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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna

Hoje, 28 de maio, é a data que marca o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. O principal objetivo é chamar a atenção da sociedade brasileira para o problema das mortes maternas e ampliar o debate público sobre os direitos das mulheres.
Usem suas redes sociais para dar visibilidade a esse problema sério, que mata diariamente cerca de 800 mulheres no mundo.
Utilizem a hashtag ‪#‎mortematernanão‬ e compartilhem informações, casos, dados, sobre o tema. Mobilize-se!



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Justiça proíbe taxa de disponibilidade para parto em plano de saúde no ES

Decisão vale para Unimed de Vitória e abre precedente favorável aos consumidores Responsável pela liminar, a juíza Rozeana Martins de Oliveria, da 2ª Vara Cível de Vitória, determinou que as clientes da Unimed Vitória possam escolher gratuitamente o médico com quem querem realizar o parto, e serem ressarcidas se houver alguma cobrança.

Rozeana lembrou que as clientes dos planos de saúde com cobertura de parto já pagam mais caro – de 11% a 15% em média, de acordo com a faixa etária, segundo com dados da ANS – e que o silêncio dos planos de saúde sobre a taxa de disponibilidade "coloca o consumidor em uma situação de precariedade".

"Quando a gestante é cobrada, ela está numa situação emocional diferente, está preocupada com o estado de saúde seu e do filho", diz a promotora Sandra. "Recebemos consumidoras que vinham prestar depoimento e começavam a chorar. A maioria não queria nem falar o nome do médico [ por medo de represália ]", afirma.

Conselho apóia cobrança
A taxa de disponibilidade geralmente é exigida quando as pacientes querem que o parto seja feito por um médico de confiança – por exemplo, aquele que acompanhou a gestação –, e não por um plantonista. A cobrança é feita tanto em casos de parto normal quanto de cesariana, segundo a promotora Sandra.

No início de 2012, o Conselho Federal de Medicina (CFM) deu sinal verde à prática ao dizer que a taxa de disponibilidade não é antiética. Entre os argumentos está a "baixa remuneração" dos médicos, as "condições de trabalho ruins" e a falta de uma "remuneração de disponibilidade" para que o médico possa acompanhar o parto de sua paciente feito por um plantonista.

Procurado no fim da tarde desta segunda-feira (9), o CFM não se pronunciou sobre a decisão da Justiça.

"Já informamos vários casos à ANS", diz Sandra, do MP-ES, para quem a taxa é ilegal mesmo que esteja prevista em contrato. " O que foi mencionado [ em audiência pública da qual participou um representante da agência ] é que a ANS instauraria procedimento administrativo e que, dali, muito provavelmente, decorreria aplicação de sanção, multa", disse.

Procurada, a ANS apenas reafirmou a proibição da cobrança, mas não informou se já houve punições a operadoras em razão da cobrança.

Associações desconhecem a prática 
As associações de operadoras argumentam que a taxa de disponibilidade não está prevista na lista obrigatória de procedimentos que devem ser cobertos por todas as operadoras, o chamado Rol de Procedimentos.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) – que reúne os 17 grandes grupos do setor – diz ser contrária  a toda cobrança "que não esteja prevista em contrato ou esteja em desacordo com a legislação e regulamentação vigente". 

A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) – grupo de operadoras menores, mas do qual também faz parte o Grupo Amil, o maior do setor – e a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) – representante pelos planos fechados (como os de sindicatos) – informam desconhecer a prática.

A Unimed de Vitória não quis comentar a decisão judicial.

Fonte: BrasilSUS

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Recomendado pela OMS há décadas, plano de parto ainda é desconhecido no Brasil

Não é apenas a gestante que desconhece esse direito; médicos e hospitais no país não adotam a conduta. Mas o plano de parto é tão importante que pertence à categoria prioritária de recomendações da Organização Mundial de Saúde para melhorar o nível do atendimento a mães e recém-nascidos em todo o mundo.

Autora do blog 'Dadadá' e grávida de 6 meses de Francisco, Gabriella Sallit já é mãe de João e é advogada com atuação na área de direitos reprodutivos. Foi através de um post em sua página que as atuais onze mulheres  se reuniram para divulgar o plano de parto nos hospitais de BH (Arquivo Pessoal)

Autora do blog 'Dadadá' e grávida de 6 meses de Francisco, Gabriella Sallit já é mãe de João e é advogada com atuação na área de direitos reprodutivos. Foi através de um post em sua página que as atuais onze mulheres se reuniram para divulgar o plano de parto nos hospitais de BH

Onze mulheres grávidas. Elas querem ser protagonistas do nascimento de seus filhos. Elas lutam para garantir que seus direitos sejam respeitados na hora parto. Elas não aceitam ser submetidas a práticas adotadas indiscriminadamente Brasil afora e sem nenhum respaldo científico. Elas se assustam com o índice de cesarianas praticadas por aqui: 82% na rede privada e 37% na pública - a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o índice de 15%. Elas sonham alto: querem ajudar a colocar o país no mapa daqueles que são referência em parto humanizado.

Na semana passada se reuniram e decidiram “começar do começo”. Cada uma delas formalizou o seu plano de parto e os onze documentos serão entregues nas 15 maternidades de Belo Horizonte. O objetivo é impactar essas instituições para uma conduta preconizada pela OMS desde 1986 e que está completamente esquecida por aqui. A administradora Juliana de Souza Matos, 34 anos, grávida de João Vítor, é uma delas. Como já tinha uma visita agendada na maternidade Santa Fé para conhecer a estrutura do lugar, aproveitou a oportunidade para iniciar o mutirão de entrega. “Quero protocolar o meu plano de parto, falei com a moça que me recebeu. ‘Plano de quê?’, ela me respondeu e ficou folheando as páginas sem entender do que se tratava. Ela não sabia. Então eu disse que gostaria que fossem entregues ao diretor clínico e que ele repassasse aos profissionais que fazem o atendimento às gestantes. Não senti segurança de que ela irá entregar. Só vou ter confiança se alguém do hospital fizer um contato comigo”, narra.

