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quinta-feira, 20 de março de 2014

Parto humanizado: quando a mãe é protagonista


O parto humanizado proporciona que as mães sejam, efetivamente, as protagonistas do próprio parto. A criança nasce em um ambiente calmo e é rapidamente colocada junto à mãe. Além de fortalecer o laço entre a mãe e o bebê, estimula a amamentação e garante mais saúde ao recém-nascido. Por esta razão, o Ministério da Saúde recomenda que esse tipo de parto seja priorizado em maternidades e hospitais de todo o país.
Em São Sebastião, no Distrito Federal, existe pelo Sistema Único de Saúde (SUS) uma Casa de Parto que realiza um trabalho voltado diretamente para o parto humanizado. “São posturas e decisões que você tem. Você não vai conduzir o parto, vai respeitar a maneira que ela conduz, vai intervir de acordo com a necessidade da mãe. Não fazemos intervenções desnecessárias”, explica Jussara Silva Vieira, enfermeira e coordenadora da Casa de Parto de São Sebastião. Para ela, “não adianta ter um pacote pronto para o atendimento de cada mulher, é preciso respeitar a individualidade e integralidade de cada mãe”.
Segundo Jussara, essa visão e essa filosofia, somada ao ambiente adequado, geram bons resultados. Ela conta que 100% das mães que atendem fazem questão de responder um questionário que avalia o atendimento da Casa em todos os aspectos. O grau de satisfação, de acordo com as mães, chega a 98%. “A procura tem crescido e mães de outras regiões de saúde nos procuram querendo ter a criança conosco”, completa a enfermeira.
“Foi superlegal. Um atendimento que recomendo a qualquer gestante. Falo até que fui eu mesma que fiz meu parto. É tão humanizado que você se sente participando de tudo”, relata a jovem mãe Aryanne Inácio Carvalho, de 23 anos. Ela teve seu primeiro bebê na Casa de Parto de São Sebastião (DF). Estudante de enfermagem, Aryanne tinha ouvido falar do parto humanizado e da Casa de Parto, mas só quando entrou na Casa foi que entendeu de fato o que é o parto humanizado.
“Tudo que elas faziam elas explicavam, perguntavam pra mim o que eu queria. O parto não teve indução nenhuma, nada. Foi muito natural. Muito diferente de tudo que eu já tinha visto”, relata Aryanne. Ela ainda conta que conversaram para saber qual a melhor forma de ter o bebê e que o tempo todo teve dois acompanhantes, até o último minuto. “De jeito nenhum, gostaria que fosse de outra forma. Minha recuperação foi muito boa. Em uma semana eu já estava fazendo tudo”, completa a estudante.
Rede Cegonha – O governo federal lançou, em 2011, a estratégia Rede Cegonha, que tem como uma das principais metas incentivar o parto normal humanizado e intensificar a assistência integral à saúde de mulheres e crianças, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho.
Entre as ações da Rede Cegonha está o custeio de Centros de Parto Normal (CPN). São estruturas que funcionam em conjunto com a maternidade para humanizar o momento do parto, oferecendo às gestantes um ambiente com maior privacidade.

Lucas Pordeus Leon / Blog da Saúde

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Humanização é realidade no Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte


Um detalhe chama a atenção de quem circula por qualquer um dos dois Centros de Parto Normal do Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte: os quartos foram batizados com nomes de personalidades femininas importantes da história mineira e nacional, como Dona Beija, Chica da Silva e Adélia Prado. A homenagem é coerente com a filosofia de atendimento humanizado dessa maternidade de grande porte, em que se incentiva o protagonismo da mulher no parto.

Por várias razões, a experiência desse hospital na atenção ao parto e nascimento é referência nacional em atenção humanizada e boas práticas. Muitas das características da ambiência hospitalar e da dinâmica de trabalho aparecem como recomendações do programa Rede Cegonha do Ministério da Saúde. O recém-inaugurado Centro de Parto Normal Helena Greco (nas dependências do prédio principal) conta com cinco quartos espaçosos e iluminados e três com banheiras para parto na água. E o Centro de Parto Normal David Capistrano da Costa Filho (com entrada independente), criado em 2001 e conhecido como Casa de 

Parto, conta também com cinco quartos, um com banheira.
Mesmo sendo referência para alta complexidade em todo o estado de Minas Gerais, a taxa de cesariana no Sofia Feldman é de cerca de 25%, menor do que a da rede pública como um todo. O hospital apresenta também as menores taxas de mortalidade materna e neonatal de Belo Horizonte, segundo informações da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde. Dos mais de 7 mil bebês que nascem ali, cerca de 10% nascem na Casa de Parto.

