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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Projeto que promove práticas indígenas recebe apoio da ONU

Fortalecer as práticas indígenas de manejo, uso sustentável e conservação dos recursos naturais e reconhecer as terras indígenas como áreas essenciais para a conservação da diversidade biológica e cultural dos biomas florestais brasileiros são os principais objetivos do projeto piloto “Gestão Ambiental e Territorial Indígena” (Projeto GatiI). A iniciativa reúne o movimento indígena, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF) e outros parceiros.
Implementado desde 2010, o Gati cria condições para que as comunidades indígenas sejam protegidas, melhorem a autoestima, empoderem suas vidas e tenham a valorização histórica, cultural e produtiva que merecem.
No último ano, as ações do projeto se intensificaram com o apoio de mais de 50 iniciativas indígenas das suas áreas de referência. Isto também foi possível devido aos 'Microprojetos Indígenas' – uma modalidade de financiamento para pequenos projetos de plantios agroflorestais, roças agroecológicas, educação ambiental e valorização das práticas e conhecimentos tradicionais.
“Este projeto vem para corresponder às demandas que existem há muito tempo nas comunidades indígenas”, afirma Edson Bakairi, membro do Comitê Diretor do Gati, representante da Articulação do Mato Grosso.
População indígena
Atualmente, a população indígena do Brasil é de aproximadamente 900 mil pessoas. Destes, 520 mil (57,7%) vivem nas 687 terras indígenas e 380 mil fora delas.
Além de assegurar o bem-estar e a reprodução física e cultural destes povos, as terras indígenas, que correspondem atualmente a quase 13% do território nacional, são verdadeiras áreas de proteção ambiental. Imagens de satélite mostram que o território indígena é mais preservado frente à expansão da fronteira econômica e ao desmatamento, sobretudo na Amazônia.
O projeto também conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério do Meio Ambiente brasileiro e do The Nature Conservancy.
Fonte: Portal Brasil/Organização das Nações Unidas

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Festival de Inverno da UFMG começa nesta sexta com reunião entre jongo e cultura hip hop



O Festival de Inverno da UFMG, que neste ano volta a ser realizado no campus Pampulha, começa nesta sexta-feira, dia 18. Em reestreia em Belo Horizonte, o evento já se destaca pela programação cultural afinada com o temaCampus, território experimental.

A cerimônia oficial de abertura será às 19h na Estação Ecológica, e às 20h a grande reserva ambiental sediará um encontro entre uma roda de jongo e a Liga Feminina de MCs. Guto Borges, programador cultural do Festival, percebe essa primeira atração como uma ilustração do próprio conceito do evento.

“É um encontro que reverbera a busca pelo bem comum, tema do Festival. São duas manifestações culturais que se relacionam com o improviso. Nesse sentido, o encontro representa a reunião de algo que existe de comum na vida das cidades”, diz.

O duelo de MCs é uma manifestação marcadamente urbana e contemporânea, enquanto o jongo remonta a uma tradição cultural afro-brasileira, hoje predominante no Sudeste. “Temos neste encontro culturas aparentemente distantes, mas que hoje habitam um mesmo lugar. Trata-se de uma busca pelo comum também no território da cultura”, completa Guto Borges.

O 46º Festival de Inverno da UFMG, realizado pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG, volta a Belo Horizonte depois de 22 anos de itinerância pelo estado. Assim como toda a programação, as atrações culturais vinculadas ao Festival são gratuitas.

Início das atividades dos Grupos de Trabalho


Às 16h desta sexta, antes mesmo da cerimônia de abertura, o Restaurante Setorial II vai abrigar a Reunião Geral dos Grupos de Trabalho, em que serão definidos os últimos detalhes para o início das atividades dos GTs.


Na sequência, o público é convidado a participar da cerimônia de abertura. Estão convidados para compor a mesa o reitor da UFMG, Jaime Ramírez, a vice-reitora Sandra Goulart de Almeida, a titular da Diretoria de Ação Cultural, Leda Maria Martins, entre outros representantes do Festival e da Universidade.

A professora Luciana de Oliveira, curadora do Festival, lembra uma curiosidade em relação a outras edições que também tiveram o Bem comum como conceito. “Nos anos anteriores, houve uma espécie de apropriação da cerimônia de abertura por parte dos convidados. Lideranças indígenas e expressões afro-brasileiras fizeram danças, cantos, rezas, quebrando o protocolo formal do evento. Tudo de forma espontânea”.

O professor César Guimarães, coordenador do Festival, aponta que esta edição “busca implicar a Universidade nos dilemas que atravessam os nossos modos de vida em comum, fraturados por persistentes processos de exclusão e de produção da desigualdade”.


Para acompanhar as informações do Festival de Inverno da UFMG, acesse o site do evento ou as redes sociais:www.facebook.com/FestivalUFMG ewww.twitter.com/FestivalUFMG.

Fonte: UFMG

quinta-feira, 26 de junho de 2014

UFU recebe etapa da Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América Latina

 Repórter/ Correio de Uberlândia 


Os documentários “As hiper mulheres” (foto), “Kátia” e “Domésticas” também têm sido exibidos em mais de 500 pontos espalhados pelo Brasil. (Foto: Divulgação)

Para celebrar os 65 anos recém-completados da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Uberlândia recebe, pela primeira vez, uma etapa da Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América Latina. O projeto, que é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Cultura, acontece no campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com exibições de três filmes, nesta quinta-feira (26), sexta (27) e sábado (28).