'Queremos mostrar que as mulheres têm desejos que têm que ser respeitados. Esse mutirão é uma tentativa de conscientizar as maternidades de que é preciso mudar não apenas as suas estruturas, mas a cabeça de médicos, enfermeiros, neonatologistas e anestesistas', deseja a mãe de João Vítor. (Arquivo Pessoal )

"Queremos mostrar que as mulheres têm desejos que têm que ser respeitados. Esse mutirão é uma tentativa de conscientizar as maternidades de que é preciso mudar não apenas as suas estruturas, mas a cabeça de médicos, enfermeiros, neonatologistas e anestesistas", deseja a mãe de João Vítor.

O desconhecimento não é exclusividade do Santa Fé ou das maternidades da capital mineira. Simplesmente não faz parte da história do pré-natal das mulheres brasileiras. “Eu acho até engraçado porque tem hospital que pensa que é alguma coisa financeira. As pessoas conhecem muito pouco. O plano de parto serve para conscientizar a mulher de que ela pode se orientar a respeito das opções existentes e definir o que ela deseja. No fundo, é um incentivo para o aumento do número de partos normais”, afirma a presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG-MG), Maria Inês de Miranda Lima.

Mas o que é, afinal? 
O documento da OMS ‘Care in Normal Birth: a practical guide’ (Atenção no parto normal: um guia prático, em tradução livre), (clique aqui e veja a versão em inglês e em espanhol) preconiza as boas práticas para o parto normal. Para se ter uma ideia da importância do plano de parto, ele é o primeiro item dos processos que a instituição considera como “claramente úteis e que devem ser encorajados”. No guia, as rotinas são hierarquizadas pela relevância em A, B, C ou D. Resumindo: o plano de parto é o item 1 da categoria A (veja).

Elaborar esse documento - que é uma lista que inclui, por exemplo, o lugar onde a mulher quer ter o bebê, quem estará presente na hora do parto, quais os procedimentos médicos que a mulher aceita e quais ela quer evitar para ela e para o bebê, a posição em que deseja parir, se ela quer se alimentar durante o trabalho de parto e até que música gostaria de ouvir – significa pensar e refletir sobre o assunto. Quando a mulher se dispõe a isso automaticamente começa a buscar informações sobre os tipos de parto e consegue optar conscientemente por aquele que considera melhor. “A paciente vai intervir até quando isso não oferecer risco para ela ou para o bebê. A função do obstetra é classificar esse risco”, lembra a presidente da SOGIMIG.

Um dado importante nesse contexto é que, ao contrário do que se pensa, a mulher brasileira, no início da gravidez, prefere o parto normal, mais de 70% delas. Ao longo do pré-natal essa vontade é minada pelos mitos fortemente consolidados para se justificar a cesariana no Brasil. O mais assustador, entre eles, é o tal do cordão enrolado no pescoço. “A insegurança e o medo são tão desproporcionais que as pessoas param de pensar: o bebê respira pelo umbigo”, fala a autora do blog Dadadá e advogada que atua na área de direitos reprodutivos, Gabriella Sallit. Foi através de um post em sua página (clique e veja) que as atuais onze mulheres – quem se interessar pode participar – se reuniram para divulgar o plano de parto nos hospitais de BH. “Queremos causar um rebuliço, fazer as pessoas pensarem sobre isso, provocar desconforto nas instituições e iniciar um diálogo”, afirma.



Violência obstétrica: plano de parto pode ser usado como prova 
Há quem desconheça – incluindo profissionais de saúde – ou mesmo quem duvide de sua existência, mas pesquisa de 2010 da Fundação Perseu Abramo mostra que uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto (clique a acesse a íntegra do documento).

Violência obstétrica é qualquer ato ou intervenção praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher grávida, parturiente ou que deu a luz recentemente que desrespeita sua integridade física, mental, seus sentimentos, opções e preferências. O conceito internacional abrange também os direitos do bebê e, no Brasil, nem a lei do acompanhante é respeitada.

Pediatra, epidemiologista e coordenadora da Comissão Perinatal da secretaria municipal de saúde de Belo Horizonte, Sônia Lansky afirma que a lei brasileira, de 2005, contempla também o setor privado. “O acompanhante traz conforto, segurança, tranquilidade, tudo que ajuda a mulher a se sentir bem para liberar a ocitocina, hormônio que é responsável pela evolução natural do parto. Garante que a mulher vai ter acesso a tudo o que ela precisa, que ninguém vai fazer com ela o que não dever ser feito”, diz. Para ela, é uma questão de direitos humanos. “O acompanhante é quem advoga e defende mulher, é quem vai negociar as práticas e intervenções que poderão ser feitas com ela. Quando a mulher está acompanhada, ela sofre menos maus tratos. Não se pode abrir mão desse direito e ninguém pode refutá-lo sob nenhum aspecto: legal, humano e científico”, completa.


A advogada que atua na área de direitos reprodutivos, Gabriella Sallit, diz que o número de processos de violência obstétrica tem crescido no país. Isso significa que as mulheres estão tomando consciência de seus direitos e lutando contra as irregularidades. No entanto, um dos principais desafios é provar que a violência obstétrica foi praticada. Por isso, Sallit aponta o plano de parto protocolizado no hospital como uma importante ferramenta não só para garantir que os desejos da mulher serão respeitados, mas também para servir como prova em caso de processo. “O plano de parto é a chance de a mulher ter prova construída”, afirma. Mas se o hospital se negar a receber? “Notifica via cartório que a maternidade será obrigada a receber. Marque uma reunião com o diretor clínico. Não desista na primeira tentativa”, responde a especialista.

Assista ao documentário ‘Violência Obstétrica: a voz das brasileiras’:





PPP: do que se trata 
O Sistema Único de Saúde autorizou recentemente as salas de PPP (pré-parto, parto e pós-parto) para o sistema público. Esse tipo de quarto é um ambiente único onde a gestante vai ficar durante as três fases do parto, mas a ausência dessa estrutura física ainda dificulta o parto humanizado no país. Os hospitais privados também estão se organizando para oferecer essa opção às mulheres.

