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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Hospitais proíbem mulheres de ter bebê dentro da água


A blogueira Line Sena durante o trabalho de parto do filho caçula


O parto na água que cada vez tem ganhado mais adeptas não é tão fácil de ser conseguido nos ambientes hospitalares do Brasil. Em São Paulo, cinco maternidades contam com banheira mas a maioria delas não permite que o bebê nasça na água, ou seja, a parturiente só pode ficar no local durante o trabalho de parto.

Em São Paulo, apenas no hospital São Luiz é permitido o parto na água. O nascimento, no entanto, só ocorre se a mulher estiver acompanhada de seu médico particular e se ele concordar com esse tipo de parto. Se o médico da parturiente não chegar a tempo, por exemplo, e o bebê tiver que nascer com o plantonista, ela não poderá entrar na água.

A parteira americana e enfermeira Barbara Harper, responsável peloWaterbirth Internacional,  conta que nos Estados Unidos, 10% dos hospitais permitem partos na água. No Brasil, no entanto, os nascimentos na água são mais comuns em partos domiciliares ou em casas de parto. Em  São Paulo,  existe a opção de atendimento na Casa Angela, no Jardim Mirante (zona sul de SP), e na casa de parto de Sapopemba (zona leste), essa última mantida pela prefeitura.

A bióloga Fatima Pinheiro, 31, teve o primeiro filho no hospital Albert Einstein em agosto de 2008. Ela conta que a enfermeira a pediu para ela sair da água no momento que o filho Davi coroou [momento que a cabeça do bebê começa a sair].

No segundo parto, ocorrido há oito meses, ela decidiu ter a filha Catarina na água em um parto domiciliar. “A melhor forma que encontrei para explicar é a sensação que você tem no parto na água é de uma criança quando está resfriada e a sua mãe a coloca no colo. Você se sente acolhida, tranquila e parece que tudo passou”, comenta. Para ela, o parto também vai mais rápido e o bebê ‘escorrega’. “Entrei na banheira e 20 minutos depois ela nasceu”, comenta.

Procurados pelo Maternar, os hospitais Santa Joana, Santa Catarina, Pró-Matre e Albert Einstein confirmaram que tem banheira para o uso da gestante, mas que só permitem o uso dela durante o trabalho de parto e não durante o nascimento do bebê.

O Santa Catarina justificou que o tamanho da banheira – que é pequena – inviabiliza o parto na água. Já os hospitais Santa Joana e Pró-Matre informaram que visam ”a segurança da paciente e seu bebê durante os procedimentos. O parto não é realizado na água, pois essa técnica não tem respaldos de nenhum conselho ou órgão regulador da medicina obstétrica”, afirma nota enviada ao Maternar.

O Albert Einstein nega que proíba o parto na água, mas que cabe ao médico decidir se o parto poderá ou não ser dentro da banheira.

Para Barbara Harper, muitos locais no mundo ainda proíbem o parto na água pois os médicos ficam desconfortáveis com esse tipo de nascimento pois ele ocorre da maneira mais natural possível.

“A mulher faz tudo sozinha e eles [médicos], que foram treinados a tirar o bebê, se sentem mal pois não tem que fazer absolutamente nada”, comenta Barbara. Ela dá um conselho aos profissionais de saúde nessas horas. “No parto na água funcionamos mais como ambientalistas pois tomamos cuidado do meio ambiente no entorno da gestante. Sempre brinco se tudo vai bem e se não estamos fazendo exames de toque sem necessidade e não cortamos nossas pacientes, o que nos resta fazer é tirar fotos do parto”, brinca.

O fato é que estudos mostram, um deles inclusive está disponível na Biblioteca Cochrane, que esse tipo de parto não traz qualquer prejuízo para a mãe e tampouco para o bebê. Pelo contrário, só oferece benefícios desde que a mãe tenha uma gestação de baixo risco e se ela e o bebê apresentam boas condições de saúde na hora do parto.

Barbara diz que o parto na água é possível para todas as mulheres. Segundo ela, diferentes estudos mostram que a água ajuda a aliviar a dor, provoca menos infecção, reduz os riscos de laceração, diminui o uso de anestesia, e ainda permite que o parto ocorra em um período menor de tempo.

