O transplante de medula óssea vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Ele pode ser usado no tratamento de algumas doenças relacionadas à produção das células do sangue, como leucemia, anemia, linfoma, entre outras. A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos e o transplante consiste na troca da medula óssea doente por outra saudável visando a reconstituição da antiga.
O transplante pode ser feito com células troncos do próprio paciente, chamado de transplante autogênico, ou através de um doador, que é o alogênico. O transplante alogênico é o mais complicado porque necessita de um doador vivo e com medula compatível com a do paciente. O primeiro passo é ver se o irmão ou irmã tem a compatibilidade necessária para o transplante – chamado de alogênico aparentado. Caso contrário, será preciso procurar um doador fora da família, que é o alogênico não aparentado.
“As chances de um irmão de mesmo pai e mãe ter a medula compatível é de 25%. Se não tiver irmão compatível, achar um doador fora da família é muito difícil”, confirma o médico hematologista Gustavo Bettarello, do Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), que realizou o 1º transplante de medula óssea no Distrito Federal, realizado neste ano.

“Esse aumento de transplantes veio com o crescimento do registro de doadores. Na medida em que aumentamos a chance de achar doador, aumenta a chance de transplantes”, explica Bouzas. Ele lembra que, até 2003, o registro era pouco efetivo e contava com 30 a 40 mil doadores, hoje estão cadastrados 3,3 milhões de pessoas dispostas a doarem medula óssea. É o terceiro maior registro do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Alemanha. “Até 2003 tínhamos uma média de 30 transplantes não aparentados por ano, este ano estimamos fazer entre 280 e 300 transplantes desse tipo”, conta Bouzas. Desses, 95% são realizados pelo SUS.
Carolina Tonioli, 30 anos, descobriu que tinha Leucemia Mielóide Aguda e começou a fazer quimioterapia. Após um ano de tratamento, o médico de Carolina achou melhor fazer o transplante de medula óssea para evitar definitivamente a volta da doença. Essa leucemia é um câncer que se caracteriza pela proliferação de células anormais que se acumulam na medula e interferem na produção do sangue. Carolina completou 9 meses do transplante e está satisfeita com o resultado. “Estou super feliz porque a médica tirou toda a medicação e algumas restrições, pois não podia tomar sol, nem entrar na piscina. Estou mais próxima de conseguir a vida normal”, comemora Carolina.
Ela teve que fazer o transplante não aparentado porque suas irmãs não tinham a medula compatível. Ao buscar no cadastro achou 26 doadores parcialmente compatíveis e 13 doadores 100% compatíveis, sendo considerado um número alto de prováveis doadores. “Tive muita sorte em ter tantos doadores compatíveis. E hoje a chance da doença voltar, segundo os médicos, é algo em torno de 15%”, afirmou Carolina.
Além do aperfeiçoamento do REDOME, que passou a contar com os hemocentros espalhados por todo o país para cadastrar doadores, o aumento das equipes especializadas também foi responsável pelo crescimento nos transplantes, em especial os não aparentados. “Até 2003 nós tínhamos apenas 2 centros que faziam transplantes não aparentado e hoje são 24. Os centros credenciados para todos os tipos de transplante de medula eram 17 no Brasil e hoje são 72”, comenta o diretor do Centro de Transplantes de Medula do INCA, Luis Bouzas.
Como doar - Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. É coletada uma amostra de sangue para testes que determinam as características genéticas que são necessárias para descobrir a compatibilidade entre doador e paciente. É fundamental que ao mudar de endereço ou trocar de contatos o doador sempre atualize o cadastro no REDOME. Saiba maiores detalhes para se tornar um doador aqui.
Fonte: Blog Saúde