Em Belo Horizonte, os hospitais Sofia Feldman e o Risoleta Tolentino Neves já têm as práticas humanizadas. Uma maternidade que está sendo construída em Venda Nova terá, segundo Sônia Lansky, seis quartos individuais cada um com uma banheira. A Maternidade Odete Valadares também oferece um quarto individual para as gestantes. Outros cinco hospitais do SUS estão se adaptando à normativa de parto e nascimento. Sônia diz ainda que todos vão fazer reforma com recurso do projeto Rede Cegonha (clique e conheça). “Isso é lei, a mulher tem direito a um quarto privativo para o parto”, fala. Na rede privada, Mater Dei, Santa Fé e Unimed oferecem o PPP.



Para a coordenadora da Comissão Perinatal da secretaria municipal de saúde, do ponto de vista de um gestor de serviço, qualquer quarto de maternidade poderia se tornar um PPP para que não houvesse a necessidade de a mulher ir para um bloco cirúrgico.

Para pensar antes de se decidir
Excesso de exame de toque – no pré-natal e no trabalho de parto -, episiotomia, ocitocina artificial, ficar de jejum durante o parto, lavagem intestinal. Esses são alguns exemplos das práticas que são adotados como rotina no Brasil, mas que não existe nenhuma evidência científica que justifica a adoção desses protocolos de atendimento.

Sônia Lansky diz que o país vive um distanciamento muito grande do que é preconizado pela OMS como boas práticas da obstetrícia e da neonatologia, com evidências científicas consolidadas. “Vemos a banalização da cesariana no Brasil, 56% dos bebês nascem por uma cirurgia de extração fetal e a recomendação é muito precisa, a cesariana deveria ser exceção e o índice brasileiro estar em torno de 15%”, diz. As razões para esse número assustador são multicêntricas e vai desde à comodidade, passando pela conveniência profissional até chegar ao interesse financeiro. Segundo Sônia, a cesárea eletiva é boa para o hospital porque é uma forma de deixar tudo organizado, de manter a ocupação alta. “Ninguém questiona os indicadores do serviço, não há sequer regulação suficiente do setor público e muitas vezes a mulher atua passivamente ou é manipulada a fazer uma cesariana desnecessária, mas toda mulher e todo bebê têm direito ao acesso ao melhor do conhecimento científico atual”, afirma.

Para ela, a cultura da cesariana desconsidera os riscos de uma grande cirurgia que interfere, por exemplo, no aleitamento materno. “Bebê que nasce de cesariana tem mais chance de ter asma porque não teve contato com as bactérias do corpo da mãe, especificamente da vagina, que desencadeia um melhor sistema imunológico. Esses bebês também têm mais chance de ter doenças alérgicas, maior risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares”, cita. No caso da mulher, a depressão pós-parto está associada à cesariana.

Mãe e bebê sempre juntos 
Outra prática muito comum nos hospitais brasileiros é separar mãe e bebê após o nascimento. “Há que ter uma razão muito séria para isso. Não precisa pressa para cortar o cordão umbilical. A norma é apenas secar o bebê por cima da pele. É um momento muito precioso da vida do bebê, ele está alerta, ativo, é o procedimento médico interferindo na capacidade de o bebê ver a própria mãe. A primeira hora após o nascimento é um período sensível de reconhecimento da mãe. Deixar mãe e bebê juntos é promoção de saúde, é redução de violência. Laços profundos se fazem nesse momento. O pai também se envolve e é afetado por tudo isso”, alerta Sônia Lansky.

O caminho da mudança 
Para Sônia, essa sucessão de equívocos precisa ser corrigida nas universidades e nos hospitais universitários para que o Brasil reveja seus protocolos, cada vez mais difíceis de serem justificadas diante do conhecimento científico consolidado na literatura médica. “A OMS recomenda que o parto normal transcorra em sua plena fisiologia. Qualquer intervenção precisa de justificativa. A episiotomia só é fundamentada em 12% dos casos. Ruptura de bolsa no início do trabalho de parto também é procedimento errado. O uso de métodos não farmacológicos de alívio de dor – como a bola usada no pilates, a escada de ling, banho, massagem – melhora o processo de dilatação do colo do útero sem interferência artificial. A analgesia é um procedimento que tem repercussões sobre o trabalho de parto e sobre o bebê. Antes dela, é preciso lançar mão de todas as opções naturais”, pontua. Mas por que os hospitais não providenciam esses recursos? Sônia é taxativa: “quem não oferta essas opções ocorre na violência institucional”.

Para ela, a tecnologia promove a falsa sensação de controle da situação para os médicos. “Deixar a natureza agir é contar com o inesperado, mas cabe aos profissionais de saúde perceber se a evolução do parto está adequada ou não. Em 90% dos casos, a evolução é fisiológica e o médico precisa estar lá para atuar no caso de problema. Somos treinados para intervir, para pensar que parto é morte, não temos paciência para esperar, mas se a fisiologia está prevalecendo, não há necessidade de se fazer nada”. Por isso, a figura do enfermeiro obstétrico, treinado para ser cuidador, é fundamental no modelo do parto humanizado. “Além de paciência, esse profissional tem tempo. O mundo inteiro faz isso: o parto é conduzido pelo enfermeiro obstétrico. A proposta não é substituir. O médico tem que estar para atuar quando necessário”, observa.

Para a presidente da SOGIMIG, Maria Inês de Miranda Lima, o caminho é longo, mas não impossível: “quanto mais informação, mais respeito e mais compartilhamento de decisões”.

Saúde Plena Recomenda:
No dia 11 de novembro, o documentário 'O Renascimento do Parto' será exibido em 500 salas de cinema da rede Cinemark por todo o Brasil. Em Belo Horizonte, as sessões serão no BH Shopping, às 12h e 16h20 (veja a programação). 




segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Acre institui o Bolsa Parteira


A parteira tradicional, Zenaíde Carvalho, comemora o benefício. 

A partir de maio deste ano, as parteiras tradicionais de Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Santa Rosa do Purus serão contempladas com uma bolsa no valor de R$ 250. Foi aprovada, por unanimidade, pela Assembleia Legislativa do Acre, a Lei de n°2.834, de 30 de dezembro de 2013, que pretende beneficiar, inicialmente, cerca de 150 mulheres.