Os partos feitos ali são assistidos por enfermeiras obstétricas, como Nágela Cristine Pinheiro Santos, que está há 16 anos no Sofia Feldman e ajudou a elaborar o projeto do espaço e a desenvolver dispositivos para dar mais conforto à mulher, como um arco de metal adaptado à cama, que facilita a posição de cócoras. “A Casa de Parto Normal dá à mulher poder de decidir o que quer na hora do parto, como em que posição ficar”, diz Nágela, que esteve em maternidades da região Nordeste e da Amazônia Legal para difundir suas experiências por meio do Programa de Qualificação das Maternidades (PQM) e, em fevereiro, participou de um seminário de humanização no Camboja. “Medidas simples como um chuveiro quente ou uma cortina separando leitos em uma enfermaria conjunta dão resultado imediato de mais conforto e privacidade”, conta. Ela lembra, porém, que a humanização é mais do que o ambiente confortável. “A instituição como um todo precisa entender e incorporar a humanização”.

O diretor administrativo do hospital, Ivo Oliveira Lopes, concorda. “Alguns direitos, para serem garantidos, não demandam recursos. Nós, gestores, temos o dever de preservá-los. O parto é da mulher, não um ato médico. Assistir o parto não é tomar o lugar da mulher, e o enfermeiro obstétrico, ao lado de todos os outros profissionais, é fundamental”, considera. “A tecnologia que chega é muito bem-vinda, mas para quem tem necessidade real, não por uma necessidade mercantilista”, reforça o médico, que destaca o reconhecimento obtido pelo Sofia como Hospital Amigo da Criança, conferido pelo Unicef, e o Prêmio Maternidade Segura, recebido da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo ele, os bons resultados são devidos principalmente à participação da comunidade. “A gestão participativa determina os rumos da humanização”, explica ele, acrescentando que esse aspecto esteve presente no hospital desde o início de sua história. Construído em sistema de mutirão por voluntários da comunidade a partir da doação de um lote para uma sociedade beneficente, o Sofia Feldman foi inaugurado, ainda como ambulatório, em 1977, passando a atender como hospital em 1982.

Em 1988, a entidade mantenedora passou a ser a Fundação de Assistência Integral à Saúde (Fais). Hoje, é uma instituição pública, não governamental, que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As questões administrativas do hospital são definidas e decididas pelo colegiado diretor, composto por 16 pessoas de diferentes perfis profissionais. 

Todos os dias, são promovidas reuniões com parturientes e acompanhantes para avaliar o atendimento. “Queremos entender a singularidade de cada ser humano e da sua rede social. Oferecer atendimento baseado em evidências científicas é o mínimo”, explica Ivo, para quem a humanização passa também pelas relações entre trabalhadores e gestores. “Mulheres são 80% das nossas trabalhadoras, por isso as questões de gênero estão ainda mais presentes”, diz. O Sofia dispõe de academia e creche para as funcionárias, e promove ações de comunicação e eventos de integração entre a família do trabalhador e o hospital.
Há ainda o Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares, que atende tanto funcionários quanto gestantes e mães com bebês internados, com práticas da medicina tradicional, como escalda-pés e auriculoterapia. A enfermeira Lília Coelho Lopes está à frente do núcleo e trabalha com uma equipe de voluntárias. “O objetivo é estimular os processos de cura internos. É um trabalho coadjuvante ao da alopatia, que representa o acolhimento e diminui a ansiedade das gestantes”, diz Lília.

Manejo conservador
Com 40% da mulheres provenientes do interior do estado, o Sofia precisou desenvolver iniciativas criativas para atendê-las, que foram incorporadas ao modelo de gestão do hospital. A Casa da Gestante Zilda Arns recebe gestantes com agravos em um espaço próximo ao hospital, evitando viagens desgastantes de ida e volta para casa para aqueles que moram distante do hospital, e até partos antecipados. Já a Casa de Sofias acolhe mães que vêm de longe e têm filhos internados na UTI neonatal. Criadas por iniciativa dos gestores, passaram a ser financiadas pelo Ministério da Saúde através da adesão ao programa Rede Cegonha.

“Para um prematuro, ficar quatro semanas a mais dentro do útero significa viver ou morrer”, explica a pediatra Raquel Aparecida Lima de Paula, responsável pela área de neonatologia do hospital, que reforça a importância do manejo conservador das gestações de risco. “A política pública mais eficaz consegue reduzir os gastos com atenção terciária. De modo geral, a família tem excesso de confiança na tecnologia, mas a melhor incubadora é o útero da mãe. Historicamente há uma inversão, com muitos recursos para a atenção terciária, como construção de UTIs neonatais. Os equipamentos são caros e não resolvem a questão principal”, comenta a médica.

Raquel aponta como um dos pontos positivos do Rede Cegonha a correção das distorções da tabela de procedimentos obstétricos e neonatais. Ela acredita que o programa pode representar uma inflexão no modelo de assistência e “começa a inverter essa lógica de assistência da obstetrícia e da neonatologia. É como se o que nós idealizamos aqui pudéssemos ver no Brasil inteiro”.    



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Arquivo de notícias: Hospitais devem adotar mais cuidados com as mães



A norma conhecida como Cuidado Amigo da Mãe atende às recomendações da estratégia Rede Cegonha.

