele volta ao cargo em Aracaju (SE), depois de ter sido prefeito da cidade na década de 1970 e governador do estado em duas ocasiões.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) lembra que, no Brasil, poucos negros exercem funções de destaque. Essa mudança de paradigma já ocorreu nos Estados Unidos, que reelegeram um negro para a presidência.

“O Barack Obama é produto de uma coisa que mudou nos Estados Unidos, que foi o acesso da população negra aos espaços sociais mais prestigiados. A política eu não diria que foi [a área] mais privilegiada dessa mudança não, mas [isso se observa] no acesso às universidades, a grandes empresas, na mídia, há uma visibilidade pública maior. E isso acaba favorecendo que as pessoas achem menos estranho ter pessoas diferentes, de pele escura, exercendo funções de comando”.

Paixão lembra que os Estados Unidos têm uma história que se inicia com a guerra civil e passa pelo período das leis segregacionistas, o que nunca ocorreu no Brasil. Mesmo assim, os norte-americanos produziram um presidente de evidente origem negra e o Brasil não.

Para a deputada federal Benedita da Silva, apesar de o Brasil ainda não eleger muitos negros, outras lutas e representações sociais importantes foram alcançadas nos últimos anos.

“Os Estados Unidos já elegeram e reelegeram um negro para a presidência. E o Brasil ainda não conseguiu, mas já elegeu um operário, elegeu uma mulher, penso que estamos avançando, porque são lutas muito importantes também, e a cada dia vemos esses movimentos crescer e serem representados. Creio que daqui a pouco a comunidade negra vai estar em outro patamar”

Para a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) Eliana Graça, o problema é cultural e histórico, envolvendo a disputa do poder.

“Os negros não se candidatam não é por que não têm competência, não é bem isso. Primeiro que você tem uma cultura na sociedade que é machista e racista, né, então nós ainda não conseguimos derrubar esse racismo, nós temos uma história de submissão da raça negra, a questão da escravidão, que a gente não superou totalmente”.

Eliana considera que houve avanços, mas os próprios partidos políticos não oferecem oportunidades iguais de acesso às candidaturas. Além disso, ela destaca que os negros são a parcela da população que tem menos acesso à renda e a um bom trabalho.

“Com essas campanhas milionárias, como é que os negros concorrem, sem ter o financiamento público de campanha? Porque hoje se elege quem tem dinheiro”.

A secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, afirma que, se por um lado existe a ideia de que os negros são importantes na vida da sociedade brasileira, por outro eles não são vistos como tendo as mesmas condições dos brancos para ocupar os espaços de decisão.

“Se nós somos um Brasil que sempre foi colocado como miscigenado e se há uma participação bastante expressiva da população negra, porque há sub-representação da população negra nessas instâncias [de poder]?”

Para Ângela, se todos são iguais, os negros também podem dividir igualmente os espaços de poder. “Considerando que essas desigualdades estão concentradas na população negra, é fundamental que ela seja protagonista dessas mudanças”. De acordo com ela, o Brasil criou o imaginário perverso de que negros são ótimos para trabalhar e incapazes de comandar, algo que precisa ser transformado.

Edição: Tereza Barbosa


Documentário conta histórias de religiosas do Candomblé na Bahia

Histórias de mulheres como Mãe Stella, Makota Valdina Pinto e a Ialorixá Jaciara Ribeiro, todas representantes religiosas do Candomblé, serão contadas no documentário “Mulheres de Axé: vozes contra a intolerância”. O lançamento do vídeo será realizado nesta segunda-feira (21), às 19h, no Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó (Casa de Òsùmàrè – Vasco da Gama), em Salvador.

Realizado pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), o filme documenta a história de mulheres religiosas do Candomblé que são “símbolo da luta contra a intolerância religiosa no estado”.

“O documentário traz depoimentos que situam o público no debate sobre a intolerância, mesclando com as histórias de vida de personalidades que empenham esta luta em seu dia-a-dia e abordando o significado do dia 21 de janeiro, as dificuldades enfrentadas em suas vidas pessoais por serem do Candomblé, suas experiências vividas com empreendedorismo como mecanismo de sobrevivência”, divulga a produção do documentário.

A data, oficializada pela Lei nº 11.635 como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é emblemática para o povo de santo por homenagear a Ialorixá Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, que teve seu Terreiro, no bairro de Itapuã, invadido por evangélicos em ato de intolerância religiosa, em 2001.