O anteprojeto de Lei que originou o Bolsa Parteira foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres) e poderá ser ampliado às parteiras dos demais municípios de acordo com as necessidades de saúde, disponibilidade orçamentária e financeira e com critérios estabelecidos por decreto.

O Acre é o segundo estado da federação a instituir o benefício, ficando atrás apenas do Amapá. Para ter direito, as beneficiárias devem ser reconhecidas por sua comunidade como parteiras, possuir certificado de cursos ou oficinas para parteiras tradicionais e estarem devidamente cadastradas na Secretaria de Saúde (Sesacre).

Maria Zenaide Carvalho exerce o ofício há 46 anos e considera a bolsa um reconhecimento merecido à classe. “Eu tinha 10 anos quando fiz meu primeiro parto, de lá para cá não parei mais. Aprendi a pegar menino com a minha mãe e já ajudei 246 crianças virem ao mundo. Assim como eu existem muitas outras mulheres no Acre que, agora com o Bolsa Parteira, passam a ser fortalecidas pelo Estado e reconhecidas na sociedade”, ressaltou.

Para a titular da SEPMulheres, Concita Maia, a bolsa reflete o compromisso do governo: “Estamos avançando nas políticas para as mulheres do Acre graças ao compromisso político e sensibilidade do nosso governador Tião Viana”.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Manual do Parto Humanizado

O blog Amigas do Parto disponibiliza um Manual do Parto Humanizado, com indicações, dicas e comentários sobre a preparação do parto e a prática em si. Confira mais, veja o Manual completo no endereço:

http://www.amigasdoparto.com.br/jica.html

Haddad sanciona lei que institui parto humanizado na rede pública

O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou o projeto de lei que cria o parto humanizado na rede pública municipal.
 
O texto passa a valer em 180 dias a partir de sábado (9), quando a sanção foi publicada no "Diário Oficial".
 
As gestantes atendidas na rede municipal passarão a ter direito a anestesia em parto normal, quando solicitarem, e poderão optar por métodos não farmacológicos de alívio da dor, como massagens e banho quente.
 
Elas poderão ainda saber com antecedência onde darão à luz e escolher o tipo de parto e um acompanhante.
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Humanização é realidade no Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte


Um detalhe chama a atenção de quem circula por qualquer um dos dois Centros de Parto Normal do Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte: os quartos foram batizados com nomes de personalidades femininas importantes da história mineira e nacional, como Dona Beija, Chica da Silva e Adélia Prado. A homenagem é coerente com a filosofia de atendimento humanizado dessa maternidade de grande porte, em que se incentiva o protagonismo da mulher no parto.

Por várias razões, a experiência desse hospital na atenção ao parto e nascimento é referência nacional em atenção humanizada e boas práticas. Muitas das características da ambiência hospitalar e da dinâmica de trabalho aparecem como recomendações do programa Rede Cegonha do Ministério da Saúde. O recém-inaugurado Centro de Parto Normal Helena Greco (nas dependências do prédio principal) conta com cinco quartos espaçosos e iluminados e três com banheiras para parto na água. E o Centro de Parto Normal David Capistrano da Costa Filho (com entrada independente), criado em 2001 e conhecido como Casa de 

Parto, conta também com cinco quartos, um com banheira.
Mesmo sendo referência para alta complexidade em todo o estado de Minas Gerais, a taxa de cesariana no Sofia Feldman é de cerca de 25%, menor do que a da rede pública como um todo. O hospital apresenta também as menores taxas de mortalidade materna e neonatal de Belo Horizonte, segundo informações da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde. Dos mais de 7 mil bebês que nascem ali, cerca de 10% nascem na Casa de Parto.

Os partos feitos ali são assistidos por enfermeiras obstétricas, como Nágela Cristine Pinheiro Santos, que está há 16 anos no Sofia Feldman e ajudou a elaborar o projeto do espaço e a desenvolver dispositivos para dar mais conforto à mulher, como um arco de metal adaptado à cama, que facilita a posição de cócoras. “A Casa de Parto Normal dá à mulher poder de decidir o que quer na hora do parto, como em que posição ficar”, diz Nágela, que esteve em maternidades da região Nordeste e da Amazônia Legal para difundir suas experiências por meio do Programa de Qualificação das Maternidades (PQM) e, em fevereiro, participou de um seminário de humanização no Camboja. “Medidas simples como um chuveiro quente ou uma cortina separando leitos em uma enfermaria conjunta dão resultado imediato de mais conforto e privacidade”, conta. Ela lembra, porém, que a humanização é mais do que o ambiente confortável. “A instituição como um todo precisa entender e incorporar a humanização”.

O diretor administrativo do hospital, Ivo Oliveira Lopes, concorda. “Alguns direitos, para serem garantidos, não demandam recursos. Nós, gestores, temos o dever de preservá-los. O parto é da mulher, não um ato médico. Assistir o parto não é tomar o lugar da mulher, e o enfermeiro obstétrico, ao lado de todos os outros profissionais, é fundamental”, considera. “A tecnologia que chega é muito bem-vinda, mas para quem tem necessidade real, não por uma necessidade mercantilista”, reforça o médico, que destaca o reconhecimento obtido pelo Sofia como Hospital Amigo da Criança, conferido pelo Unicef, e o Prêmio Maternidade Segura, recebido da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo ele, os bons resultados são devidos principalmente à participação da comunidade. “A gestão participativa determina os rumos da humanização”, explica ele, acrescentando que esse aspecto esteve presente no hospital desde o início de sua história. Construído em sistema de mutirão por voluntários da comunidade a partir da doação de um lote para uma sociedade beneficente, o Sofia Feldman foi inaugurado, ainda como ambulatório, em 1977, passando a atender como hospital em 1982.

Em 1988, a entidade mantenedora passou a ser a Fundação de Assistência Integral à Saúde (Fais). Hoje, é uma instituição pública, não governamental, que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As questões administrativas do hospital são definidas e decididas pelo colegiado diretor, composto por 16 pessoas de diferentes perfis profissionais. 

