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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Consulta - Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas

O Marco de Referência de Educação Popular para as Políticas Públicas está aberto para contribuições em seu texto, até o dia 16 de janeiro de 2014. Participe e mobilize os agentes sociais para participarem também. Esta consulta faz parte do processo de participação da Política Nacional de Educação Popular, que tem a trilha completa explicitada abaixo.

Participe!

Esta é a trilha de participação da Política Nacional de Educação Popular. Neste espaço será possível participar da construção coletiva desta proposta de política pública, voltada para o fortalecimento de práticas de educação emancipatórias.

A proposta é uma iniciativa da Secretaria Geral da Presidência da República a partir do Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã, que objetiva complementar o debate sobre a participação social na formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas e fortalecer práticas educacionais emancipatórias.


A trilha terá 3 passos de participação.
O primeiro passo é de contribuição com o texto do Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas.
O segundo passo é um forum de debate sobre educação popular como política pública, em que cada pessoa interessada pode dar sua contribuição.
O terceiro passo é da consulta pública da Política Nacional de Educação Popular que será aberto em breve.
Veja como funciona cada passo abaixo.

Passos:
Passo 1
1 de 16 de Dezembro de 2013 até 16 de Janeiro de 2014 Participe!
MARCO DE REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO POPULAR PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS

As contribuições e comentários devem ser feitos nos balões ao final de cada capítulo.
 Alguns capítulos de caráter extra-textual não tem balões para comentários, o que não impede que comentários sejam feitos ao final do texto sobre o conjunto do texto.
 Complementarmente ao debate a ser levantado a partir dos comentários há um forum de debates no passo 2 desta trilha de participação.
 Todo comentário é muito bem vindo. 

Ferramenta: MARCO DE REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO POPULAR PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Passo 2
2 de 14 de Janeiro até 4 de Junho de 2014 Participe!
Forum de Debate - Educação Popular como Política Pública

Este é o espaço criado para debate livre e democrático sobre as possibilidades e os limites da educação popular como política pública.
 Os debates se organizam em tópicos que podem ser criados por qualquer participante.

Ferramenta: Educação Popular como Política Pública

Passo 3
3 de 27 de Fevereiro até 14 de Junho de 2014 Em breve
Consulta - Política Nacional de Educação Popular
Consulta pública da Política Nacional de Educação Popular.

Com informações do Portal Participa BR

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

5a Conferência Nacional de Saúde Indígena

A 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena tem como objetivo aprovar diretrizes para as políticas de saúde executadas nas aldeias, por parte dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) que integram o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Além disso, a conferência é um espaço para debates sobre a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
As conferências de saúde são espaços amplos e democráticos de discussão, avaliação e proposição de novas políticas de saúde.
A 5ª CNSI tem início em abril, com etapas locais. Posteriormente, serão feitas 34 conferências na etapa distrital em preparação para a etapa nacional, programada para o período de 02 a 06 de dezembro de 2013, em Brasília.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Juventude: Circulação ou Evasão?

 
 A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República convida para o evento Circulação ou evasão? Por um desenho mais adequado de ações públicas de juventude.

O encontro visa compreender características próprias dos jovens que podem exercer influência sobre suas emoções, comportamentos e, principalmente, nas suas decisões. Tendo em vista que a juventude é uma etapa em que se realizam importantes escolhas que irão repercutir durante a vida, os altos índices de rotatividade, evasão e abandono de atividades convivem com a necessidade de experimentação inerente a essa faixa etária.

Para responder questões que estão por trás da ampla circulação dos jovens, a SAE/PR convidou renomados especialistas nas áreas de neurologia, psicologia cognitiva e tecnologia da informação e inovação para debater sobre o que a ciência sabe sobre aspectos fisiológicos e comportamentais dos jovens de 15 a 29 anos e sua relação com o processo de tomada de decisões. Com isso, espera-se alcançar um melhor entendimento sobre o engajamento do jovem em atividades e a adequação das políticas públicas específicas para a juventude.

O evento ocorrerá no dia 21 de novembro, quinta-feira, a partir das 9h, no Auditório da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).


Data: 21/11/2013 – Quinta-feira
Horário: 9h
Local: Auditório da ENAP, Brasília.
Confirme sua presença
Eventos são melhores quando seus amigos estão presentes.
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Informações:
Telefone: (61) 3411-4672
Correio eletrônico:

 
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Apenas um prefeito de capital eleito em 2012 é negro


Rio de Janeiro – João Alves Filho, do Democratas, é o único negro entre os prefeitos de capital que tomaram posse no dia 1º de janeiro. Ele volta ao cargo em Aracaju (SE), depois de ter sido prefeito da cidade na década de 1970 e governador do estado em duas ocasiões.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) lembra que, no Brasil, poucos negros exercem funções de destaque. Essa mudança de paradigma já ocorreu nos Estados Unidos, que reelegeram um negro para a presidência.

“O Barack Obama é produto de uma coisa que mudou nos Estados Unidos, que foi o acesso da população negra aos espaços sociais mais prestigiados. A política eu não diria que foi [a área] mais privilegiada dessa mudança não, mas [isso se observa] no acesso às universidades, a grandes empresas, na mídia, há uma visibilidade pública maior. E isso acaba favorecendo que as pessoas achem menos estranho ter pessoas diferentes, de pele escura, exercendo funções de comando”.

