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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Arquivo de Notícias: Fundacentro e CTI debatem Saúde Mental

Fundacentro e CTI debatem Saúde Mental 

A Fundacentro e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer CTI, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, realizaram um evento conjunto no dia 19 de setembro, em Campinas.  A Manhã da Inovação teve como  tema  Trabalho e saúde mental: Impactos de fatores psicossociais na inovação.  A ação consolidou o início da parceria entre as instituições, com enfoque na sustentabilidade organizacional e na saúde e segurança do trabalhador.

A pesquisadora da Fundacentro e médica do trabalho, Maria Maeno, apresentou durante o evento os elementos adoecedores ligados ao ambiente de trabalho e as ações voltadas à saúde mental no âmbito dos ministérios da Saúde, do Trabalho, especialmente na Fundacentro, e na Previdência. Já Márcia Hespanhol, professora da PUC/Campinas, relatou algumas ações realizadas por empresas que não dão resultados.

Não podemos fazer uma divisão estanque entre saúde física e mental, afirma Maria Maeno. A médica explica que atividades perigosas, insalubres e penosas causam sofrimento psíquico. Outro problema é o trabalho fragmentado e repetitivo, que não possibilita o trabalho criativo.

Muitas estratégias  utilizadas pelas empresas geram um ambiente de ansiedade e pressão. O sistema de participação em lucros e resultados estimula a trabalhar mais em um cenário de metas crescentes. A tecnologia contribui para o aumento do tempo real do trabalho. As avaliações de desempenho trazem, muitas vezes, mensagens dúbias.

Os programas de qualidade, por sua vez, focam no produto e criam um ambiente de tensão para o trabalhador devido às auditorias. O mundo do trabalho é marcado pela exigência de multifuncionalidade, flexibilidade, sobrecarga e intensificação do ritmo. Isso tudo causa desgaste mental, avalia Maeno.

Os transtornos psíquicos abrangem doenças como depressão, burnout e alcoolismo. Segundo a OMS, 154 milhões sofrem de depressão e 91 milhões com abuso de álcool. No Brasil, houve 212.500 benefícios totais por transtornos mentais e comportamentais no ano de 2011. Já o número de benefícios acidentários por esses tipos de adoecimento foi de 13.757.

Diante da complexidade do processo de adoecimento mental, não podemos buscar respostas simplistas como programas motivacionais e ginástica laboral. Temos que mudar a organização do trabalho, conclui a pesquisadora da Fundacentro.


Da esquerda para direita: Márcia Hespanhol (PUC/Campinas), Marco Antonio Silveira (G.A.I.A – Grupo de Apoio a Inovação e Aprendizagem em sistemas organizacionais)/ CTI, Maria Maeno (Fundacentro).

Fonte: http://www.salariominimo.net/2012/10/02/fundacentro-e-cti-debatem-saude-mental/

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Arquivo de notícias: Fiocruz aponta riscos da mineração de urânio da Bahia

O Greenpeace já havia alertado para a contaminação da água potável da região por conta da mineração de urânio

A exposição a níveis elevados de radioatividade e as condições inadequadas de trabalho na mina de urânio de Caetité, na Bahia, oferecem riscos à saúde dos trabalhadores e da população que habita o entorno. A informação é dos pesquisadores Marcelo Firpo, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), subordinada à Fundação Oswaldo Cruz, e Renan Finamore, doutorando na mesma instituição.

Segundo eles, são comuns denúncias do sindicato dos trabalhadores na mina que pertence às Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), subordinadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que detêm o monopólio da exploração do urânio no país. Os trabalhadores relatam falta de transparência e de informações adequadas a respeito dos riscos, problema que é mais grave entre os terceirizados.

Sem receber o treinamento dado aos demais funcionários, fazem o mesmo trabalho, estão expostos aos mesmos riscos mas sem os mesmos direitos. Além disso, conforme os pesquisadores afirmam em entrevista ao site oficial da ENSP/Fiocruz, embora a INB negue, há relatos da falta de acesso aos resultados dos exames ocupacionais periódicos e aos dados de monitoramentos da qualidade das águas subterrâneas locais.

Estudos da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia apontam maior incidência de alguns tipos de câncer na região de Caetité. Já entidades locais relatam a percepção que a população tem de um aumento de casos da doença após o início da mineração de urânio, em 2000, e de que houve acidentes que poderiam, em tese, vir a elevar os níveis de exposição acima do limite aceitável.

Os pesquisadores da Fiocruz afirmam que, apesar de haver indícios de uma radioatividade naturalmente mais elevada que o normal naquele município, e de só depois de 10, 15 anos de exposição aos agentes radioativos a doença começar a se manifestar, vazamentos acidentais podem aumentar o risco de exposição da população à radiação.

A contaminação, em geral, ocorre durante a manipulação de maneira inadequada do concentrado de urânio, produto final da exploração na mina que segue para o processo de enriquecimento, etapa na qual é transformado em combustível para as usinas nucleares. Ou durante a ingestão de água ou alimentos com teor de radioatividade acima do nível tolerável.

Além da exposição dos trabalhadores e dos perigos para a população do entorno da mina, há os riscos da liberação acidental de material contaminado para a atmosfera, solo, rios e lençóis freáticos. Outro sério temor é que, como a mina é aberta, a detonação da rocha libera poeira que contém material radioativo. Dentre as substâncias que mais preocupam está o gás radônio, que pode ser absorvido pela respiração e futuramente causar câncer de pulmão.

Impulsionada pelo Programa Nuclear Brasileiro, a exploração de urânio no Brasil se concentra em Caetité. A mina produz anualmente 400 toneladas de urânio concentrado, que é enviado para a etapa de enriquecimento no exterior. É grande a possibilidade de o minério vir a ser explorado também no Ceará, nas jazidas localizadas em Santa Quitéria. Uma mina que operava em Poços de Caldas, em Minas Gerais, foi desativada.

Próximo a Caetité vivem comunidades de pequenos agricultores que, após o início da exploração da mina, passaram a ser estigmatizados e não conseguem comercializar seus produtos a não ser entre eles mesmos. Recentemente, a organização Greenpeace denunciou contaminação de um poço artesiano na região próxima da mina, do qual os moradores retiravam água para o próprio consumo, uma vez que falta sistema de abastecimento para essas comunidades.

Em maio do ano passado, por meio de informações não oficiais, a população tomou conhecimento da chegada de uma carga radioativa proveniente de Iperó, em SP, para processamento em Caetité. A cidade paulista é conhecida pelas instalações do Centro Experimental de Aramar, onde a Marinha desenvolve projetos, entre eles o do submarino nuclear. Temendo que os caminhões trouxessem rejeitos nucleares – o que a INB veio a negar posteriormente – mais de cinco mil pessoas foram às ruas para impedir a descarga dos caminhões.

Recentemente, a partir de denúncias da população em geral, sindicatos, Comissão Pastoral da Terra e Ministério Público, a ENSP começou a estudar os problemas da mineração do urânio. O objetivo é discutir uma cooperação nacional e internacional para apoiar o movimento pela justiça ambiental em torno desse problema em Caetité, bem como produzir informações sobre riscos, saúde e a mineração, tornando mais transparente e democrático o debate público a respeito dos riscos.



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