Todos os dias, são promovidas reuniões com parturientes e acompanhantes para avaliar o atendimento. “Queremos entender a singularidade de cada ser humano e da sua rede social. Oferecer atendimento baseado em evidências científicas é o mínimo”, explica Ivo, para quem a humanização passa também pelas relações entre trabalhadores e gestores. “Mulheres são 80% das nossas trabalhadoras, por isso as questões de gênero estão ainda mais presentes”, diz. O Sofia dispõe de academia e creche para as funcionárias, e promove ações de comunicação e eventos de integração entre a família do trabalhador e o hospital.
Há ainda o Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares, que atende tanto funcionários quanto gestantes e mães com bebês internados, com práticas da medicina tradicional, como escalda-pés e auriculoterapia. A enfermeira Lília Coelho Lopes está à frente do núcleo e trabalha com uma equipe de voluntárias. “O objetivo é estimular os processos de cura internos. É um trabalho coadjuvante ao da alopatia, que representa o acolhimento e diminui a ansiedade das gestantes”, diz Lília.

Manejo conservador
Com 40% da mulheres provenientes do interior do estado, o Sofia precisou desenvolver iniciativas criativas para atendê-las, que foram incorporadas ao modelo de gestão do hospital. A Casa da Gestante Zilda Arns recebe gestantes com agravos em um espaço próximo ao hospital, evitando viagens desgastantes de ida e volta para casa para aqueles que moram distante do hospital, e até partos antecipados. Já a Casa de Sofias acolhe mães que vêm de longe e têm filhos internados na UTI neonatal. Criadas por iniciativa dos gestores, passaram a ser financiadas pelo Ministério da Saúde através da adesão ao programa Rede Cegonha.

“Para um prematuro, ficar quatro semanas a mais dentro do útero significa viver ou morrer”, explica a pediatra Raquel Aparecida Lima de Paula, responsável pela área de neonatologia do hospital, que reforça a importância do manejo conservador das gestações de risco. “A política pública mais eficaz consegue reduzir os gastos com atenção terciária. De modo geral, a família tem excesso de confiança na tecnologia, mas a melhor incubadora é o útero da mãe. Historicamente há uma inversão, com muitos recursos para a atenção terciária, como construção de UTIs neonatais. Os equipamentos são caros e não resolvem a questão principal”, comenta a médica.

Raquel aponta como um dos pontos positivos do Rede Cegonha a correção das distorções da tabela de procedimentos obstétricos e neonatais. Ela acredita que o programa pode representar uma inflexão no modelo de assistência e “começa a inverter essa lógica de assistência da obstetrícia e da neonatologia. É como se o que nós idealizamos aqui pudéssemos ver no Brasil inteiro”.    



sábado, 19 de janeiro de 2013

Sanitarista David Capistrano foi pioneiro na defesa das casas de parto


Rio de Janeiro - O nome que batiza ao menos duas casas de parto no país – no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte – é uma homenagem ao médico sanitarista e ativista em saúde pública David Capistrano Filho, que morreu em 2000, aos 52 anos, vítima de câncer. Nascido no Recife, ele teve participação ativa no processo de criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e defendeu práticas inovadoras para a época, como os médicos da família e as casas de parto.

Filho do ativista político e deputado David Capistrano, que desapareceu durante o regime militar, ele se formou em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fugindo da perseguição da ditadura no Nordeste, também passou por São Paulo, onde, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reuniu estudantes para atuar como agentes de saúde na periferia.

Na década de 1970, participou da criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Na época, colaborou para a elaboração do texto que deu origem ao capítulo sobre o SUS na Constituição de 1988. Também atuou na revitalização da entidade representativa dos médicos, hoje principal nome contrário às casas de parto.

Propostas de Capistrano Filho foram colocadas em prática pela Secretaria de Saúde de Santos e pelo governo de São Paulo, na década de 1990. Na área de saúde mental, por exemplo, ele defendeu a criação de núcleos de atendimento psicossocial em substituição à internação em hospitais. Esses núcleos se tornaram referência para a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com suas ações, David Capistrano Filho despertou atenção do governo federal que o convidou para gerenciar o Programa Nacional de Incentivo à Criação de Casas de Parto e Maternidades-Modelos do Ministério da Saúde. Para reduzir cesáreas e intervenções no parto, em 1998, foi aberta a primeira casa de parto do país, em Sapopemba, na capital paulista.

Hoje, o nome David Capistrano Filho batiza as unidades do Rio (de base comunitária) e de Belo Horizonte (dentro do Hospital Sofia Feldman). Até 2010, dava nome ao Centro Parto Normal de São Vicente, no litoral paulista, fundado pela religiosa Maria Dolores Muñiz Junquera, conhecida por irmã Dolores. Para fechar a casa, o município alegou a distância até um hospital e a baixa procura.

 Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Parteira ajudou dar à luz mais de três mil bebês no Ceará


Nos seus 40 anos de profissão, ela nunca perdeu uma criança.

Quem a incentivou para o trabalho foi sua tia, uma freira nos anos 40.

Maria Freitas Lima, de 74 anos, conhecida como Mãe Cira,  é parteira e ajudou dar à luz mais de três mil bebês no município de Guaramiranga, a 120 km de Fortaleza. Ela é parteira desde a década de 40 e é respeitada por todos os moradores. "Fico muito orgulhosa. Quando as pessoas me chamam de Mãe Cira eu ainda fico emocionada", diz.

O que chama atenção é que nos seus 40 anos de profissão, Mãe Cira nunca perdeu ninguém durante esse tempo. "Tenho certeza que não trabalhava sozinho. Deus estava comigo naquela hora. Eu vi também muitas mãe sem forças e ele com certeza foi fundamental para que tudo acontecesse naturalmente".

O comerciante Clodoaldo Rodrigues é um que passou pelas mãos da Mãe Cira. Segundo ele, Mãe Cira foi muito importante para sua família. "Na época não existia aquele negócio de hospital. Havia as parteiras. E nasci graças a Mãe Cira. Outros irmãos meus passaram por ela", conta o comerciante.