Paixão lembra que os Estados Unidos têm uma história que se inicia com a guerra civil e passa pelo período das leis segregacionistas, o que nunca ocorreu no Brasil. Mesmo assim, os norte-americanos produziram um presidente de evidente origem negra e o Brasil não.

Para a deputada federal Benedita da Silva, apesar de o Brasil ainda não eleger muitos negros, outras lutas e representações sociais importantes foram alcançadas nos últimos anos.

“Os Estados Unidos já elegeram e reelegeram um negro para a presidência. E o Brasil ainda não conseguiu, mas já elegeu um operário, elegeu uma mulher, penso que estamos avançando, porque são lutas muito importantes também, e a cada dia vemos esses movimentos crescer e serem representados. Creio que daqui a pouco a comunidade negra vai estar em outro patamar”

Para a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) Eliana Graça, o problema é cultural e histórico, envolvendo a disputa do poder.

“Os negros não se candidatam não é por que não têm competência, não é bem isso. Primeiro que você tem uma cultura na sociedade que é machista e racista, né, então nós ainda não conseguimos derrubar esse racismo, nós temos uma história de submissão da raça negra, a questão da escravidão, que a gente não superou totalmente”.

Eliana considera que houve avanços, mas os próprios partidos políticos não oferecem oportunidades iguais de acesso às candidaturas. Além disso, ela destaca que os negros são a parcela da população que tem menos acesso à renda e a um bom trabalho.

“Com essas campanhas milionárias, como é que os negros concorrem, sem ter o financiamento público de campanha? Porque hoje se elege quem tem dinheiro”.

A secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, afirma que, se por um lado existe a ideia de que os negros são importantes na vida da sociedade brasileira, por outro eles não são vistos como tendo as mesmas condições dos brancos para ocupar os espaços de decisão.

“Se nós somos um Brasil que sempre foi colocado como miscigenado e se há uma participação bastante expressiva da população negra, porque há sub-representação da população negra nessas instâncias [de poder]?”

Para Ângela, se todos são iguais, os negros também podem dividir igualmente os espaços de poder. “Considerando que essas desigualdades estão concentradas na população negra, é fundamental que ela seja protagonista dessas mudanças”. De acordo com ela, o Brasil criou o imaginário perverso de que negros são ótimos para trabalhar e incapazes de comandar, algo que precisa ser transformado.

Edição: Tereza Barbosa


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ausência de negros nas esferas decisórias leva à falta de políticas públicas específicas


Rio de Janeiro – A baixa representatividade da população negra nas esferas de poder leva ao círculo vicioso da falta de acesso a esses postos e também à dificuldade de evolução na escala social.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE), quando uma pessoa de pele escura evolui na escala social, mais barreiras ele tem para desfrutar da condição conquistada.

Ele lembra que não se pode deixar de lado o fato de que as práticas sociais existentes, independentemente das condições econômicas, não favorecem a mobilidade social ascendente da população negra. “Porque no Brasil houve uma espécie de consenso de que as melhores posições deveriam ser ocupadas por um determinado grupo de cor e um determinado grupo de sexo. E que as outras funções sociais de menor destaque, as mais precárias, essas sim, poderiam ser exercidas por pessoas negras.

Na opinião do professor, não pode ser acaso que entre cantores e jogadores de futebol se encontrem tantos negros de destaque e em funções como na Confederação Nacional da Indústria e no Congresso Nacional não haja quase nenhum. “A abolição se deu há mais de 100 anos, já teria dado tempo de uma mudança ter se processado no país, se não existissem essas outras barreiras”.

A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, lembra que essa dificuldade de acesso dos negros à estrutura de poder leva à falta de discussão da pauta política racial.

“Os direitos e os interesses da população negra não conseguem chegar na estrutura de poder. A crença nossa é que você tendo essas pessoas ocupando espaços de poder, elas têm condições de [atender] as necessidades dessa população. Não tem um olhar com esse corte específico, quer dizer, a pauta política, de uma maneira geral, não atende a população negra, porque você não tem pessoas que defendam essa pauta”.

A deputada federal Benedita da Silva vai além. Para ela, a exclusão prejudica o desenvolvimento de todo o país.

“Como você perde um segmento que tem uma cultura forte, expressiva no campo da economia, da política, da ciência, da tecnologia. Os negros que vieram [para o país durante a escravidão] não eram analfabetos, como tentam passar historicamente. Tinham conhecimento [e havia entre eles alguns que eram] até reis e rainhas nos seus países respectivos, com sua língua, suas tradições”.

Para Benedita, a representação racial na política tem melhorado, mas ainda esta muito longe do que seria ideal. Ela acredita que o negro está brigando mais para conquistar mais espaço, mas ainda está muito aquém dessa representação.

“Você ainda pode dizer: fulano está ali, sicrano está lá. É uma conquista, não deixa de ser, mas você ainda pode [contar essas pessoas] nos dedos das mãos. O que nós buscamos é que daqui a um pouco mais seja uma coisa tão natural que não dê para [contar].”

Para a secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, a dificuldade começa com a falta de acesso a diversos mecanismos que facilitam a entrada no poder político, como o ensino superior.

