quarta-feira, 16 de julho de 2014

Amazonas - Plantas Medicinais são estudadas por deficientes visuais através dos sentidos sensoriais humanos



ITACOATIARA – Qualquer pessoa portadora de algum tipo de deficiência sofre com diversos fatores que a sociedade insiste em colocá-los como correto, sobretudo com crianças e jovens que estão em plena formação física, psicológica e sociológica. O projeto ‘Alfabetização Sensorial: utilização dos sentidos na identificação das plantas medicinais aromáticas por alunos cegos’, executado na Escola Estadual João Bosco Ramos de Lima com a coordenação da professora de Libras Ieda Solange Rattes, combate o preconceito existente e mostra que todos são capazes de fazer qualquer coisa.

O projeto com o apoio dos cientistas júnior Marília Gomes, Aline Cardorso, Mayara Ferreira e os deficientes visuais Glaudson Pereira e Ricardo Martins e apoio técnico Rolene Maara, realiza pesquisas bibliográficas sobre plantas medicinais e suas composições, após isso repassam as informações para os colegas deficientes visuais através do programa Dosvox, sistema que auxilia deficientes visuais no uso de computadores através do áudio.


Cientistas-júnios-com-deficiência-visual-buscam-motivação-em-projeto

Para coordenadora do projeto Ieda Solange Rattes, o projeto ajuda os alunos a tornarem-se verdadeiros pesquisadores científicos. “Os deficientes visuais necessitam de uma atenção especial, e como professora de braile, percebi que eles tinham potencial grande para ser cientistas júnior, sobretudo com nosso projeto visto que devido as suas deficiências outros sentidos tornaram-se mais aguçados como o tato e olfato, reconhecendo determinadas plantas medicinais pelo cheiro  saberão se virar sozinhos quando estiverem enfermos”, explica.

A escola que possui uma sala de recursos para deficientes, também tem projetos com braile e libras e já teve projetos com plantas medicinais aromáticas. Ao final do projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (Fapeam), a coordenadora pretende publicar um livro em braile que fale sobre o projeto para que outros cegos possam conhecer.

Para o deficiente visual e cientista júnior Glaudson Pereira participar do projeto é apenas o começo de um sonho em fazer uma faculdade. “As pessoas acham que cego tem que ficar somente em casa, que estudar é uma perda de tempo, mas aos poucos estou dando orgulho para meus pais e amigos, pois este projeto nos ajudou a sermos útil para nossa comunidade”, afirma o estudante.

Já para o cientista júnior e também deficiente visual Ricardo Martins o projeto deu uma motivação a mais para estudar e dar o melhor de si para seus professores e colegas. “Nós temos uma ótima professora de libras e língua portuguesa também, pois eu tinha muita dificuldade com esta matéria e hoje já gosto muito, meus pais sempre me ajudam a honrar este compromisso com o projeto, às vezes não tenho dinheiro nem para o moto-táxi, mas eles sempre dão um jeito para eu vir para escola e isso me faz querer ir até o fim”, ressalta.

Além de desenvolver a sensibilidade olfativa através da identificação das plantas medicinais aromáticas, o projeto rompe muitas barreiras, como o auxílio na facilidade que os cegos têm em aprender, lutar contra o preconceito da própria família em fazer com que eles estudem e realizem sonhos e alcancem objetivos.

Fonte: Programa Ciência e Educação Amazonas

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