Sua história contagia os profissionais da saúde da cidade.  "Ela foi uma parteira de mão cheia. E além disso tinha Deus e Nossa Senhora ajudando ela para trazer ao mundo tantas crianças", diz a enfermeira Melina Frota. A principal pessoa que incentivou Mãe Cira para os trabalhos de parteira foi sua tia que era freira. "Minha tia me ensinou todos os conceitos básicos de enfermagem e com o passar do tempo aprendi tudo", conta.

A dona de casa, Maria Iraci, foi beneficiada com os trabalhos de Mãe Cira. Ela quase perdeu o filho há 20 anos atrás. "Ela salvou eu e meu filho. Eu agradeço todos os dias por ela ter me ajudado tanto naquela época", fala emocionada.

Exemplo para os filhos
Mãe Cira teve três filhos e mesmo com a perda de um recentemente não fez com que ela não desaminase. Um deles, o líder comunitário, Sérgio Freitas, conta que tem orgulho da mãe e diz que ela serve como exemplo. "Ela é um espelho, fonte de inspiração. E eu como líder comunitário procuro sempre ter ela como exemplo. Para mim ele é uma guerreira", afirma o filho mas velho.

Fonte: G1 Ceará

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Arquivo de notícias: Parteiras de Angola aprimoram conhecimento


Parteiras tradicionais aprimoram conhecimento sobre técnicas de assistir parto 

Caála  - Duzentas e 24 parteiras tradicionais dos municípios da Caála, Ekunha, Ukuma e do Chipindo (província da Huíla), participam, desde hoje, na cidade da Caála, num seminário de capacitação onde vão aprimorar conhecimentos sobre o valor de integração na busca da qualidade de vida e preparação de técnicas para assistir o parto.

O evento, uma iniciativa da Repartição Municipal da Saúde da Caála, vai decorrer de 22 a 23 do corrente mês. Visa contribuir a redução de taxas de mortalidade e proporcionar uma assistência de qualidade de partos nas comunidades.

Durante o seminário de refrescamento, as participantes vão igualmente aprimorar conhecimentos sobre o papel da parteira na comunidade, cuidados imediatos pós-parto, acções que garantem a vida da mãe e do filho.

A cerimónia de abertura foi orientada pelo chefe de Repartição Municipal da Saúde da Caála, Albino Dumbi Ernesto, que na ocasião apelou as participantes no sentido de acatarem bem os conhecimentos a serem transmitidos pelos especialistas, por formas a contribuir na acção do governo que visa diminuir as taxas de mortalidade nas comunidades.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Arquivo de notícias: Casas de parto da periferia de São Paulo são opção para gestantes que buscam atendimento humanizado




 São Paulo – Um corredor com um jardim bem cuidado conduz as gestantes à sala de estar onde uma mesa com suco, frutas e bolos foi preparada especialmente para recepcioná-las. Reproduzir o aconchego do lar na etapa final da gravidez é a proposta da Casa Angela, uma das duas casas de parto de São Paulo, localizada no Jardim Mirante, na periferia da zona sul da capital paulista. O vocativo “mãezinha”, como costumam ser chamadas as gestantes em hospitais, é substituído por Marlene, Suzana, Cristina. Mães, pais e bebês têm rostos e nomes nesses locais, e eles têm, sobretudo, vontades.

É esse clima de naturalidade no momento de dar à luz e de respeito às necessidades da família que tem feito mulheres optarem pelas casas de parto em vez de recorrerem a hospitais bem equipados. “Fiquei assustada quando voltei a morar no Brasil e descobri que, caso fizesse meu parto em hospital particular, teria até 90% de chance de passar por uma cesariana”, relata a administradora de empresas Marlene Ábila, 32 anos, que teve seu filho Ramon na Casa Angela, em janeiro deste ano. A casa atende apenas mulheres com gravidez de baixo risco, que não passam por procedimentos cirúrgicos ou intervenções médicas para dar à luz.

O relatório Situação Mundial da Infância 2011, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que a taxa de cesárea no Brasil é a maior do mundo, com 44%. De acordo com o Ministério da Saúde, considerando apenas a rede privada, esse percentual quase dobra e chega a 80%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que as cirurgias correspondam a, no máximo, 15% dos partos.

Marlene relata que pôde comparar os serviços da casa de parto aos de um hospital, quando o filho Ramon precisou tratar uma doença. “Lá, eu era a mãezinha e meu filho o RN [recém-nascido], já que ele ainda não tinha certidão de nascimento. Na casa de parto, sempre fomos Marlene e Ramon, senti como se estivesse parindo em casa”, lembra.

A unidade funciona 24 horas. A equipe é formada por oito enfermeiras-obstetras, técnicos de enfermagem, psicólogo, fisioterapeuta e massagista. Podem ser feitos até quatro partos simultaneamente. Os quartos dispõem de camas hospitalares e de equipamentos que podem ser utilizados pelas mulheres no momento do parto, como banheira e bancos adaptados.

O ambiente acolhedor fez a enfermeira Camila Nogueira Rodrigues optar por trabalhar na Casa Angela. “Fiquei muito impactada pela falta de sensibilidade nos hospitais, que tipo de lugar era aquele que os pais só podem ver o bebê por meia hora? A dinâmica hospitalar é muito rápida e acaba por não respeitar o tempo das mulheres.”

“Em geral, a cultura do parto no Brasil, principalmente nos hospitais particulares, é extremamente intervencionista. Todo o saber de como acompanhar o parto normal desapareceu no ambiente hospitalar”, avalia a coordenadora-geral da Casa Angela, Anke Riedel. Ela relata que os partos naturais duram, em média, 12 horas, enquanto uma cesariana leva apenas de 30 a 40 minutos. “Existem vários motivos para que isso ocorra, mas a principal é a questão do lucro, pois o parto normal requer todo um cuidado e acompanhamento que não é bem pago”, aponta.