Os hospitais do país deverão adotar um novo critério para permanecerem na iniciativa e manterem a certificação de Amigos da Criança. A partir de 2013, as instituições já credenciadas devem cumprir os princípios das boas práticas de atenção ao parto e nascimento, determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para continuarem com o título. A norma, conhecida como Cuidado Amigo da Mãe atende ainda às prioridades do Ministério da Saúde, recomendadas na estratégia da Rede Cegonha.

As boas práticas incluem a garantia de acompanhante à gestante, respeito à privacidade da mulher e à liberdade de movimentar-se e alimentar-se durante o trabalho de parto e de escolha da posição do parto. Além disso, possibilitam a redução do uso rotineiro de intervenções desnecessárias, como a realização de cesariana sem indicação precisa. A ideia é incentivar cada vez mais a humanização do parto e do momento entre mães e bebês. Essas mudanças serão publicadas no próximo ano em substituição à Portaria nº 8 de 2011, que estabelece as normas para o processo de credenciamento do Hospital Amigo da Criança integrante do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ao ser reconhecido com o título Hospital Amigo da Criança, estes estabelecimentos se tornam referência em amamentação para seu município, região e estado. Nestas unidades, as mães são orientadas e apoiadas para o sucesso da amamentação desde o pré-natal até o puerpério, aumentando dessa forma os índices de aleitamento materno exclusivo e continuado e reduzindo a morbimortalidade materna e infantil, o que tem gerado grande interesse pelos gestores nessa habilitação.

Para o coordenador da área técnica de Saúde da Criança, Paulo Bonilha, a adoção desse novo critério à Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) contribui para a garantia da continuidade de cuidados ideais tanto para mães quanto para crianças, do pré-natal ao pós-parto. “Introduzir esses conceitos é trabalhar ainda mais para integrar a iniciativa a uma estratégia mais completa e global, relacionada a esses cuidados, como a Rede Cegonha”, afirma.

Oficina – Nesta semana está sendo realizada, em Brasília, a oficina piloto para formação dos primeiros avaliadores da IHAC. A capacitação faz parte do plano de aprimoramento para a formação das equipes com metodologia inovadora da IHAC e tem como objetivo incluir o critério Cuidado Amigo da Mãe nas avaliações de cumprimento da iniciativa às instituições certificadas.

Essas iniciativas são de proteção às ações benéficas para a saúde física e psicológica de mães e bebês e que ajudem a garantir uma amamentação bem sucedida. Atualmente, 20% dos 70 países que praticam a IHAC adotam as práticas do Cuidado Amigo da Mãe como critério para certificação.

Amigos da Criança – A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) foi criada em 1990 pela OMS e pelo Unicef com o objetivo de resgatar o direito da mulher de aprender e praticar a amamentação com sucesso. Nos últimos 20 anos essa iniciativa tem crescido, contando atualmente com mais de 20 mil hospitais credenciados em 156 países do mundo, incluindo o Brasil. Hoje, o país conta com 315 Hospitais Amigos da Criança presentes em todos os estados brasileiros.

Ao ser reconhecido com o título Hospital Amigo da Criança, estes estabelecimentos se tornam referência em amamentação para seu município, região e estado. Nestes hospitais, as mães são orientadas e apoiadas para o sucesso da amamentação desde o pré-natal até o puerpério, aumentando dessa forma os índices de aleitamento materno exclusivo e continuado e reduzindo a morbimortalidade materna e infantil, o que tem gerado grande interesse pelos gestores nessa habilitação.

Para se tornar uma instituição credenciada à iniciativa, o hospital deverá comprovar o cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno, a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras – NBCAL e a Lei 11.265/2006, que regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância e também a de produtos de puericultura correlatos e, finalmente, também deverá garantir a presença da mãe e/ou do pai junto ao recém-nascido durante todo o tempo de internação, mesmo que este esteja em uma UTI.

Cuidados Amigos da Mãe:
1. Incentivar que as mulheres tenham acompanhantes de sua escolha para oferecer apoio físico e/ou emocional durante o pré-parto, parto e pós-parto, se desejarem;

2. Permitir que as mulheres bebam e comam durante o trabalho de parto;

3. Incentivar as mulheres a levarem em consideração o uso de métodos não medicamentosos de alívio da dor, exceto analgésicos ou anestésicos necessários devido a complicações, respeitando as preferências pessoais das mulheres;

4. Incentivar as mulheres a andar e a se movimentar durante o trabalho de parto, se desejarem, e a adotar posições de sua escolha durante o parto, a menos que haja restrição em virtude de complicações, e, que isso seja explicado à mulher;

5. Assegurar cuidados que não envolvam procedimentos invasivos, tais como rupturas de membranas, episiotomias, aceleração ou indução do parto, partos instrumentais ou cesarianas, a menos que necessárias em virtude de complicações, e, que em caso de necessidade de utilizá-los, que seja explicado à mãe.


Fonte: Tatiana Alarcon / Agência Saúde 

Fonte de retirada da Rede Saúde e Cultura: Blog da Saúde 
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