“Na vida da população negra o acesso ao ensino superior foi mais difícil. Essa realidade começa a ser mudada com a política de cotas. O acesso a determinadas oportunidades de cargos públicos também foi mais difícil, tem sido ainda mais difícil para a população negra”.

Ângela diz que a expectativa com a lei de cotas, que passa a ser agora para todas as universidades e institutos federais, aumente mais a participação da juventude que está acessando a universidade a outros cargos, “inclusive ao poder político”.

Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de pretos que frequentavam o ensino superior subiu de 2,3% no ano 2000 para 8,4% em 2010. Entre os pardos, o número passou de 2,2% para 6,7%.

Edição: Tereza Barbosa


Ministro Padilha convida gestores de saúde para encontro em Brasília


O Ministério da Saúde receberá em Brasília, entre os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, as secretárias e os secretários municipais de saúde para encontro de acolhimento aos novos gestores da área. Durante o evento serão apresentadas as principais políticas e linhas de financiamento do Ministério para os municípios brasileiros.

As inscrições para o evento podem ser feitas entre 14 e 25 de janeiro, no Portal da Saúde, e devem ser confirmadas até o dia final. Após essa data, a inscrição será feita apenas no local do evento. Os secretários e secretárias municipais de saúde terão prioridade nas inscrições e direito à hospedagem e alimentação.  Demais gestores podem fazer a inscrição e participar do evento, porém não terão direito à hospedagem e alimentação, com exceção para os casos em que estiverem representando o secretário ou a secretária.

Participe e conheça como funcionam os repasses, contratos e convênios entre o Ministério da Saúde e o seu município e saiba como estabelecer novas parcerias.


Encontro de Prefeitos - O governo federal vai realizar, de 28 a 30 de janeiro, em Brasília, o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas – Municípios fortes, Brasil sustentável. O evento, coordenado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, vai reunir gestores municipais de todo o País, novos e reeleitos. O objetivo é estabelecer parcerias para promover o crescimento econômico do país com inclusão social, equilíbrio ambiental e participação cidadã.

Ouça a matéria da Web Rádio Saúde: 


Assista ao convite do ministro Alexandre Padilha aos secretários e secretárias de saúde municipais de saúde:




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Debate sobre os direitos da população negra proposto pela ONU coincide com os 10 anos de criação da Seppir


Rio de Janeiro - A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, no dia 13 de dezembro, resolução propondo o período de 2013 a 2022 como a Década do Afrodescendente. O documento ainda precisa ser ratificado pela Assembleia Geral das Nações Unidas para a campanha ser proclamada oficialmente, mas a ideia é aprofundar o debate sobre os direitos da população negra e contra o racismo e a discriminação racial.

A discussão vem no momento em que o Brasil comemora os dez anos da criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Segundo a secretária de políticas de ações afirmativas do órgão, Ângela Nascimento, nesse período foram implantadas ações de política de igualdade racial nos estados e municípios, mas a participação política dos negros ainda precisa ser impulsionada.

“A gente está trabalhando um conjunto de propostas dentro do programa de ações afirmativas, a ser lançado; Embora o programa não esteja focado em participação política, nós queremos reforçar a importância das ações afirmativas para impulsionar o aumento dessa participação política dos homens e mulheres negras”.

O coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Paixão, lembra que, apesar participar intensamente nos movimentos sociais, a população negra não consegue ter representação eleita.

“É muito difícil para o movimento popular se representar no parlamento porque você tem que ampliar a zona de alcance de um candidato para além daquele público específico. Você tem que atingir um público que tem outro porte de preocupações. Então o fato é que o movimento negro se fortaleceu, mas a representação parlamentar, não”.

De acordo com Paixão, um negro que se candidata enfrenta o mesmo problema que qualquer negro ou negra que procura uma profissão de maior destaque e remuneração na sociedade, posições mais facilmente aceitas quando ocupadas por brancos.

“Acho que a importância da gente ter na vida política a representação proporcional à própria população decorre da importância que temos de imaginar que todas as pessoas que fazem parte de um país têm contribuições a dar”.

Para o coordenador, uma barreira para o acesso a um sistema de representação por conta de alguma característica como cor da pela, sexo, sotaque, ou o que for, significa que se pode estar descartando pessoas boas no que fazem e isso acaba sendo uma perda para o país como um todo.

Paixão acredita que uma solução para o problema pode vir com a reforma política. A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) Eliana Graça, defende a inclusão de cotas raciais nas candidaturas, como já ocorre com a participação feminina.

“Nós temos uma proposta de reforma política que tem uma série de princípios. A gente defende aquela lista partidária pré-ordenada. No caso são as eleições proporcionais, o partido teria que definir a lista com alternância de sexo e o critério de composição da lista teria que observar também o critério étnico-racial de acordo com a expressividade daquela população naquela região, naquele estado”.

A deputada federal Benedita da Silva também defende que as cotas raciais nas candidaturas entrem na reforma política. Para ela, a representação deve ser proporcional à população.

“Nós somos a população majoritária. No processo democrático e dentro da pluralidade, é evidente que ter negros em todos os espaços seria uma coisa que deveríamos encarar como natural, praticamente uma coisa automática, [mas não é assim]. Essa é a primeira importância: direitos iguais com pessoas diferentes”.