Os documentários “As hiper mulheres”, “Kátia” e “Domésticas” também têm sido exibidos em mais de 500 pontos espalhados pelo Brasil, dentro do cronograma da 8ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América Latina.


A realização da Mostra, em Uberlândia, é fruto da parceria entre a Faculdade de Direito Jacy de Assis, o Grupo Pétala do Instituto de Arte e a Diretoria de Cultura, todos órgãos vinculados à UFU.
Depois das exibições dos documentários, o público poderá participar de uma mesa de debates sobre cada um dos temas exibidos nos filmes.

Importância
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 10 de dezembro de 1948. Embora não seja um documento que representa obrigatoriedade legal, a Declaração serviu como base para que a ONU elaborasse dois tratados sobre direitos humanos, que têm força legal: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Segundo a ONU, a Declaração, com pouco mais de 65 anos, é o documento traduzido no maior número de idiomas. São mais de 400 traduções feitas a partir do texto original, escrito após o fim da 2ª Grande Guerra.

Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, (…) a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…”

Programação
Quinta-feira (26), às 19h
Anfiteatros C e D do bloco 5R do campus Santa Mônica da UFU
“As hiper mulheres”, de Takumã Kuikuro
Sinopse: Com receio que sua esposa já idosa venha a falecer, um velho pede que o sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar mais uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios quando a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.


Sexta-feira (27), às 19h
Anfiteatros C e D do bloco 5R do campus Santa Mônica da UFU
“Kátia”, de Karla Holanda
Sinopse: Kátia Tapety tornou-se a primeira travesti eleita a um cargo político no Brasil – foi vereadora três vezes e vice-prefeita. O filme é resultado de 20 dias de convívio com ela no sertão onde mora – Colônia do Piauí e Oeiras.


Sábado (28), às 19h
Anfiteatros C e D do bloco 5R do campus Santa Mônica da UFU
“Domésticas”, de Gabriel Mascaro
Sinopse: Sete adolescentes assumem a missão de registrar, por uma semana, a sua empregada doméstica e entregar o material bruto para o diretor realizar um filme com essas imagens.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Resguardo de nossa matriz

Exposição “Brasil Indígena – Herança e Arte” reúne utensílios e artefatos de 22 diferentes etnias indígenas


Gustavo Rocha



O intelectual Gilberto Freyre, em seus estudos antropológicos, dividia as matrizes formadoras do povo brasileiro em três: portuguesa, negra e indígena. A última delas sofre um processo histórico de redução, correndo risco, inclusive, de extinção de algumas etnias. Com intuito de mostrar a singularidade e beleza da produção artística de 22 etnias, a exposição “Brasil Indígena – Herança e Arte” abre hoje na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Popular, da Cemig.

“Os indígenas só aparecem – só são lembrados – em disputa por terra, ou lutando por sua sobrevivência, em situações como essa de Belo Monte. Queremos preservar e valorizar sua memória”, destaca o coordenador geral da exposição, Evandro Kelmer.
No total, são 74 peças do acervo do Centro Cultural de Arte Indígena do Brasil representando 22 etnias, por meio de duas grandes classes de artefatos etnográficos.
Na primeira reúnem-se utensílio ligados à subsistência, conforto doméstico e pessoal, artefatos relacionados a atividades agrícolas, de caça e pesca, guerreira, de artesania e transporte. Entre esses, encontram-se cerâmicas, trançados, cordões, tecidos, bancos, armas e utensílios de madeira.
No segundo grupo estão adornos e objetos de uso pessoal, além dos artefatos utilizados em rituais mágicos e lúdicos. Os adornos plumários, eminentemente masculinos, não servem apenas para enfeitar o corpo, podem ser aplicados a outras superfícies como armas, instrumentos musicais, máscaras, e não se restringem apenas a seu caráter decorativo.
Quando criança, Evandro Kelmer, “sem nenhum sangue indígena correndo nas veias e eminentemente europeu” – em suas próprias palavras –, já observava e se interessava por alguns dos objetos “exóticos” que o pai tinha e mal sabia ele que sua curiosidade se transformaria em seu ofício. Além de presidente do Centro Cultural de Arte Indígena do Brasil, ele é responsável pela Moitará, espaço para exposição e venda de artefatos indígenas.Curiosidade.
“Em 1985, eu fui a uma aldeia no Xingu e, depois disso, passava todas as minhas férias em diversas aldeias pelo país. Comecei uma coleção particular e, em 2001, fundei a Moitará”, revela ele. A galeria é responsável por vender artigos produzidos por 50 diferentes etnias indígenas.
Quase 30 anos depois de sua primeira imersão na cultura indígena, Kelmer acredita que a consciência e a preservação dos povos indígenas tenha crescido. Embora pareça contraditório a venda dos produtos provindos das aldeias, ele acredita que o comércio ajuda a preservar as peculiaridades de cada uma delas. “Eles passam a entender que aquele produto é único, por suas particularidades, pela tinta que é vinda da natureza. E embora não sejam consumistas como nós, esse dinheiro complementa a renda das aldeias, seja para trocar um motor de barco ou comprar ferramentas novas”, ressalta o coordenador.
Ainda assim, o progresso vai se aproximando, mesmo das aldeias em regiões mais remotas e isoladas, afirma Kelmer. “É inevitável. O importante é eles não perderem a identidade. Eles podem entrar na internet, assistir televisão, mas não podem perder aquilo que identificam como uma etnia”, alerta ele.
Outro ponto lembrado por Kelmer é a diversidade de povos indígenas ainda presente no Brasil. “Foram catalogadas 241 etnias e 180 línguas distintas”, ressalta. No entanto, ele arrisca levantar pontos em comuns dos indígenas de todo o continente americano. “Os rituais são diferentes, mas eles se centram em quatro momentos principais: o nascimento, ritos de passagem, a comida e a morte”, finaliza ele.
Agenda

