Criar
estratégias de educação alimentar e nutricional para usuários de restaurantes
populares de Belo Horizonte. Essa é a propostas da telenovela “O Caminho do Meio”,
iniciativa da Escola de Enfermagem da UFMG em parceria com a Prefeitura de Belo
Horizonte. O lançamento foi realizado na tarde de ontem, 5 de junho, no
auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG.
As coordenadoras, professoras Flávia Gazzinelli e Simone Cardoso (à direita) e a equipe da telenovela
Coordenada pelas professoras Maria
Flávia Gazzinelli Bethony, do Departamento de Enfermagem Aplicada, e Simone
Cardoso Lisboa Pereira, do Departamento de Nutrição, a obra faz parte do
projeto de pesquisa “Perfil sociodemográfico, nutricional e psicossocial dos
usuários dos restaurantes e refeitório populares de BH-MG: fundamento para a
elaboração de uma intervenção educativa alimentar e nutricional”. A promoção da
alimentação saudável; a prevenção de doenças crônicas e a importância da
atividade física são alguns dos temas abordados.
De acordo com a enfermeira e arteterapeuta Juliana Maria de Melo, responsável pelo texto da telenovela, juntamente com o acadêmico de Enfermagem Relbson Matos, o trabalho foi pensado pela professora Flávia Gazzinelli para transmitir um conteúdo que se que se diferenciasse da didática e estética habitual, fazendo com que o espectador se identificasse como sujeito da sua própria história de vida. “A ideia principal era sintonizar os temas com a nossa linguagem do cotidiano”, explicou.
Para Gazzinelli, o projeto visa
promover reflexões e possíveis mudanças de atitudes e de práticas relacionadas
à alimentação. “Essa telenovela trabalha não só com o conhecimento científico,
mas mobiliza as pessoas afetivamente. Nós acreditamos que ela tem um potencial
muito grande em instigar o movimento, deslocando essas pessoas de uma posição e
as colocando para pensar sobre seus hábitos alimentares”, afirmou.
A professora falou, ainda, sobre o
processo inicial de catalogação de informações para a construção do projeto. “Para
a criação da telenovela, nós fizemos antes um levantamento socioeconômico,
nutricional e psicossocial dos usuários que frequentam os restaurantes
populares e de posse desses dados é que demos início ao processo de criação.
Buscamos entender primeiro quem são esses usuários; qual a classe social e
econômica deles; como se alimentam; que dificuldades têm para se alimentar de
maneira mais saudável e quais barreiras eles encontram para isso; como eles
vêem a sua própria alimentação, entre outras questões”, explicou
O desafio da implementação da telenovela também foi citado por Flávia Gazzinelli. “Vamos fazer um estudo piloto em um restaurante inicialmente, para saber como será a repercussão dessa telenovela junto aos usuários e fazer os ajustes que forem necessários. Como educadores, sabemos que a telenovela é uma estratégia pedagógica, então, para ser bem sucedida, ela depende do envolvimento e da postura das pessoas que vão educar. Mais importante que a telenovela em si é a forma como ela vai ser utilizada e como vai acontecer naqueles espaços educativos”.
Segundo a professora Simone Cardoso, que também coordena o projeto, uma das estratégias do governo para promover a segurança alimentar e nutricional da população e reduzir o número de pessoas em situação de insegurança alimentar é o programa restaurante popular. “Ele é reconhecido nacional e internacionalmente como uma prática bem sucedida de administração pública, oferecendo refeições saudáveis a preços acessíveis”, esclareceu.
A professora explicou que foram estudados 1656 usuários dos restaurantes populares da capital mineira. No perfil sociodemográfico, ela afirmou que observou-se predominância de usuários do sexo masculino, em idade economicamente ativa, trabalhadores, de classe econômica c, sem parceiro e com ensino médio. No que diz respeito ao perfil nutricional, a professora destacou que é uma maior proporção de indivíduos sem excesso de peso (59,7%) e predominância de usuários (73,4%) com hábito alimentar não adequado. Já no perfil psicossocial, Simone Cardoso ressaltou que os resultados apontaram que 52,9% não realiza e nem esperam realizar mudanças na alimentação e 65,2% dos usuários dos RPBH-MG relataram ter dificuldade para se alimentar de forma saudável. “Para os usuários em segurança alimentar a principal mudança é cortar, reduzir e evitas doces, frituras e a principal dificuldade é a falta de tempo(82,9%). Já para os usuários em insegurança alimentar, as mudanças que precisam fazer para se alimentarem de maneira saudável estão relacionadas a consumirem mais frutas, verduras e legumes. Sinalizam a condição financeira como principal dificuldade para se alimentarem de forma mais saudável”, enfatizou.
Logo após a exibição da telenovela foi realizada uma roda de conversa com as atrizes Glenda Bastos e Kátia Assis; a responsável pelo texto, Juliana Maria de Melo; o diretor da obra, Marcelo do Vale, e a coordenadora do projeto, professora Flávia Gazzinelli. “Foi uma mesa multidisciplinar onde pessoas com experiências diferentes e de áreas de conhecimento diferentes contaram como foi à experiência de participar do processo de construção da telenovela”, explicou Flávia.
Juliana Maria de Melo, Flávia Gazzinelli, Glenda Bastos, Kátia Assis e o diretor da telenovela, Marcelo do Vale
Fonte: Escola de Enfermagem da UFMG
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