Barbara, que viaja o mundo ensinando profissionais de hospitais e de casas de parto sobre os benefícios e como atender partos na água, diz que a temperatura da água deve ser a mais confortável para a mãe, ou seja, não existe uma medição ideal. Segundo ela, o parto na água do mar também é possível se esse for o desejo da parturiente.

Durante sua participação no Siaparto (simpósio internacional de parto) ocorrido no início do mês em São Paulo, a parteira, que trabalha há 30 anos com partos na água, explicou ainda que é preciso trocar a água a cada 24 horas e que o ambiente deve ser bastante higiênico. Segundo ela, qualquer banheira que caiba um adulto dentro pode ser utilizada. Um dos modelos muito utilizado são as piscinas infantis infláveis. No caso de banheiras infláveis, elas devem ser cobertas com um plástico grosso para que possam ser reutilizadas depois. O modelo pode ser adquirido, por exemplo, no site da Ilithia, que vende kits prontos para o parto domiciliar.

AFOGAMENTO?

Ela explica que também não há risco do bebê “se afogar”, como temem muitos leigos. Barbara diz que o bebê saudável só ‘respira’ efetivamente quando sai da água, ou seja, assim que nasce, o bebê se mantém como se estivesse no útero, quando estava imerso em líquido amniótico.

Barbara disse que teve três filhos sendo os dois últimos em casa em partos na água. O primeiro, que foi hospitalar, ela classifica que não teve nada de “normal”. “Há 36 anos tive um parto vaginal onde o médico me fez uma episiotomia [corte entre a vagina e o ânus supostamente usado para facilitar a saída do bebê] após ele já ter nascido pois era algo de rotina. Para ele, isso era um procedimento padrão e ele tinha que fazer”, comenta.

Ela conta que teve os partos na água não por ela, mas pelos bebês pois permite que eles controlem o próprio nascimento de forma mais suave. “A mãe relaxada sente menos dor e com isso libera mais hormônios e oxigênio para o filho”, explica.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Acre institui o Bolsa Parteira


A parteira tradicional, Zenaíde Carvalho, comemora o benefício. 

A partir de maio deste ano, as parteiras tradicionais de Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Santa Rosa do Purus serão contempladas com uma bolsa no valor de R$ 250. Foi aprovada, por unanimidade, pela Assembleia Legislativa do Acre, a Lei de n°2.834, de 30 de dezembro de 2013, que pretende beneficiar, inicialmente, cerca de 150 mulheres.

O anteprojeto de Lei que originou o Bolsa Parteira foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres) e poderá ser ampliado às parteiras dos demais municípios de acordo com as necessidades de saúde, disponibilidade orçamentária e financeira e com critérios estabelecidos por decreto.

O Acre é o segundo estado da federação a instituir o benefício, ficando atrás apenas do Amapá. Para ter direito, as beneficiárias devem ser reconhecidas por sua comunidade como parteiras, possuir certificado de cursos ou oficinas para parteiras tradicionais e estarem devidamente cadastradas na Secretaria de Saúde (Sesacre).

Maria Zenaide Carvalho exerce o ofício há 46 anos e considera a bolsa um reconhecimento merecido à classe. “Eu tinha 10 anos quando fiz meu primeiro parto, de lá para cá não parei mais. Aprendi a pegar menino com a minha mãe e já ajudei 246 crianças virem ao mundo. Assim como eu existem muitas outras mulheres no Acre que, agora com o Bolsa Parteira, passam a ser fortalecidas pelo Estado e reconhecidas na sociedade”, ressaltou.

Para a titular da SEPMulheres, Concita Maia, a bolsa reflete o compromisso do governo: “Estamos avançando nas políticas para as mulheres do Acre graças ao compromisso político e sensibilidade do nosso governador Tião Viana”.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sanitarista David Capistrano foi pioneiro na defesa das casas de parto


Rio de Janeiro - O nome que batiza ao menos duas casas de parto no país – no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte – é uma homenagem ao médico sanitarista e ativista em saúde pública David Capistrano Filho, que morreu em 2000, aos 52 anos, vítima de câncer. Nascido no Recife, ele teve participação ativa no processo de criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e defendeu práticas inovadoras para a época, como os médicos da família e as casas de parto.