O quê.
 “Brasil Indígena - Herança e Arte”
Quando. De hoje até 05 de outubro. Terças, quartas e sextas – 10h às 19h; Quintas-feiras – 12h às 21h; Sábados e Domingos: 12h às 19h
Onde. Cento de Arte Popular da Cemig (rua Gonçalves Dias, 1608, Funcionários)
Quanto. Gratuito
Fonte: Jornal O Tempo


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Fotógrafo Sebastião Salgado pede apoio para a revitalização do Rio Doce

" Se não fizermos alguma coisa, ele irá morrer", alerta o fotógrafo
 Carlos Herculano Lopes


O fotógrafo Sebastião Salgado, que veio a Belo Horizonte para abertura da Exposição Genesis, aproveitou a passagem pela capital mineira para manifestar preocupação com o Rio Doce, um dos mais importantes de Minas. Natural de Aimorés, na Região Leste do estado, Salgado costumava nadar nessas águas quando era criança. Hoje, desenvolve projeto para tentar melhorar as condições do rio. “Temos um projeto para ajudar a revitalizá-lo. O Doce, que é um dos rios mais importantes do Sudeste brasileiro, já foi navegável, tinha uma fundura média de quatro metros, o que hoje é de cerca de 70 centímetros. Se não fizermos alguma coisa ele irá morrer”, disse ontem, em entrevista no Palácio das Artes. “Mas para isso precisamos de ajuda, precisamos de financiamentos para ajudar a recuperar as centenas de nascentes que o formam. Já conseguimos recuperar cerca de 600, mas isso ainda não é o bastante, porque elas são milhares”, acrescentou.

Salgado mencionou também projeto em andamento relacionado aos os índios brasileiros.
Recentemente, o fotógrafo desenvolveu trabalhos com os Ianomâmis e tribos maranhenses. “Por incrível que pareça, no Brasil ainda existem cerca de 100 tribos que não tiveram nenhum contato com os brancos. A Funai tem o mapeamento de todas, e caberá a elas decidir ou não se querem essa aproximação conosco”, afirmou. Em Genesis, podem ser vistas fotos feitas com povos indígenas de estados brasileiros como o Pará e o Mato Grosso, e também da Venezuela.

Na entrevista sobre a Exposição Genesis, que poderá ser visitada pelo público de amanhã até 24 de agosto, na Grande Galeria do Palácio das Artes e na Sala Maris´Stella Tristão, Salgado disse que a ideia de realizá-la nasceu há alguns anos Fazenda Bulcão, em Aimorés. Lá, ele e sua mulher, a arquiteta Lélia Wadick Salgado, criaram o Instituto Terra, projeto de recuperação da Mata Atlântica, que engloba uma área de mais de 700 hectares. Do início dos anos 2000, até hoje, já foram plantadas mais de dois milhões de árvores no local.

“Eu estava muito deprimido após a realização de Êxodus, que foi de 1994 a 1999, tinha viajado muito para várias partes da terra e visto coisas que realmente me deixaram muito triste, muito descrente com o ser humano, pelas coisas horríveis que ele é capaz de fazer. Cheguei até a pensar em deixar a fotografia e voltar para o interior de Minas. Foi quando Lélia, olhando para as terras da fazenda, onde eu tinha passado a infância, me deu a ideia de reflorestarmos tudo aquilo, e em consequência disso veio a vontade de também realizar Genesis, projeto no qual trabalhamos de 2004 a 2011”, contou.

Seleção 

A mostra, com curadoria de Lélia Wadick Salgado, casada há 51 anos com Sebastião Salgado, tem encantado milhares de pessoas em todo o mundo – no Brasil já foi vista no Rio, São Paulo, Santo André e Porto Alegre, antes de chegar à capital mineira. São 245 fotografias, divididas em cinco sessões geográficas. Elas mostram lugares da terra e povos que não tiveram maiores contatos com a civilização. “Não foi fácil fazer a seleção das fotos, entre milhares de originais, mas no final acho que deu certo, e estamos muito felizes em compartilhá-las com os mineiros. Minha mensagem, na essência, é que temos obrigação de ajudar a preservar o planeta. Cada um de nós deve fazer a sua parte. Pelo menos é isso que estamos tentando com nosso trabalho”, disse Lélia.

Sebastião Salgado compartilha com as opiniões da sua mulher, e é otimista em relação ao futuro da Terra. Acredita que o planeta, como um todo, irá sobreviver, pois tem um poder de recuperação muito grande. Basta deixá-lo em paz, que ele se recupera. Já não pensa o mesmo em relação ao homem, que se continuar no ritmo de autodestruição em que se encontra atualmente, tem uma “boa chance”, segundo ele, de desaparecer da face da terra. “O que será uma pena, pois ainda temos muito o que descobrir”, diz.