A reforma política envolve uma série de projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Entre os pontos em discussão estão a mudança do dia da posse de presidente, governadores e prefeitos, que atualmente é no dia 1º de janeiro do ano seguinte à eleição, e a unificação das eleições municipais com a federal e as estaduais. Dessa forma, os brasileiros iriam às urnas a cada quatro anos, e não de dois em dois, como é hoje.

Edição: Tereza Barbosa

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

TSE poderá ter estatística sobre raça e cor de candidatos nas eleições de 2014


Rio de Janeiro – O Tribunal Superior Eleitoral não tem estatísticas sobre o número de negros na política brasileira, nem políticos eleitos nem candidatos. A dificuldade para levantar o dado é que a autodeclaração de raça/cor, já incluída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, não entra na ficha de registro das candidaturas.

Depois de questionamento da Agência Brasil sobre o levantamento e a falta de dados, o tribunal informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o grupo responsável pela avaliação das últimas eleições passou a considerar a inclusão do item raça/cor no processo eleitoral.

O TSE informou que depois de uma eleição inicia os preparativos para a próxima com uma série de avaliações das práticas que devem ser mantidas e as que podem ser aprimoradas. Segundo o tribunal, a sugestão de agregar ao sistema de registro de candidaturas a opção para o candidato declarar a sua cor foi encaminhada ao grupo de estatística, que está analisando a viabilidade e o formato da produção desse dado para as Eleições 2014.

A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, diz que a entidade tentou implantar a medida por meio de articulação no Congresso Nacional, mas não obteve sucesso.

“É uma batalha [nossa de] um bom tempo, tentando convencer os parlamentares de que isso tinha que entrar na minirreforma política de 2009, [na qual foram feitas] algumas proibições, se regulamentou alguma coisa das campanhas. Uma das coisas que nós queríamos naquela época era que constasse na lei a obrigatoriedade, na hora da inscrição do candidato, da autodeclaração de cor/raça”.

De acordo com ela, a negativa demostra o preconceito existente no parlamento brasileiro. Eliana disse que os parlamentares não aceitaram a sugestão “porque têm medo que aparece uma cota”, da mesma forma que tem a cota para mulheres.Segundo ela, os parlamentares foram taxativos: “não, esse negócio de botar na ficha, daqui a pouco vem uma cota”.Eliana acredita que isso “é o receio, o medo mesmo que o pessoal tem, de você mudar o perfil do parlamento”.

Para o coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Paixão, conhecer a atual situação dos negros na política é fundamental para aumentar a participação deles nas esferas decisórias do país.

“É necessário mapear não apenas quem são os eleitos, mas quem não foi eleito, quem está disputando, desde o partido nanico até o partido grandão”. Paixão acredita que seria necessário cruzar a cor das pessoas com a sua condição econômica, para saber de que forma isso tem peso na possibilidade de eleger-se. Quer dizer, a gente tem uma agenda pela frente, mas sem informação, estatística confiável, fica difícil. Por isso a gente acha que ajudaria se o TSE [informasse] a cor do candidato, como o IBGE já faz em toda pesquisa demográfica”.

Paixão é um dos organizadores do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, que fez um levantamento em 2007 sobre o número de negros no Congresso Nacional, com base no registro fotográfico.

A deputada federal Benedita da Silva reforça a necessidade de mapear a situação étnica em todas as esferas do país. Para ela, essa é uma forma de identificar as etnias no país. “É fundamental para nós”. Benedita defende que em todos os registros dos cidadãos deveriam constar a informação sobre a cor. “Eu até apresentei um projeto nessa direção, não só [no que diz respeito às] cotas nas universidades, mas que o quesito cor esteja em todo e qualquer registro que a pessoa tenha que fazer”.

A secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, diz que é um pedido do órgão que todos os formulários usados  pelo governo federal passem a incorporar informações sobre raça/cor e que para se estenda essa prática ao Legislativo e ao Judiciário.

Para Ângela, será fundamental que o Tribunal Superior Eleitoral incorpore os dados sobre raça/cor em todos os seus formulários, já que uma dificuldade que da Seppir encontra hoje no campo da pesquisa é saber o percentual de negros no poder político, no Legislativo, principalmente.

Ângela destaca que a participação de pretos e pardos nas candidaturas tem que vir da sociedade, no momento em que reconhece a importância dos negros para o país. Para ela, essa participação vai garantir a incorporação de ações afirmativas que vão contribuir para diminuir as desigualdades no país.

Edição: Tereza Barbosa// Matéria atualizada às 11h12 do dia 21/01/2013 para adequação do título. Foi trocada a expressão passará por poderá


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Representação no Congresso não corresponde à proporção de negros na população


Rio de Janeiro – Enquanto no Brasil a proporção de negros na população ultrapassa os 50%, entre pretos e pardos, na Câmara dos Deputados a proporção fica em 8,9%, com 46 dos 513 representantes do povo. Apesar de ruim, o quadro melhorou nas últimas décadas.


De acordo com o primeiro Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, publicado em 2008, na legislatura de 1983 a 1987 havia apenas quatro deputados negros. O número passou para 10 de 1987 a 1991, para 16 entre 1991e 1995 e caiu para 15 entre 1995 e 1998. O levantamento feito com base nos empossados em janeiro de 2007 mostra 11 deputados pretos, dos quais uma mulher, e 35 pardos, com duas mulheres. A publicação ressalta que 8,9% dos deputados eram negros, quando a proporção na população em 2006 era 49,5%.