Projeto – O filme integra o projeto “Mulheres de Axé”, catálogo ilustrativo que retrata a história de 150 Terreiros de Candomblé em Salvador, liderados por mulheres (Ialorixás), com o intuito de promover a trajetória biográfica destas sacerdotisas em torno da manutenção da crença africana em solo brasileiro. O projeto é assinado pelo CEN e pelo Ilê Axé Abassá de Ogum e conta com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM), da Promoção da Igualdade (Sepromi) e Casa Civil.

O documentário “Mulheres de Axé” conta ainda com depoimentos da professora Vanda Machado, egbomi do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Rita Santos presidente da Associação das Baianas do Acarajé (ABAM), Egbomy Nice, do Terreiro da Casa Branca, a ialorixá do Gantois, Mãe Carmen e a empreendedora Alaíde do Feijão. A trilha sonora é da cantora Marcia Short.

Fonte: Redação Correio Nagô

Fonte de consulta Blog RSC: Fundação Cultural Palmares

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ausência de negros nas esferas decisórias leva à falta de políticas públicas específicas


Rio de Janeiro – A baixa representatividade da população negra nas esferas de poder leva ao círculo vicioso da falta de acesso a esses postos e também à dificuldade de evolução na escala social.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE), quando uma pessoa de pele escura evolui na escala social, mais barreiras ele tem para desfrutar da condição conquistada.

Ele lembra que não se pode deixar de lado o fato de que as práticas sociais existentes, independentemente das condições econômicas, não favorecem a mobilidade social ascendente da população negra. “Porque no Brasil houve uma espécie de consenso de que as melhores posições deveriam ser ocupadas por um determinado grupo de cor e um determinado grupo de sexo. E que as outras funções sociais de menor destaque, as mais precárias, essas sim, poderiam ser exercidas por pessoas negras.

Na opinião do professor, não pode ser acaso que entre cantores e jogadores de futebol se encontrem tantos negros de destaque e em funções como na Confederação Nacional da Indústria e no Congresso Nacional não haja quase nenhum. “A abolição se deu há mais de 100 anos, já teria dado tempo de uma mudança ter se processado no país, se não existissem essas outras barreiras”.

A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, lembra que essa dificuldade de acesso dos negros à estrutura de poder leva à falta de discussão da pauta política racial.

“Os direitos e os interesses da população negra não conseguem chegar na estrutura de poder. A crença nossa é que você tendo essas pessoas ocupando espaços de poder, elas têm condições de [atender] as necessidades dessa população. Não tem um olhar com esse corte específico, quer dizer, a pauta política, de uma maneira geral, não atende a população negra, porque você não tem pessoas que defendam essa pauta”.

A deputada federal Benedita da Silva vai além. Para ela, a exclusão prejudica o desenvolvimento de todo o país.

“Como você perde um segmento que tem uma cultura forte, expressiva no campo da economia, da política, da ciência, da tecnologia. Os negros que vieram [para o país durante a escravidão] não eram analfabetos, como tentam passar historicamente. Tinham conhecimento [e havia entre eles alguns que eram] até reis e rainhas nos seus países respectivos, com sua língua, suas tradições”.

Para Benedita, a representação racial na política tem melhorado, mas ainda esta muito longe do que seria ideal. Ela acredita que o negro está brigando mais para conquistar mais espaço, mas ainda está muito aquém dessa representação.

“Você ainda pode dizer: fulano está ali, sicrano está lá. É uma conquista, não deixa de ser, mas você ainda pode [contar essas pessoas] nos dedos das mãos. O que nós buscamos é que daqui a um pouco mais seja uma coisa tão natural que não dê para [contar].”

Para a secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, a dificuldade começa com a falta de acesso a diversos mecanismos que facilitam a entrada no poder político, como o ensino superior.

“Na vida da população negra o acesso ao ensino superior foi mais difícil. Essa realidade começa a ser mudada com a política de cotas. O acesso a determinadas oportunidades de cargos públicos também foi mais difícil, tem sido ainda mais difícil para a população negra”.

Ângela diz que a expectativa com a lei de cotas, que passa a ser agora para todas as universidades e institutos federais, aumente mais a participação da juventude que está acessando a universidade a outros cargos, “inclusive ao poder político”.

Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de pretos que frequentavam o ensino superior subiu de 2,3% no ano 2000 para 8,4% em 2010. Entre os pardos, o número passou de 2,2% para 6,7%.

Edição: Tereza Barbosa


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