Aplausos em bate-papo

Depois de entrevista sobre a Exposição Genesis, Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado foram recebidos com empolgação por cerca de 1,7 mil pessoas que lotaram o Grande Teatro do Palácio das Artes, à noite, para participar do projeto Sempre um papo. Os dois foram aplaudidos de pé assim que entraram no local. Na plateia, elogios e alegria por conhecer o fotógrafo mais de perto. “O trabalho de Sebastião Salgado é fundamental para a fotografia brasileira e mundial. A questão dos deslocamentos de população, por exemplo, é assunto relevante e vai ficar marcado para o resto da história da fotografia”, avaliou o gerente-executivo do Grupo Galpão, Fernando Lara. “Salgado é um ícone, uma lenda viva. Quero conhecer um pouco mais dele”, disse a musicista Kátia Rocha. A professora Raquel de Meirelles, por sua vez, definiu o fotógrafo como um gênio. “A imagem dele é carregada de assuntos relativos às questões sociais e isso me toca muito”, afirmou. (Landercy Hemerson)

Fonte: Estado de Minas

quarta-feira, 23 de abril de 2014

UFMG discute inserção indígena



Debate sobre inserção dos indígenas em cursos de formação superior na área da saúde e reunião para apresentar reivindicações relacionadas à entrada e à permanência desses alunos na Universidade encerram esta semana atividades promovidas por estudantes indígenas.

A mesa-redonda O indígena na saúde e a saúde do indígena, que será realizada na tarde desta quinta-feira, 24, no auditório na Escola de Enfermagem, vai discutir a organização do subsistema de saúde indígena e também a forma como esse grupo social contribui ou influencia nos processos de incorporação da diversidade cultural nas suas diferentes dimensões, no ambiente universitário e na formação dos estudantes do ensino superior em geral.

As atividades têm início às 14h, no campus campus Saúde (avenida Alfredo Balena, 190, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte), com mostra de fotografias, canto e filmes sobre a questão indígena. A mesa-redonda acontece das 17h às 19h.

Já na sexta-feira, 25, às 15h, o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi, e outros membros da equipe do Reitorado vão receber comissão composta por estudantes, professores e lideranças indígenas.

A possibilidade de fazer as provas do vestibular na língua de cada etnia, moradia para as comunidades indígenas e criação de conselho consultivo indígena que auxilie a Administração da Universidade na elaboração de políticas específicas são algumas das reivindicações do grupo.

Os eventos são organizados por estudantes indígenas, em parceria com a Comissão de Acompanhamento de Estudantes Indígenas (Caei) da UFMG, coordenada pela professora Lívia de Souza Pancrácio de Errico, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública.

Como explica a professora Shirley de Miranda, da Faculdade de Educação e coordenadora do programa Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei) da UFMG, em abril, por se comemorar no dia 19 o Dia do Índio, as comunidades indígenas costumam realizar eventos que deem visibilidade às suas constantes lutas por sobrevivência e etnodesenvolvimento. “São realizadas comemorações em aldeia, que costumam receber a visita de não-indígenas, numa perspectiva de interculturalidade”, reitera.

A professora da Escola de Música Rosângela Tugny, que desde 2003 pesquisa e divulga a cultura indígena, avalia que o momento atual é “crucial e terrível para os povos indígenas”, que precisam garantir seus direitos.

Para a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, a data é adequada para que a Universidade reflita sobre o que já realiza e o quanto ainda pode fazer. “A acolhida aos indígenas é parte da política de uma Universidade que tem no respeito à diversidade um de seus pilares”, destaca a vice-reitora.

Fonte: UFMG

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Saúde Mental em contexto indígena – Convivendo com as diferenças culturais


Marcelo Abdala e Cacique Raoni, durante a V Conferência Nacional Saúde indígena em Brasília/DF - dezembro 2013 - Foto: Acervo Pessoal


Por  
Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA



A população indígena no Brasil sempre lutou para preservar cultura, crenças e valores. O uso de plantas das florestas e até mesmo “benzimentos” são conhecimentos ancestrais, que os povos indígenas adotaram para curar doenças e são curiosidades até mesmo para a ciência secular.
A saúde mental em contexto indígena é um desafio para o Sistema de Saúde Pública no Brasil (SUS). Mesmo com uma forte influência espiritual, os povos indígenas apresentam carências de atendimento preventivo e humanizado no tratamento de casos de uso e abuso de substâncias e até mesmo suicídios.
Nos dias 4 a 7 de setembro de 2014, na cidade de Manaus(AM), o IV Congresso Brasileiro de Saúde Mental (ABRASME) - "Navegando pelos rios da Saúde Mental da Amazônia: Diversidades culturais, saberes e fazeres do Brasil” - promoverá debates, para futuras ações concretas, com a intenção de potencializar os estudos e estratégias em saúde mental e a valorização das formas tradicionais de atenção à saúde presentes na diversidade cultural.
Para entender um pouco mais a problemática que vem afetando na saúde em contexto indígena, o (En)Cena entrevistou o psicólogo Marcelo Pimentel Abdala Costa, 37, que trabalha com o Programa de Atenção em Saúde Mental no Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro(AM).
Psicólogo, poeta e autor de produções científicas - destaque para o capítulo de um livro no âmbito da Terapia Comunitária Integrativa - Marcelo Abdala acumula conhecimento e vivências nas culturas indígenas. O psicólogo lamenta a falta de conhecimento por parte da sociedade sobre as formas de viver indígenas, relata casos de cura por plantas medicinais, ainda conta detalhes de crenças espirituais e comenta sobre os recentes casos de suicídio em aldeias na Ilha do Bananal (TO).