No Senado, de 1987 a 1994 o único representante negro foi Nelson Carneiro. De 1994 a 1998 assumiu o mandato Abdias Nascimento e, de 1995 a 2002, a casa contou com Benedita da Silva e Marina Silva, as primeiras senadoras afrodescendentes do Brasil. Em 2007, haviam quatro senadores pardos e um preto. Na legislatura atual, entre os 81 senadores, o único que se autodeclara negro é Paulo Paim.

Um dos organizadores do relatório, o coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Paixão, explica que a análise apresentada no relatório foi feita com base em registro fotográfico, mas que não houve qualquer contestação ao método ou ao resultado.

“Não há contestação ao fato de que 92% do Congresso Nacional são formados por pessoas de pele clara, isso é uma coisa óbvia, você olha do alto do plenário do Congresso e vê os que estão lá presentes”. De acordo com ele, esse levantamento não foi feito na publicação seguinte, lançada em 2011, mas a realidade não mudou muito nesse período.

“Talvez não me surpreenderia se a realidade mostrada em 2008 tenha ficado ainda pior. A gente está começando a ter uma carência no Brasil de personalidades negras com capacidade efetiva de se eleger, de terem mais espaço na cena pública, com maior visibilidade. Nomes como Paim, Vicentinho, Benedita, todos recuaram muito. Veio a figura do Joaquim Barbosa, mas em outro eixo, uma outra forma, não dá para comparar muito o contexto. Então, a realidade descrita ali [no relatório] continua válida”.

De acordo com a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), atualmente há 30 negros na Câmara. Para ela, o problema atual da baixa representação vem de um processo histórico que começou com a escravidão.

“Mas isso não é uma coisa que a gente possa construir facilmente. Tem todo um processo que nós entendemos como sendo fatores que implicaram a pouca presença da comunidade negra, principalmente nesses espaços políticos, que são espaços de decisões e, sendo [assim], não são espaços caracterizados para negros ou afrodescendentes”.

Ela lembra das lutas desde Zumbi dos Palmares, a Revolta da Chibata, a dos Alfaiates e movimentos abolicionistas que levaram, pouco a pouco, à conquista de espaço.

“Hoje, na República, por exemplo, nós vamos encontrar o negro não só lutando por sua cultura, por sua identidade, mas por um espaço mais de poder, mais de decisão. E é evidente que essa construção está sendo feita. Hoje você tem, são poucos, mas você tem alguns negros que conseguiram superar essas fases e já estão aí nesses espaços construindo possibilidades e pautando esse caminho”.

Para a secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, o problema da representatividade é ainda mais grave entre as mulheres. Ela acha que são necessárias ações afirmativas para corrigir as desigualdades.

“A gente compreende que, diante da participação da população negra, do significado da população negra na história deste país, é necessário que haja medidas que corrijam a sub-representação das mulheres negras nos cargos políticos. É fundamental que a gente atue para que elas tenham uma participação capaz de reverter esse quadro de desigualdade”.

Segundo levantamento do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as mulheres pretas, pardas e indígenas são a maioria entre os 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que não trabalham nem estudam no país. Elas somam 2,2 milhões, correspondente a 41,5% desse grupo. Do total de jovens brasileiros nessa faixa etária (27,3 milhões), as negras e indígenas representam 8%, enquanto as brancas na mesma situação chegam a 5% (1,3 milhão).

Edição: Tereza Barbosa


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Arquivo de notícias: Inclusão dos Povos Ciganos pelo Estado



"É importante que o Estado comece a incorporar grupos ciganos como parte do Brasil", afirma o  procurador Luciano Mariz Maia, responsável por uma audiência pública no Senado nesta quarta-feira (12), em Brasília, com a presença de integrantes da comunidade cigana e autoridades. 

Entre os principais temas a serem debatidos, estão seu direito ao acesso à saúde, à assistência e previdência social, ao reconhecimento e valorização dos modos de ser e viver e a luta contra a discriminação.  Inclusive, inexiste no país um censo populacional específico sobre o grupo.

O pedido para a realização da audiência foi encaminhado por Maia, que é subprocurador-geral da República e Procurador Federal dos Direitos do Cidadão/ Adjunto para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, presidida pelo senador Paulo Paim (PT).

"O diferencial dessa audiência em relação às anteriores é que ela está baseada em um referencial teórico mais consistente e mais objetivo, a partir das reflexões do antropólogo Frans Moonen, que estudou durante 20 anos a cultura cigana e também com base em estudos acadêmicos. Dessa forma, a presença dos interlocutores do Estado  podem ajudar na viabilização das questões mais urgentes para a população cigana", disse o procurador ao UOL. 

A reunião é tida como uma grande conquista para os ciganos e tem como objetivo dar visibilidade e inserir na agenda política programas voltados a comunidades e organizações representativas dos ciganos  no Brasil.

"Acreditamos que essa iniciativa da PFDC [Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos] em conjunto com a Comissão de direitos Humanos no Senado seja capaz de dar um direcionamento mais efetivo a essas questões - e são várias, disse Elisa Costa, cigana do clã Kalderash e presidente da AMSK (Associação Internacional Maylê Sara Kali), entidade presente em vários países e que difunde a cultura cigana. " A AMSK acredita no diálogo como forma de instrumento para o reconhecimento da cidadania", declarou.