A Casa Angela é vinculada à organização não governamental (ONG) Monte Azul, que atua há 35 anos na comunidade, e atende gratuitamente mulheres das regiões do M'Boi Mirim e Campo Limpo. Para gestantes de outras localidades, é feita uma avaliação para saber se elas têm condições de arcar com os custos do atendimento. “Nossa intenção era manter a casa integrada ao serviço público de saúde, mas, diante da impossibilidade, essa foi a forma que encontramos de conseguir atender mulheres carentes”, explica Anke Riedel. Para quem pode pagar, são cobrados R$ 3,5 mil para o pré-natal e o parto. Quem desejar cuidados extras durante o pós-parto, como o acompanhamento pediátrico do bebê – tem de arcar com mais R$ 500.

De fevereiro, quando a Casa Angela começou a funcionar, a setembro deste ano, foram feitos 100 partos na casa. A coordenadora-geral da casa explica que é possível fazer até 40 partos por mês. Segundo ela, 50% das mulheres atendidas vêm de outras localidades. Anke Riedel avalia que muitas mães da região procuram o serviço por ser uma opção gratuita. “As mulheres que vem de fora sabem o que querem, se informaram muito para ter um parto humanizado. As que são daqui vêm porque encontram um atendimento muito diferenciado, individualizado”, avalia.

Antes do parto, as gestantes passam por, pelo menos, seis consultas de pré-natal na própria casa. A administradora Suzana Silva de Sousa, 24 anos, fez a última no dia 2 de outubro. No plano de parto – um questionário em que as mães dizem como imaginam o momento de dar à luz – Suzana escolheu dividir esse momento com o marido e a mãe. “São as duas pessoas que me passam confiança. Vamos colocar velas aromáticas para deixar o ambiente agradável. Estou tranquila”, contou. Suzana está na 40ª semana de gestação e aguarda a chegada de Tamires a qualquer momento.

Na cidade de São Paulo, a Casa de Parto de Sapopemba faz um trabalho semelhante. Localizada na zona leste da capital, a estrutura é mantida pela prefeitura. O casal Rafael Vieira da Silva, 29 anos, e Camila Inês Rossi, 27 anos, escolheu o espaço para o nascimento da filha Anisha Raiz, que hoje tem 1 ano e 4 meses. Eles conseguiram criar o ambiente que haviam planejado para o momento. “Estendemos tecidos pela sala, cantamos, ouvimos mantras. Foi muito lindo”, conta a mãe.

Para Camila, a presença do companheiro foi essencial para aumentar a confiança no momento do parto. “A gente diz que pariu junto. O corpo do Rafael junto do meu fez toda a diferença. A gente fez isso junto. Ele precisava estar lá comigo”, relata. Segundo ela, o pai acompanha todo o procedimento na casa e o bebê, logo após o nascimento, vai para os braços da mãe.

Tanto na casa do Jardim Mirante quanto na de Sapopemba uma ambulância fica disponível para casos em que a transferência para hospitais seja necessária. Anke Riedel destaca, no entanto, que, até agora, não foi preciso recorrer ao veículo para casos de emergência. “Utilizamos em situações bem tranquilas, quando verificamos, no trabalho de parto, que não havia condições de fazê-lo na casa”, relata citando situações como a mudança de posição da criança durante o procedimento. Segundo ela, a transferência para o hospital da região leva, no máximo, dez minutos.

Na opinião de Camila Rossi, a participação de médicos no parto deve ser o último recurso. “Quando é necessário intervenção, que bom que existem os médicos, mas isso deve ser a exceção. Para algo que é natural, não é necessário procedimento cirúrgico. Gravidez não é doença.”

A coordenadora da Casa Angela reforça que o parto humanizado torna as mulheres protagonistas nesse momento. “Esse trabalho fortalece muito os vínculos afetivos e torna a mulher um sujeito ativo desse processo”, avalia.

Durante quatro dias a reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Saúde da prefeitura de São Paulo, responsável pela Casa de Parto de Sapopemba, mas não conseguiu autorização para visitar o local, assim como não obteve as informações sobre o funcionamento e o número de partos feitos por mês.

Camila Rossi, que teve bebê no local, avalia que não há interesse por parte do governo municipal em divulgar a unidade. “É um serviço muito boicotado. O telefone de lá muda sempre. Se qualquer hospital quiser fazer a divulgação dos seus serviços, isso é super bem visto, mas na casa de parto, não”, criticou.



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Arquivo de Notícias: Marcha do Parto Humanizado - Rio de Janeiro

O parto humanizado é a luta de centenas de mulheres que saíram em marcha no último dia 05 de Agosto, em várias cidades brasileiras.

Pelo direito ao respeito às escolhas das mulheres em relação ao seu corpo e seu parto, compartilhamos aqui uma imagem da marcha do Rio de Janeiro.



Fotografia da Marcha do Parto Humanizado - Rio de Janeiro - 05/08/2012

Disponibilizada por Fernanda Sousa, pelo facebook.
http://www.facebook.com/fefasousa

Arquivo de Notícias - Mulheres e entidades em defesa do parto humanizado promovem marcha no Rio


Decisão do Cremerj foi anulada pela Justiça no último dia 30 mediante ação do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro

Entidades em defesa do parto humanizado e dos direitos reprodutivos das mulheres promoveram uma marcha na orla de Ipanema (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

Em protesto à proibição de acompanhantes profissinais (obstetrizes, doulas e parteiras) em hospitais e maternidades, mulheres e integrantes de entidades em defesa do parto humanizado promoveram uma marcha de protesto em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (6).  

A jornalista Ellen Paes, uma das organizadoras da passeata, explicou que a proposta surgiu após as duas resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janiro (Cremerj), que além de proibir a atuação dessas profissionais ameaça punir obstetras que acompanhassem partos domiciliares. 

“Eu e mais sete meninas, todas mães, nos conhecemos pela internet e indignadas com a resolução do Cremerj resolvemos nos unir com outras mães de outras cidades para protestar contra esse sistema obstétrico brasileiro mercantilizado”, disse Ellen Paes.

A manifestação estava programada para ocorrer simultaneamente em outras 23 cidades, entre elas Recife, Fortaleza, João Pessoa, Salvador e São Paulo.

Mãe e filha protestam pelo direito ao parto humanizado (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren - RJ) entrou com uma ação civil pública para anular a decisão do Cremerj e ela foi aceita pela Justiça no dia 30. O Cremerj já avisou que vai recorrer. De acordo com a entidade, as resoluções do conselho visam a proteger mães e bebês e oferecer as melhores condições de segurança para o parto.