(En)Cena - O IV Congresso Brasileiro de Saúde Mental (ABRASME) tem como  tema "Navegando pelos rios da Saúde Mental da Amazônia: Diversidades culturais, saberes e fazeres do Brasil”. O que o senhor espera de conquistas pelo evento?
Marcelo Abdala - Como profissional do campo da saúde mental e da saúde indígena, espero que este Congresso possa oferecer amplo debate sobre temas como atenção à pessoa indígena e, sobretudo, problematizar categorias médico-psiquiátricas como relativas e culturais, considerando os modelos de origem da humanidade, visão de mundo, processo saúde/doença e formas tradicionais de atenção à saúde presentes em diferentes culturas.

(En)Cena  – Quando e o que motivou o senhor a trabalhar saúde mental com indígenas?
Marcelo Abdala - O contato que tive com os povos indígenas teve início no Estado do Ceará, a partir de 2009, quando tive a oportunidade de trabalhar no Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária (Projeto 4 Varas) e em Movimento de Saúde Mental Comunitária. Considerando a minha história de vida, a partir do trabalho voluntário em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), em diferentes Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) até em um Projeto de Formação de Lideranças Indígenas... O que me motivou a trabalhar com o tema da saúde mental em contexto indígena foram os olhares diferentes sobre o mundo e formas tradicionais de cuidado que não as que estamos acostumados. Para mim, benzimento, 'pajelança', uso de plantas, ervas e raízes e todo um conjunto de instrumentos ritualísticos para a atenção e o  cuidado  constituem, também, formas legítimas de se cuidar da saúde e por isso devem ser integradas, reconhecidas e valorizadas.

(En)Cena – Como é a aceitação e conhecimento por parte dos indígenas com as equipes de saúde mental? Existe alguma dificuldade para aceitar os programas de saúde pública?
Marcelo Abdala - Quando cheguei no Rio Negro (AM), havia desconhecimento do que era o trabalho do profissional de psicologia e das ações referentes ao Programa de Saúde Mental. Todavia, ao contextualizarmos a prática e sua diferença em relação às atividades de outros profissionais, ela tem sido aceita, sobretudo porque escuta os olhares, respeita as diferentes culturas e reconhece o processo de saúde e doença de cada povo.

Reunião de Conselho distrital de saúde indígena na aldeia
Foto: Acervo Pessoal

(En)Cena – Devido à distância das aldeias indígenas dos centros urbanos, quais são as estratégias das equipes de saúde da família em atendimento a saúde mental indígena?
Marcelo Abdala - O que especifica a Saúde Indígena  - e a diferencia de outra estratégia - é exatamente chegar até a pessoa indígena em lugares de muito difícil acesso. As equipes se deslocam de 'voadeira', avião, 'rabeta' e algumas vezes caminham na mata para acessar outros povos que residem no interior da floresta. Em relação ao que chamo de 'Saúde Mental em Contexto Indígena', as diferentes equipes procuram realizar rodas de conversa, com orientação do profissional de psicologia, notificar situações de violência, suicídio e tentativa de suicídio e acompanhar usuários de medicação psicotrópica. Todavia, a estratégia que mais se aproxima das diferentes complexidades é a compreensão de diferentes práticas indígenas e o trabalho conjunto com os cuidadores tradicionais.

(En)Cena – Há uma prática de saúde mental especificamente indígena em sua área de trabalho, ou podemos pensar o conceito de saúde mental para os mesmos parâmetros da população em geral?
Marcelo Abdala - Não podemos pensar em 'saúde mental em contexto indígena' tal como pensamos em saúde mental para a população em geral. Os modelos e representações de mundo, de humanidade, pessoa, animal, espírito, como disse, são diferentes para cada povo e sobretudo para a população em geral, que se baseia, por sua vez, em um modelo biomédico, considerando a sociedade capitalista e tardo moderna. O que consideramos como prática de 'saúde mental em contexto indígena', constitui tudo aquilo que , segundo as tradições, crenças e valores indígenas, promovem 'integração' e é estruturante para o povo. Por exemplo: poderíamos considerar como uma prática de saúde mental em contexto indígena um ritual de passagem, uma prática 'xamânica', o benzimento da criança que lhe confere um nome e proteção durante à vida, ou mesmo, uma associação de mulheres indígenas que produz artesanatos coletivamente.

(En)Cena – Como são percebidas questões altamente complexas como o sexo e adolescência na sua área de atuação?
Marcelo Abdala - Os jovens indígenas iniciam sua vida sexual “cedo”, de acordo com  nossos parâmetros e costumes sociais. Para eles está no momento certo. É preciso entender que os povos indígenas possuem modos de organização social diferentes da sociedade moderna. Sendo assim, a iniciação à vida sexual acontece mais cedo do que acontece, talvez, hoje, com a sociedade envolvente. Todavia, a cultura dá as normas e sentido (referências),  a partir dos ritos de passagem, que a personagem mulher deve concretizar. Muito diferente da sociedade tardo moderna que erotiza a infância com a moda e as propagandas. Na cidade, é um problema, porque tem outro sentido. Na aldeia, tem resguardo, reclusão, dieta alimentar e rito de passagem. A questão é simbólica. Adquire sentido. Não tem para os indígenas o mesmo sentido que tem para a sociedade não indígena. Essa é a questão.