Sobre estudos populacionais, a professora Silvany Euclênio, secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial),  afirma que a Secretaria, em parceria com o Programa Interagencial de Gênero Raça e Etnia / ONU, contratou uma consultoria para a elaboração de um mapeamento preliminar das principais rotas de itinerância cigana no Brasil, a localização dos grupos sedentários, bem como a estimativa da população.

"Este produto nos dá condições para traçar um plano para o mapeamento mais detalhado.  Acreditamos que em 2013 já teremos condições de desenvolver um instrumento, envolvendo diversos ministérios, para coordenar um conjunto de ações que atendam às demandas prioritárias", afirma Euclênio.

Lembrando que, em 2009, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fez um breve levantamento da situação de municípios, nos quais há presença de acampamentos ciganos.  Segundo o estudo, cerca de 290 municípios reconheceram a existência de acampamentos ciganos em seu território.

Também foram convidados para participar do encontro autoridades e representantes da Seppir, o IBGE, os Ministérios da Educação, Saúde, Justiça, Previdência e Assistência Social, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério da Cultura, além da Secretaria de Direitos Humanos.      

Falta de acesso à saúde  
Euclênio afirma que diversas medidas voltadas ao povo estão em andamento no âmbito do governo federal. "A Seppir coordenou reuniões interministeriais em 2012, tratando da pauta cigana. Como exemplo, podemos citar o Ministério da Saúde, que publicou portaria 940, de 28 de abril de 2011, no artigo 23, parágrafo 01, que libera os povos ciganos da apresentação de comprovante de endereço para acessar o SUS, e tem realizado capacitação dos agentes da saúde para o atendimento a esta população", disse.

Para Nicolas Ramanush, presidente da ONG Embaixada Cigana do Brasil, embora uma das poucas conquistas do povo cigano tenha ocorrido no governo Lula, como a criação, em 2006, do Dia Nacional do Cigano, celebrado em 24 de maio, as medidas como a política diferenciada em sistema de saúde para os ciganos "apenas funcionam no papel", na prática a situação é mais complexa.

"Há dois anos, a minha mulher e eu conhecemos um idoso diabético que teve atendimento recusado no posto de saúde, pois não tinha documento. Ele vivia em acampamento, seus antepassados sempre viveram dessa forma, sem certidão de nascimento e/ou carteira de identidade, por exemplo", disse. Em 2012, Ramanush conquistou o Prêmio Betinho Atitude Cidadã, por causa dos trabalhos realizados junto a comunidades carentes de origem cigana.

Ramanush explicou que, segundo as tradições ciganas, após o cumprimento do período de luto, os parentes evitam falar sobre a pessoa falecida. Todos os pertences do idoso foram queimados juntamente com a sua barraca. "Para quem não é cigano, pode parecer estranho essa prática, mas tudo isso demonstra que o povo cigano não se prende ao passado, apenas segue em frente com foco no presente", disse.

De acordo com o Ministério da Saúde, os postos de saúde são obrigados a atender todos os ciganos, sem que haja a necessidade de apresentar quaisquer documentos. A assessoria de imprensa do órgão informou que se houver a negativa de atendimento por falta de documento, é necessário que os pacientes entrem em contato com as ouvidorias do SUS, através do telefone 136 ou por meio do portal do Ministério da Saúde.

Grupo historicamente invisibilizado
Apesar do esforço, Euclênio concorda com a falta de políticas públicas efetivas para os ciganos. "Sem dúvida as demandas dos povos de cultura cigana constituem uma pauta relativamente recente  para o Estado brasileiro. Os ciganos fazem parte daqueles segmentos populacionais historicamente invisibilizados, como ocorreu com outros povos e comunidades tradicionais no Brasil. Muitas vezes, esses grupos populacionais optaram pelo distanciamento das estruturas formais de poder, numa estratégia de manutenção da sua identidade étnica", disse.

Ramanush, por sua vez, critica a "ideia de integrar" os ciganos ao contexto social brasileiro. "Hoje se fala em integração da população cigana, mas a maioria já está integrada na sociedade exercendo diversas profissões. Nós até já tivemos um presidente cigano, o Juscelino Kubitschek (1956-1961). O que precisamos é de medidas para ajudar os ciganos que vivem à margem da sociedade", declarou.  

Origem e preconceito     
Não existem dados concretos a cerca da origem exata do grupo, mas estudos indicam que os primeiros ciganos vieram da Índia, especialmente por causa do romani (idioma praticado pela maioria dos ciganos) que traz semelhanças com o hindi (língua derivada do sânscrito).  

Na Europa e nos Estados Unidos a palavra  "gipsy"- cigano-, é evitada por estudiosos por apresentar caráter pejorativo, sendo adotado o termo "roma".  Basicamente os ciganos se dividem em três grupos denominados Rom, Sinti e Calon.   

O preconceito em relação ao grupo é registrado desde a chegada dos primeiros ciganos ao continente europeu no século 15.  Os hábitos do povo nômade, as vestimentas e o idioma logo causaram desconfiança nos Estados europeus com o reforço dos primeiros estigmas.   