Filho do ativista político e deputado David Capistrano, que desapareceu durante o regime militar, ele se formou em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fugindo da perseguição da ditadura no Nordeste, também passou por São Paulo, onde, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reuniu estudantes para atuar como agentes de saúde na periferia.

Na década de 1970, participou da criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Na época, colaborou para a elaboração do texto que deu origem ao capítulo sobre o SUS na Constituição de 1988. Também atuou na revitalização da entidade representativa dos médicos, hoje principal nome contrário às casas de parto.

Propostas de Capistrano Filho foram colocadas em prática pela Secretaria de Saúde de Santos e pelo governo de São Paulo, na década de 1990. Na área de saúde mental, por exemplo, ele defendeu a criação de núcleos de atendimento psicossocial em substituição à internação em hospitais. Esses núcleos se tornaram referência para a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com suas ações, David Capistrano Filho despertou atenção do governo federal que o convidou para gerenciar o Programa Nacional de Incentivo à Criação de Casas de Parto e Maternidades-Modelos do Ministério da Saúde. Para reduzir cesáreas e intervenções no parto, em 1998, foi aberta a primeira casa de parto do país, em Sapopemba, na capital paulista.

Hoje, o nome David Capistrano Filho batiza as unidades do Rio (de base comunitária) e de Belo Horizonte (dentro do Hospital Sofia Feldman). Até 2010, dava nome ao Centro Parto Normal de São Vicente, no litoral paulista, fundado pela religiosa Maria Dolores Muñiz Junquera, conhecida por irmã Dolores. Para fechar a casa, o município alegou a distância até um hospital e a baixa procura.

 Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Parteira ajudou dar à luz mais de três mil bebês no Ceará


Nos seus 40 anos de profissão, ela nunca perdeu uma criança.

Quem a incentivou para o trabalho foi sua tia, uma freira nos anos 40.

Maria Freitas Lima, de 74 anos, conhecida como Mãe Cira,  é parteira e ajudou dar à luz mais de três mil bebês no município de Guaramiranga, a 120 km de Fortaleza. Ela é parteira desde a década de 40 e é respeitada por todos os moradores. "Fico muito orgulhosa. Quando as pessoas me chamam de Mãe Cira eu ainda fico emocionada", diz.

O que chama atenção é que nos seus 40 anos de profissão, Mãe Cira nunca perdeu ninguém durante esse tempo. "Tenho certeza que não trabalhava sozinho. Deus estava comigo naquela hora. Eu vi também muitas mãe sem forças e ele com certeza foi fundamental para que tudo acontecesse naturalmente".

O comerciante Clodoaldo Rodrigues é um que passou pelas mãos da Mãe Cira. Segundo ele, Mãe Cira foi muito importante para sua família. "Na época não existia aquele negócio de hospital. Havia as parteiras. E nasci graças a Mãe Cira. Outros irmãos meus passaram por ela", conta o comerciante.

Sua história contagia os profissionais da saúde da cidade.  "Ela foi uma parteira de mão cheia. E além disso tinha Deus e Nossa Senhora ajudando ela para trazer ao mundo tantas crianças", diz a enfermeira Melina Frota. A principal pessoa que incentivou Mãe Cira para os trabalhos de parteira foi sua tia que era freira. "Minha tia me ensinou todos os conceitos básicos de enfermagem e com o passar do tempo aprendi tudo", conta.

A dona de casa, Maria Iraci, foi beneficiada com os trabalhos de Mãe Cira. Ela quase perdeu o filho há 20 anos atrás. "Ela salvou eu e meu filho. Eu agradeço todos os dias por ela ter me ajudado tanto naquela época", fala emocionada.

Exemplo para os filhos
Mãe Cira teve três filhos e mesmo com a perda de um recentemente não fez com que ela não desaminase. Um deles, o líder comunitário, Sérgio Freitas, conta que tem orgulho da mãe e diz que ela serve como exemplo. "Ela é um espelho, fonte de inspiração. E eu como líder comunitário procuro sempre ter ela como exemplo. Para mim ele é uma guerreira", afirma o filho mas velho.