(En)Cena – A Ilha do Bananal, no estado do Tocantins - considerada a maior ilha fluvial do mundo - tem características de povoamento indígena, e nos últimos anos foram registrados casos sucessivos de suicídio indígena, causando preocupação em certa parte da sociedade que tomou conhecimento do assunto. Diante disso, o senhor tem conhecimento desses relatos, e como seria o diagnóstico da situação e as primeiras estratégias de ação da saúde pública?   
Marcelo Abdala - A questão do suicídio indígena, assim como a 'alcoolização' constituem problema grave entre a população indígena na contemporaneidade. E isto tem a ver como a sociedade tardo moderna se (des)estrutura hoje. Isso tem a ver com a RELAÇÃO entre o 'branco' e o indígena. No meu ponto de vista, chega a ser um paradoxo, a causa de “preocupação”, se pensarmos como a sociedade não indígena se vê, em relação à violência, ao consumo de álcool, à personagem adolescente, idoso, negro, indígena... Basta refletirmos sobre o que a sociedade pensa sobre as terras indígenas e modos de vida tradicionais. Isso, certamente, influencia o modo de vida de diferentes povos, inclusive o indígena. A sociedade em que vivemos é uma sociedade perversa, capitalista, individualista, canibal. O diferente, para eles – indígenas - não são eles mesmos. Somos nós, estrangeiros... O que o Estado realiza para dar conta de um mal que ele produziu foi criar, provavelmente, um sistema (Lei Arouca) que prevê atenção diferenciada aos povos indígenas. Ações concretas se definem em potencializar a cultura, crenças e valores que a história negou, e reforçar o que é positivo e que produz 'saúde', claro, a partir do ponto de vista do outro (indígena).

(En)Cena – Qual a relação entre espiritualidade e saúde mental indígena? 
Marcelo Abdala - O conceito que construímos para 'espiritualidade' também é outro para os povos indígenas. É por isso que não uso o termo  'saúde mental indígena' e sim 'saúde mental em contexto indígena'. Entretanto, ainda buscamos um termo que se aproxime das diferentes realidades culturais. Quero dizer, que não há essa conotação em nenhuma cosmologia indígena. Todavia, o 'benzimento', a 'pajelança', o 'xamanismo', o uso de substâncias psicoativas utilizadas pelos pajés, os espíritos, por promover saúde e tratar de doenças, tradicionais ou não, constituem, para nós,  práticas de 'saúde mental em contexto indígena' e que portanto, devem ser valorizadas e reconhecidas, também como práticas de sua espiritualidade. Para os indígenas, os espíritos estão nos animais, nas plantas, na floresta. Para eles,  a relação com os espíritos, é que vai determinar a possibilidade de 'cura' das doenças. A doença, provavelmente não existe no corpo, é causada por um espírito,  por um feitiço, por um 'estrago'. E a saúde também seguirá por aí.

(En)Cena – Sua vivência com terapia comunitária chegou além da técnica e da prática, o senhor usa dos artifícios da arte para expor a saúde mental e suas complexidades. No seu poema “A Terapia do Cotidiano”, o que o senhor espera transmitir para o leitor?
Marcelo Abdala - Antes de tudo, agradeço a leitura do poema! Preciso dizer que este poema está relacionado, precisamente, à metodologia da Terapia Comunitária enquanto lugar de encontro de pessoas, de humanidades. Falar das coisas da vida junto com os 'outros' constitui o que o título do poema nomeia: 'A Terapia do Cotidiano”. Todavia, se pudéssemos transpor o motivo do poema para o tema da entrevista, poderia dizer que precisamos conviver com a diferença, conhecer os contextos, vivenciar a alteridade, reconhecer pontos de vista diferentes. No contexto indígena, precisamos vivenciar a relação, fazer “(...) o cotidiano com eles”, comer sua comida, tomar sua bebida, nadar no rio e ouvir suas histórias. É isso.

Reunião de responsáveis técnicos do Programa de Saúde Mental dos distritos sanitários especiais indígenas do Brasil – em Brasília - Foto: Acervo Pessoal

(En)Cena - Qual relato de tratamento da saúde mental indígena que o faz tornar inesquecível em toda a sua experiência?
Marcelo Abdala - Bom, considerando o uso de plantas, ou seja, a medicina tradicional como uma prática de saúde mental em contexto indígena, relato aqui a que ouvi esta semana de um enfermeiro. Trazia uma criança de dois meses de vida, quase sem vida. Faltava-lhe o sopro. Seu coração batia cada vez mais devagar. Ao pararem em outra aldeia, rapidamente uma senhora pegou uma folha e tirando a seiva dela, com uma seringa, deu para a criança beber. Espalhou um pouco no peito e no nariz. Em menos de 30 minutos a criança já dava sinais de vida que antes perdia. Em outra ocasião estávamos em uma aldeia realizando um Projeto de Saúde Mental para as populações indígenas. Numa noite, todos se reuniram em volta do fogo, velhos, crianças, mulheres, para relembrar as histórias, tomar o Caapi (conhecido popularmente como Ayahuasca). As mulheres cantavam as 'lamentações' em suas línguas, falando do amor de uma indígena por um 'branco'. Encorajavam, seus filhos, a beberem o Caapi, por se tratar de bebida de conhecimento. O mais velho, benzia o cigarro e contava as histórias sobre a origem da humanidade, do mundo, das doenças, da vida...

