quarta-feira, 11 de junho de 2014

Escola de Enfermagem da UFMG: Professoras coordenam telenovela sobre educação alimentar e nutricional que será exibida em restaurantes populares

Criar estratégias de educação alimentar e nutricional para usuários de restaurantes populares de Belo Horizonte. Essa é a propostas da telenovela “O Caminho do Meio”, iniciativa da Escola de Enfermagem da UFMG em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. O lançamento foi realizado na tarde de ontem, 5 de junho, no auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG.


As coordenadoras, professoras Flávia Gazzinelli e Simone Cardoso (à direita) e a equipe da telenovela

Coordenada pelas professoras Maria Flávia Gazzinelli Bethony, do Departamento de Enfermagem Aplicada, e Simone Cardoso Lisboa Pereira, do Departamento de Nutrição, a obra faz parte do projeto de pesquisa “Perfil sociodemográfico, nutricional e psicossocial dos usuários dos restaurantes e refeitório populares de BH-MG: fundamento para a elaboração de uma intervenção educativa alimentar e nutricional”. A promoção da alimentação saudável; a prevenção de doenças crônicas e a importância da atividade física são alguns dos temas abordados.

De acordo com a enfermeira e arteterapeuta Juliana Maria de Melo, responsável pelo texto da telenovela, juntamente com o acadêmico de Enfermagem Relbson Matos, o trabalho foi pensado pela professora Flávia Gazzinelli para transmitir um conteúdo que se que se diferenciasse da didática e estética habitual, fazendo com que o espectador se identificasse como sujeito da sua própria história de vida. “A ideia principal era sintonizar os temas com a nossa linguagem do cotidiano”, explicou. 



Para Gazzinelli, o projeto visa promover reflexões e possíveis mudanças de atitudes e de práticas relacionadas à alimentação. “Essa telenovela trabalha não só com o conhecimento científico, mas mobiliza as pessoas afetivamente. Nós acreditamos que ela tem um potencial muito grande em instigar o movimento, deslocando essas pessoas de uma posição e as colocando para pensar sobre seus hábitos alimentares”, afirmou. 

A professora falou, ainda, sobre o processo inicial de catalogação de informações para a construção do projeto. “Para a criação da telenovela, nós fizemos antes um levantamento socioeconômico, nutricional e psicossocial dos usuários que frequentam os restaurantes populares e de posse desses dados é que demos início ao processo de criação. Buscamos entender primeiro quem são esses usuários; qual a classe social e econômica deles; como se alimentam; que dificuldades têm para se alimentar de maneira mais saudável e quais barreiras eles encontram para isso; como eles vêem a sua própria alimentação, entre outras questões”, explicou


O desafio da implementação da telenovela também foi citado por Flávia Gazzinelli. “Vamos fazer um estudo piloto em um restaurante inicialmente, para saber como será a repercussão dessa telenovela junto aos usuários e fazer os ajustes que forem necessários. Como educadores, sabemos que a telenovela é uma estratégia pedagógica, então, para ser bem sucedida, ela depende do envolvimento e da postura das pessoas que vão educar. Mais importante que a telenovela em si é a forma como ela vai ser utilizada e como vai acontecer naqueles espaços educativos”.

Segundo a professora Simone Cardoso, que também coordena o projeto, uma das estratégias do governo para promover a segurança alimentar e nutricional da população e reduzir o número de pessoas em situação de insegurança alimentar é o programa restaurante popular. “Ele é reconhecido nacional e internacionalmente como uma prática bem sucedida de administração pública, oferecendo refeições saudáveis a preços acessíveis”, esclareceu.


A professora explicou que foram estudados 1656 usuários dos restaurantes populares da capital mineira. No perfil sociodemográfico, ela afirmou que observou-se predominância de usuários do sexo masculino, em idade economicamente ativa, trabalhadores, de classe econômica c, sem parceiro e com ensino médio. No que diz respeito ao perfil nutricional, a professora destacou que é uma maior proporção de indivíduos sem excesso de peso (59,7%) e predominância de usuários (73,4%) com hábito alimentar não adequado. Já no perfil psicossocial, Simone Cardoso ressaltou que os resultados apontaram que 52,9% não realiza e nem esperam realizar mudanças na alimentação e 65,2% dos usuários dos RPBH-MG relataram ter dificuldade para se alimentar de forma saudável. “Para os usuários em segurança alimentar a principal mudança é cortar, reduzir e evitas doces, frituras e a principal dificuldade é a falta de tempo(82,9%). Já para os usuários em insegurança alimentar, as mudanças que precisam fazer para se alimentarem de maneira saudável estão relacionadas a consumirem mais frutas, verduras e legumes. Sinalizam a condição financeira como principal dificuldade para se alimentarem de forma mais saudável”, enfatizou.



Logo após a exibição da telenovela foi realizada uma roda de conversa com as atrizes Glenda Bastos e Kátia Assis; a responsável pelo texto, Juliana Maria de Melo; o diretor da obra, Marcelo do Vale, e a coordenadora do projeto, professora Flávia Gazzinelli. “Foi uma mesa multidisciplinar onde pessoas com experiências diferentes e de áreas de conhecimento diferentes contaram como foi à experiência de participar do processo de construção da telenovela”, explicou Flávia. 
Juliana Maria de Melo, Flávia Gazzinelli, Glenda Bastos, Kátia Assis e o diretor da telenovela, Marcelo do Vale
Fonte: Escola de Enfermagem da UFMG

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