O antropólogo Frans Moonen menciona no livro "Anticiganismo e Políticas Ciganas na Europa e no Brasil"  que "a ignorância se manifesta principalmente nos estereótipos, nas imagens anticiganas. O preconceito, e no final a discriminação, costumam aparecer depois. Combater o anticiganismo exige, portanto, combater os estereótipos, os preconceitos e as discriminações anticiganas".

Ramanush afirma que na Europa os ciganos sofrem mais preconceito que no Brasil. "Aqui no país o reforço do estereótipo é muito mais intenso do que propriamente a discriminação. Cria-se o preconceito de que cigano é ladrão de criança. Sem mencionar também a generalização até por conta da mídia. Nas manchetes lemos: cigano mata, cigano rouba. Muitas vezes o tal suspeito nem é de origem cigana", disse. 

De acordo com a Eisa Costa da AMSK, por causa do preconceito, diversos profissionais  liberais oriundos de famílias ciganas  apenas falam da origem dentro da família ou a pessoas próximas.  Ela ainda afirma que há aqueles que "omitem a origem cigana em situações de risco, quando não podem mais ser identificadas pelas roupas tradicionais e etc... Assim como a existência de ciganos que assumem a origem sem quaisquer receios". 

Mulher cigana    
Em relação à condição da mulher cigana dentro do grupo, Elisa Costa, da AMSK, afirma que alguns grupos ciganos mantêm o conservadorismo calcado em tradições seculares. Muitas famílias cultivam o patriarcalismo, evidenciando o papel de submissão da mulher.  Em geral, segundo o costume, a cigana quando se casa passa a pertencer à família do marido e deve obediência também aos sogros. "É comum ver um homem se casando com gadji [não cigana], mas quando são mulheres que se relacionam com não ciganos, a coisa muda e tudo fica mais difícil," disse. Entretanto, nos dias de hoje, Elisa afirma que muitas mulheres "já estão no comando de famílias ciganas". Muitas delas conseguiram seguir na universidade e,  inclusive, no exercício de profissões diversas.

Arquivo de notícias: Políticas Públicas para povos ciganos



Políticas Públicas para Povos Ciganos

A falta de informação sobre as tradições e a forma de viver dos povos ciganos é o principal motivo de discriminação e preconceito contra o segmento.  A opinião foi dividida, de forma unânime, pelos participantes de audiência pública realizada hoje (12) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado e que contou com a participação dos Ministérios da Cultura, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, das Cidades, do Trabalho, da Saúde, além da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e da Subprocuradoria- Geral da República.  

A audiência, pedida pelo subprocurador-Geral e Procurador Federal dos Direitos do Cidadão/ Adjunto para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, e presidida pelo senador Paulo Paim (PT), foi realizada às 9 h, no Plenário 2, e debateu a situação dos Povos Rom, Calons e Sinti existentes no Brasil.

A audiência teve como objetivo dar visibilidade e inserir na agenda política as questões mais urgentes dos grupos e comunidades Calon, Rom e Sinti, com foco nos direitos à saúde, a assistência e previdência social e ao reconhecimento e valorização das suas expressões culturais.

Primeiro a falar na audiência pública, o procurador federal Luciano Mariz Maia relatou situações de conflitos entre ciganos e não ciganos, nas quais os primeiros foram responsabilizados apenas por carregarem rótulos de “vadios e desocupados”. Quando os fatos são apurados, disse, não há provas que confirmem tal responsabilidade.

De acordo com Cláudio Ivanovich, presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana de Curitiba, o preconceito vem de lendas e mitos sobre os ciganos, como o que associa esses grupos ao roubo de crianças. Ele afirmou ainda que o preconceito também é alimentado nas escolas, por meio dos próprios livros didáticos, que apresentam uma visão sempre negativa sobre os povos ciganos.

Marlete Queiroz, presidente da Associação Nacional da Etnia Calon, disse haver, inclusive, relatos de professores que falam em sala que os ciganos arrancam pernas e braços de crianças.

Para Luciano Maia, muito se deve as especificidades do modo de vida cigano, como a itinerância e o fato de viverem e se reproduzirem dentro de seus grupos, falando uma língua própria. “Como consequência, os ciganos dialogam com a sociedade sem se misturar, sendo sempre vistos como forasteiros ou estranhos, sempre de passagem. E o que não se conhece gera a desconfiança, gera o medo e o preconceito, que alimentam a discriminação”afirmou o procurador.

Invisibilidade

Marlete Queiroz também ressaltou problemas decorrentes da desinformação do próprio Estado. Ela lembrou, por exemplo, que não há no censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a opção para registro da origem cigana.

O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), anunciou que enviará ofício ao IBGE pedindo a inclusão dessa opção no censo e também a realização de levantamentos que ampliem as informações sobre as comunidades ciganas no Brasil.

Falta de acesso a políticas públicas

Os representantes dos grupos ciganos também relataram problemas de acesso a políticas públicas, como dificuldades de atendimento em hospitais públicos para integrantes das comunidades que não têm certidão de nascimento. “E em muitos casos, pela falta de endereço fixo, não é possível o acesso à educação”completou Marlete Queiroz, ao relatar obstáculo que resulta em alto grau de analfabetismo em muitos acampamentos ciganos.

 “O Estado esquece que a criança que nasce debaixo da tenda é, antes de tudo, um cidadão brasileiro, só depois vindo sua origem cigana”, ressaltou Cláudio Ivanovich.