(En)Cena – Na sua opinião, qual a perspectiva do futuro da saúde mental indígena?
Marcelo Abdala - Atualmente, o tema da 'saúde mental em contexto indígena' tem sido discutido amplamente em Conselhos Regionais de Psicologia, em encontros regionais e agora em um Congresso Brasileiro de Saúde Mental, não por acaso, mas no Norte do País. Espero que a partir daqui, possamos ampliar nossa visão de mundos e agregar outras práticas não convencionais de cuidado e atenção à saúde. Para isso, precisamos compreender, nós todos, que terra, planta, rio e peixe, maloca, fumaça e espírito, também é saúde mental!        

“A Terapia do Cotidiano”
Farei meu cotidiano com eles,
Nossa terapia comunitária.
Se não houver cadeiras,
Usaremos tijolos.
Se não houver salas,
Sentaremos à beira do riacho,
Debaixo de uma mangueira...
Trataremos apenas do possível, sem segredos.
Falaremos de coisas simples,
Do nosso dia-a-dia.
A noite mal dormida,
Um amor que partiu,
Um sonho que não se realizou...
Cantaremos juntos, nossas cantigas,
Aquelas que ouvimos desde criança,
Ou aquelas que encantam os nossos corações
E embalam nossa carência afetiva...
Vamos celebrar a vida,
Cantando e batendo palmas...
Pois é assim que se celebra,
Com alegria e felicidade, ritmo e poesia...
Autor: Marcelo Pimentel Abdala Costa


Serviço:
Conheça a ABRASME e o IV Congresso Brasileiro de Saúde Mental, acesse o link: http://www.congresso2014.abrasme.org.br/conteudo/view?ID_CONTEUDO=715

sexta-feira, 14 de março de 2014

Arquiteto indígena do Xingú vira professor em universidade de Brasília



Especialista na construção residencial tradicional da tribo Kamayurá do Alto Xingú, o arquiteto indígena, Maniwa Kamayurá foi um dos mestres da disciplina de Artes e Oficios dos Saberes Tradicionais oferecida pela Universidade de Brasília (UnB). O projeto Encontro de Saberes, realizado em parceria com a SID/MinC teve o objetivo de levar aos alunos universitários o conhecimento arquitetônico presente na cultura indígena.

Maniwa e seu filho passaram cerca de duas semanas em Brasília compartilhando com os alunos um pouco do conhecimento milenar de seu povo. Na atividade principal, os índios e os alunos construíram uma maquete do que seria uma moradia tradicional Kamayurá, feita com materiais orgânicos e fibras, praticamente a mão quase sem utilizar ferramentas.

A construção original que dura um período de 15 a 20 anos, leva cerca de 7 meses para ficar pronta e segundo o mestre, tem uma estrutura inspirada na anatomia do ser humano, com costelas, pés e peito. "A gente faz uma pessoa e essa casa não é inventada, ela vem de nossos avôs. Só a família mora na casa, sogra, filhos, genro, tios, netos".

Segundo o professor da universidade, Jaime Almeida, a arquitetura indígena faz parte de uma relação direta entre seu construtor, sua família e a comunidade. A construção das casas é trocada por comida e, além disso, os arquitetos índios passam a ter um reconhecimento social na comunidade por serem "pessoas de talento".

A estudante do curso de arquitetura e urbanismo, Lívia Brandão foi uma das participantes da disciplina e aprovou as aulas do mestre Maniwa. "É uma oportunidade inédita para nós estudantes termos acesso a forma de construção de outros povos. É incrível como eles tem a capacidade de construir as suas próprias casas e como elas são perfeitas na relação com a temperatura, luminosidade e relação com a natureza. O modelo que a gente busca, de sustentabilidade eles já aplicam há muito tempo, porque se entendem parte dessa casa, dos materiais que são usados por eles. Ter acesso a essa sabedoria e a essa historicidade é um privilégio".



Assista ao vídeo sobre a aula: http://vimeo.com/18017653


Fonte: Arquitetura Sustentável , 20/02/3014

Nota do Blog da Rede Saúde e Cultura de Minas Gerais: a matéria se refere à Edição 2010 - Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais. Saiba mais AQUI

Leia também: UFPA desenvolve Projeto Encontro de Saberes em parceira com UNB

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Hoje tem início a 5a Conferência Nacional de Saúde Indígena! Acompanhe!

O Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) realizam a 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI) na próxima semana (2 a 6/12), no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pela presidente do CNS, Maria do Socorro abrem o evento, às 19 horas, de segunda-feira (2).

Participarão cerca de 2 mil pessoas entre delegados, convidados, usuários e trabalhadores da Saúde Indígena.  O tema central é Subsistema de Atenção à Saúde Indígena e SUS: Direito, Acesso, Diversidade e Atenção Diferenciada. Para o evento nacional, foram realizadas 306 conferências locais, 34 conferências distritais, com a participação de indígenas e não indígenas, abrangendo 305 etnias que estão distribuídas em todo território brasileiro.

Para credenciamento, acesse aqui. Os profissionais de imprensa podem se inscrever até 12 horas da próxima sexta-feira (29). As credenciais serão entregues no dia 2, no local do evento.

A abertura do evento será acompanhada ao vivo pela TV NBR, pela Web Rádio Saúde e pela Rádio Nacional da Amazônia.