O Brasil ocupa a primeira colocação mundial em realização de cesarianas, que corresponde a 52% dos partos, sendo 80% em hospitais privados. O máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é 15%.
Debate

“Inicialmente, salta aos olhos a incompatibilidade entre as resoluções Cremerj nº 265 e 266, e o tratamento dado à matéria pelos diplomar normativos federais. Em termos práticos, as resoluções terminam por dificultar, senão inviabilizar, o exercício da atividade de parteiras, portanto ao mesmo tempo em que proíbem a atuação de médicos em partos domiciliares, com exceção das situações de emergência, também vedam a participação das aludidas profissionais em partos hospitalares”, declarou o juiz federal substituto Gustavo Arruda Macedo, da 2ª. Vara Federal  em sua decisão.

O juiz também afirma que “ a vedação à participação de médicos em partos domiciliares, ao que tudo indica, trará consideráveis repercussões ao direito fundamental à saúde, dever do Estado, porquanto a falta de hospitais fora dos grandes centros urbanos, muitas vezes suprida por procedimentos domiciliares, nos quais é indispensável a possibilidade de participação do profissional de medicina, sem que sobre ele recaia a pecha de infrator da ética médica”. 

Marcha estava programada para ocorrer simultaneamente em outras 23 cidades (Foto: Tânia Rêgo/ABr )

Fonte: Época

sábado, 30 de junho de 2012

Arquivo de notícias - Parteiras querem ser reconhecidas como patrimônio imaterial do país


Depois da roda de capoeira, do acarajé baiano e do toque dos sinos de Minas Gerais, chegou a vez de os chás, as rezas e as massagens que servem de pano de fundo para muita gente chegar ao mundo se tornarem patrimônio nacional.

É que a ONG Instituto Nômades encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) um inventário e uma solicitação do registro do ofício da parteira tradicional como bem cultural de natureza imaterial.

“A maioria das parteiras é idosa e o saber acumulado por elas encontra-se sob ameaça de desaparecimento diante de um contexto que inclui a oralidade desse saber, o desinteresse das novas gerações pelo ofício e a pouca valorização da profissão em nossa sociedade”, afirma Júlia Morim, antropóloga do Instituto Nômades. “Partejar não é só retirar o bebê. Precisamos preservar esse saber coletivo que reforça a identidade de um povo.”

Apesar de não haver uma estatística oficial, estima-se que sejam realizados 40 mil partos domiciliares no País ao ano, a maioria deles assistida por parteiras tradicionais das Regiões Norte e Nordeste. Para fazer o inventário, a ONG localizou e entrevistou 165 parteiras das 871 residentes no Estado de Pernambuco.

Maria Fernanda da Silva, de 39 anos, é uma delas. Vive em Caruaru (PE) e herdou o ofício da mãe. Como a maioria das parteiras, fez o primeiro parto na adolescência e no susto.

Ela tinha 16 anos, quando uma “paciente” de sua mãe chegou prestes a dar à luz. Na ausência da mãe, assumiu a tarefa. “Eu já era ajudante, virei a parteira. Com direito a acompanhar a dilatação, pegar o menino e cortar o cordão umbilical.”

De lá para cá, foram mais 200 partos e, nos últimos anos, Fernanda assistiu a uma mudança radical na clientela. “Antes, ou a gente fazia o parto ou a mulher ia parir sozinha. Agora, não. Com a chegada dos hospitais, essas mulheres mais simples preferem o atendimento médico. Muitas até escolhem a cesárea.”

Por outro lado, as parteiras conquistaram um outro público. “Atualmente, quem nos procura são mulheres mais esclarecidas. Meu trabalho virou diferencial.”

Opção. Esse novo nicho de clientes extrapolou as fronteiras do Norte e Nordeste. Em qualquer grande centro urbano tem crescido o número de gestantes que trocam o hospital pela própria casa.

Desde 2009, a parteira Ana Cristina Duarte já fez 120 partos domiciliares na cidade de São Paulo. Formada em obstetrícia, Ana conta que seu público é formado por mulheres com curso superior pertencentes às classes média e alta. Um dos partos que ela fará neste mês é o de Kelly, de 30 anos, médica que decidiu abrir mão do hospital para parir em casa.

“Assistimos a uma mudança de paradigma. Atendo a mulheres intelectualizadas, que chegaram a mim depois de pesquisarem o assunto e de terem certeza de sua escolha”, afirma. Ana cobra entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por cada um dos seis partos que realiza ao mês. Se a gestante também optar pelo pré-natal, paga R$ 100 pela consulta.

Essa “profissionalização financeira”, no entanto, não chegou ao Nordeste. Por lá, Fernanda, como a maioria das parteiras tradicionais, nunca recebeu remuneração alguma. “Aqui, criou-se essa imagem de caridade. Então, mesmo quando faço o parto de alguém com mais dinheiro, não sei cobrar. Mas a gente tem de mudar isso, porque eu preciso comer”, brinca.

Vida dupla. Para pagar as contas, muitas parteiras enveredaram para o trabalho em hospitais, seja na função de auxiliar de enfermagem ou como parteiras hospitalares. Sem abandonar, é claro, a clientela que acredita no parto domiciliar.

Foi o que Fernanda fez. Formou-se enfermeira e comemora os avanços observados desde sua chegada ao hospital. “Antes, os médicos eram muito conservadores; hoje, até o parto de cócoras eles já começaram a aceitar. Mas, para poder cantar e orar, só em casa mesmo.”

O Instituto Nômade acredita que o registro como patrimônio imaterial pode suscitar avanços na discussão sobre a valorização do ofício e ajudar na conquista de direitos trabalhistas e sociais. O inventário enviado pela ONG está na etapa de avaliação técnica do Iphan e deve ser discutido no próximo mês na Câmara do Patrimônio Imaterial do órgão.

“Está em análise, mas já se pode dizer que o saber, a forma de fazer e os conhecimentos das parteiras são bens passíveis de reconhecimento”, diz Claudia Vasques, coordenadora de registro do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan.



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