Cultura Cigana

Presente ao debate, a secretária substituta da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Ione Carvalho, falou das ações que o MinC vem desenvolvendo para a valorização da cultura cigana. “A Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural vem buscando reforçar a oferta de alternativas para a promoção, difusão e valorização das culturas ciganas, por intermédio de ações que beneficiem diretamente o setor, criando assim oportunidades para que esses povos assumam definitivamente seu lugar de participação na produção e na identidade cultural brasileira”, afirmou Ione Carvalho.

Ela informou que o MinC coordena, por meio da SCDC, um Grupo de Trabalho, criado pelo Governo Federal em 2006, para desenvolver políticas públicas para o segmento. “Também criamos dois Editais Públicos “Prêmio Culturas Ciganas” com o objetivo de reconhecer iniciativas socioculturais exemplares voltadas para as expressões tradicionais e identitárias dos povos ciganos no Brasil”, informou a secretária substituta da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC.

De acordo com ela, as edições 2007 e 2010 do Prêmio Culturas Ciganas contemplaram iniciativas eminentemente ciganas nas áreas de: música, teatro, dança, audiovisual, oralidades, vestuário, ofícios tradicionais (joalheria, tacharia, gastronomia, ervateria, cartomancia e quiromancia), religiosidade (atividades e eventos festivos e ritualísticos), artesanato, práticas culturais em saúde, educação, estudos e pesquisas.

A Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Silvany Euclênio Silva, reconheceu que programas governamentais para comunidades ciganas são recentes. Ela informou, no entanto, que o governo federal tem buscado ações que articulem os diversos ministérios, como a parceria existente com o Ministério da Cultura, para dar maior efetividade ao apoio a essas comunidades.

Durante a audiência, O senador Paulo Paim (PT-RS) anunciou que realizará audiências públicas nos estados, ao longo de 2013, reunindo sugestões para elaboração de um estatuto dos povos ciganos.

(Redação: Heli Espíndola, com informações da Agência Senado)
(Fotos: José Cruz, Agência Senado)


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Arquivo de notícias: Carta do Cerrado propõe a criação do Conselho de Desenvolvimento Regional


Carta do Cerrado propõe a criação do Conselho de Desenvolvimento Regional


A criação de um Conselho de Desenvolvimento Regional, com caráter deliberativo, que viabilizará a sistematização e regulamentação das políticas regionais das unidades do Centro-Oeste; e também do Banco do Desenvolvimento Regional do Centro-Oeste. Essas são algumas das propostas que compõem a Carta do Cerrado, que sintetiza as propostas da 1ª Conferência Macrorregional de Desenvolvimento Regional do Centro-Oeste, realizada nos últimos três dias na Escola de Governo Henrique Santillo, em Goiânia. 

O evento teve início na última segunda-feira (12/11) e encerrou-se na tarde de hoje (14/11) com uma plenária que reuniu 50 delegados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Eles debateram as propostas da Região em grupos de trabalho. A promoção da Conferência Macrorregional é Ministério da Integração Nacional, com o apoio da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As propostas do Centro-Oeste serão apresentadas na Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, a ser realizada em Brasília, e vão contribuir para a elaboração do novo Plano Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).

Conforme a Carta do Cerrado, a estrutura econômica do Centro-Oeste está fortemente assentada na atividade agropecuária, mas apresenta uma incipiente atividade industrial. No Centro-Oeste convivem regiões de renda elevada e dinâmicas, como o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, o Sul Goiano e o Centro-Norte Matogrossense e as capitais do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul; com outras regiões economicamente deprimidas ou estagnadas, como o Entorno do Distrito Federal, o Nordeste Goiano, o Vale do Araguaia Matogrossense e o Centro-Norte-Sul Matogrossense.

“É essencial o estabelecimento de uma política urbana que contemple uma rede equilibrada de cidades para o suporte do desenvolvimento da Região”, diz o documento. A Carta do Cerrado defende que a escala do agronegócio baseada na exploração dos recursos naturais requer “a imediata implementação do Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE), como mecanismo de proteção ambiental.” Isso porque o Centro-Oeste tem biomas diferenciados, como cerrado, pantanal e floresta amazônica.

Investimentos
A Carta do Cerrado defende a ampliação dos investimentos de infraestrutura e logística que incorporem novas áreas produtivas, diversificando a matriz econômica da Região. Também ressalta que o Centro-Oeste requer o redirecionamento do seu modelo de desenvolvimento, de forma a estabelecer critérios de valorização das economias regionais, visando estimular os setores da agricultura familiar, agronegócio, agroextrativismo, comércio, indústria e serviços por ações de ciência, tecnologia e inovação. “Faz-se necessário o desenvolvimento de políticas de educação, saúde, segurança, cultura, lazer e promoção social, com o estabelecimento de polos de educação e pesquisas voltadas para a inclusão social e produtiva”, afirma o documento.

Os delegados da Conferência Macorregional recomendam que o Banco do Desenvolvimento do Centro-Oeste, instituição a ser criada, adote políticas voltadas para as pequenas e médias empresas, agricultura familiar e microempreendedores. Sobre a proposta de criação do Conselho de Desenvolvimento Regional, destacam que ele suprirá a falta de instrumentos de governança e se constituirá em um espaço de negociação para reforçar o princípio federativo.

Clique aqui e acesse a Carta do Cerrado

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