5ª. Conferência Nacional de Saúde Indígena
Data: de 2 a 6/12
Horário: das 9h às 19 horas
Abertura: às 19 horas do da 2/12 (segunda-feira)
Local: Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB)
Endereço: Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2, Conjunto 63, Lote 50, em Brasília - DF

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Prêmio para aquisição de Cabanas de Ritos para Comunidades Indígenas em Minas Gerais - Inscrições até 22 de novembro

A Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Ação Cultural, publica hoje (13-11) no Diário Oficial do Estado, ‘Minas Gerais’, o edital de Prêmio para aquisição de Cabanas de Ritos para Comunidades Indígenas Aldeadas, que está inserido no Programa de Apoio à Cultura Popular.

O prazo para a inscrição de propostas é de 14 a 22 de novembro.

É considerada Comunidade Indígena Aldeada aquela que tenha ascendência pré-colombiana que se auto-reconhece como indígena e também reconhecida pelo coletivo, e que vive em suas respectivas áreas tradicionais ou reservas.

O apoio dado a essas comunidades será através de premiação em dinheiro que deverá ser utilizado na aquisição de Cabana de Ritos e/ou equipamentos para sua estruturação, como forma de contribuir para a preservação dos Ritos das Comunidades Indígenas Aldeadas. Serão distribuídos, ao todo, 11 prêmios no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais) cada.

Arquivos para download:

Edital indígena 2013
Folha de Protocolo
Formulário Padrão

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Fosso entre indígenas e não indígenas mostra desafios a serem debatidos na 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Doenças já minimizadas na maior parte da população brasileira, como diarreia e desnutrição, persistem com relevância nos indicadores de morbimortalidade das populações indígenas ao mesmo tempo em que agravos contemporâneos, como hipertensão e cânceres, despontam com intensidade nas estatísticas vitais. Às vésperas da 5ª Conferência Nacional de Saúde indígena, que será realizada entre 02 e 06 de dezembro, em Brasília, o Grupo Temático da Abrasco Saúde Indígena (GTSI) lança documento que aponta os desafios a serem enfrentados para a garantia da integralidade e equidade das condições da prestação da saúde aos povos originais do território brasileiro.
O descaso histórico, a espoliação fundiária e cultural e o forte processo de pauperização das cerca de 300 etnias indígenas presentes no país levaram ao atual estado de saúde desses povos, segundo Carlos Coimbra Jr. e Paulo Basta, pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz) e membros do GTSI. “O cenário indígena está, pelo menos, meio século atrás dos dados nacionais de saúde”, afirma Coimbra.
Números do documento intitulado Contribuições da Abrasco ao debate sobre a política de Saúde Indígena apontam que a taxa de mortalidade infantil das populações indígenas é expressivamente maior do que a média nacional (51,4 contra 30,1 óbitos de menores de um ano para cada grupo de mil nascidos vivos – dados do Censo de 2010). Um olhar ainda mais atento aponta problemas originários no período perinatal e doenças infecciosas e parasitárias como as principais causas da mortalidade, perdas essas que poderiam ter sido evitadas com investimentos na Atenção Primária. Dados recentes de alguns distritos sanitários especiais indígenas (DSEI), como o de Mato Grosso do Sul, indicam aumento de 43,5% da mortalidade infantil em 2013, em comparação aos dados notificados no ano passado.
A situação da saúde dos índios adultos não é menos preocupante. A falta de acompanhamento para com o subsistema fica clara com a prevalência de “causas mal definidas” nas notificações de mortalidade.  As informações são do Sistema de Informação de Atenção à Saúde indígena (SIASI) e referem-se ao ano de 2002. Na sequência, despontam as causas externas, como suicídio, acidentes e agressões. São visíveis também as crescentes notificações de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, formando um cenário no qual velhos problemas motivados, principalmente, pela falta de saneamento se acumulam aos agravos decorrentes da violência e mudanças no padrão societário, tanto nos hábitos alimentares quanto na imposição de valores da sociedade envolvente, deixando-os à margem da cidadania.
Gestão e desafios: Tanto sob a ótica dos indicadores epidemiológicos quanto da gestão, os problemas nos DSEI são variados e complexos, afirmam os pesquisadores. Fruto da atuação das lideranças indígenas e de sanitaristas, o subsistema de saúde indígena foi criado em 1999 pela lei nº 9.836 (Lei Arouca). Passados mais de 10 anos, sua estruturação ainda não se mostrou capaz de atender integralmente às etnias nem sanar o fosso entre a saúde de índios e não índios. Entre os principais problemas, listam-se a insuficiente clareza no desenho e estrutura organizacional, com prejuízos que afetam as ações de Atenção Primária; repasse quase que integral dos recursos e da implementação das ações para um limitado número de fundações privadas e a pouca articulação intersetorial, além de acanhada gestão participativa. Esses dois últimos pontos foram evidenciados durante as conferências distritais e locais. Ao invés de se valorizar o espaço das aldeias, os encontros foram realizados em hotéis e, ao final dos eventos, a troca de experiências, segundo os próprios indígenas, pouco foi valorizada nas sistematizações  das relatorias.
Para Basta, também representante da Abrasco na Comissão Intersetorial de Saúde Indígena, órgão de assessoramento do Conselho Nacional de Saúde (CISI/CNS), um dos desafios da 5ª Conferência é fomentar a discussão sobre a autonomia dos DSEI na execução das ações em saúde nas aldeias, contando com efetivo protagonismo social dos indígenas. “Essa autonomia é necessária para enfrentar as especificidades e diferenças regionais de cada distrito e realizar uma melhor gestão dos recursos, incentivando o empoderamento dos indígenas e a atuação participativa das comunidades, em busca de melhores resultados de saúde”.


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