Fonte: G1 Ceará

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Arquivo de notícias: Parteiras de Angola aprimoram conhecimento


Parteiras tradicionais aprimoram conhecimento sobre técnicas de assistir parto 

Caála  - Duzentas e 24 parteiras tradicionais dos municípios da Caála, Ekunha, Ukuma e do Chipindo (província da Huíla), participam, desde hoje, na cidade da Caála, num seminário de capacitação onde vão aprimorar conhecimentos sobre o valor de integração na busca da qualidade de vida e preparação de técnicas para assistir o parto.

O evento, uma iniciativa da Repartição Municipal da Saúde da Caála, vai decorrer de 22 a 23 do corrente mês. Visa contribuir a redução de taxas de mortalidade e proporcionar uma assistência de qualidade de partos nas comunidades.

Durante o seminário de refrescamento, as participantes vão igualmente aprimorar conhecimentos sobre o papel da parteira na comunidade, cuidados imediatos pós-parto, acções que garantem a vida da mãe e do filho.

A cerimónia de abertura foi orientada pelo chefe de Repartição Municipal da Saúde da Caála, Albino Dumbi Ernesto, que na ocasião apelou as participantes no sentido de acatarem bem os conhecimentos a serem transmitidos pelos especialistas, por formas a contribuir na acção do governo que visa diminuir as taxas de mortalidade nas comunidades.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Arquivo de Notícias - Mulheres e entidades em defesa do parto humanizado promovem marcha no Rio


Decisão do Cremerj foi anulada pela Justiça no último dia 30 mediante ação do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro

Entidades em defesa do parto humanizado e dos direitos reprodutivos das mulheres promoveram uma marcha na orla de Ipanema (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

Em protesto à proibição de acompanhantes profissinais (obstetrizes, doulas e parteiras) em hospitais e maternidades, mulheres e integrantes de entidades em defesa do parto humanizado promoveram uma marcha de protesto em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (6).  

A jornalista Ellen Paes, uma das organizadoras da passeata, explicou que a proposta surgiu após as duas resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janiro (Cremerj), que além de proibir a atuação dessas profissionais ameaça punir obstetras que acompanhassem partos domiciliares. 

“Eu e mais sete meninas, todas mães, nos conhecemos pela internet e indignadas com a resolução do Cremerj resolvemos nos unir com outras mães de outras cidades para protestar contra esse sistema obstétrico brasileiro mercantilizado”, disse Ellen Paes.

A manifestação estava programada para ocorrer simultaneamente em outras 23 cidades, entre elas Recife, Fortaleza, João Pessoa, Salvador e São Paulo.

Mãe e filha protestam pelo direito ao parto humanizado (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren - RJ) entrou com uma ação civil pública para anular a decisão do Cremerj e ela foi aceita pela Justiça no dia 30. O Cremerj já avisou que vai recorrer. De acordo com a entidade, as resoluções do conselho visam a proteger mães e bebês e oferecer as melhores condições de segurança para o parto.

O Brasil ocupa a primeira colocação mundial em realização de cesarianas, que corresponde a 52% dos partos, sendo 80% em hospitais privados. O máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é 15%.
Debate

“Inicialmente, salta aos olhos a incompatibilidade entre as resoluções Cremerj nº 265 e 266, e o tratamento dado à matéria pelos diplomar normativos federais. Em termos práticos, as resoluções terminam por dificultar, senão inviabilizar, o exercício da atividade de parteiras, portanto ao mesmo tempo em que proíbem a atuação de médicos em partos domiciliares, com exceção das situações de emergência, também vedam a participação das aludidas profissionais em partos hospitalares”, declarou o juiz federal substituto Gustavo Arruda Macedo, da 2ª. Vara Federal  em sua decisão.

O juiz também afirma que “ a vedação à participação de médicos em partos domiciliares, ao que tudo indica, trará consideráveis repercussões ao direito fundamental à saúde, dever do Estado, porquanto a falta de hospitais fora dos grandes centros urbanos, muitas vezes suprida por procedimentos domiciliares, nos quais é indispensável a possibilidade de participação do profissional de medicina, sem que sobre ele recaia a pecha de infrator da ética médica”. 

Marcha estava programada para ocorrer simultaneamente em outras 23 cidades (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

Fonte: Época
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