quarta-feira, 25 de junho de 2014

Bailarina mineira que quase perdeu audição ensina meninas surdas a dançar e volta aos palcos da Capital

Por Roberth Costa - Bhaz
Além de proporcionar espetáculos de beleza inquestionável, a dança também pode ser utilizada como ferramenta de inclusão e quebra de limites. Na Capital mineira, a superação motivada pela arte desenvolvida com os pés tem nome, endereço e uma representante capaz de inspirar pessoas Brasil afora. A bailarina Wilmára Marliére, de 47 anos, se transformou em exemplo de força de vontade e dedicação após superar uma doença rara. Ela se prepara para voltar aos palcos da cidade, no próximo mês, com a história de “A morte do Cisne” ao lado da filha, de 9 anos.
Como se não bastasse se recuperar, Wilmára ainda se dedica junto com o marido, o músico Webert Marliére, ao Projeto Céu e Terra, no qual crianças, adolescentes e adultos surdos aprendem balé gratuitamente por meio de uma técnica inovadora. As aulas da iniciativa são dadas em uma sala cedida pela direção de uma escola, no bairro Funcionários, região Centro-Sul de BH.
Wilmára é exemplo de superação para meninas surdas que desejam aprender balé. Foto: Reprodução/Facebook
Natural da cidade de Palma, na Zona da Mata, Wilmára começou a dançar sozinha ainda na juventude. Em 1994, quando tinha 27 anos, descobriu que possuía a chamada síndrome de Arnold Chiari, após sentir fortes dores por diferentes partes do corpo. Em estado avançado, a doença fez com que ela começasse a perder parte dos movimentos e até a audição, já que atinge o sistema nervoso central. Inicialmente, a bailarina se recusou fazer cirurgia porque poderia nunca mais dançar. No entanto, doze meses após o diagnóstico, se submeteu a três procedimentos na cabeça e na coluna cervical. “Eu ia a diferentes médicos e só me receitam remédio para dores, cheguei a ficar desesperada. A maioria deles dizia que o que eu sentia tinha fundo psicológico e emocional, mas eu sabia que estava morrendo”, contou ao portal Bhaz.
“No dia em que recebi o resultado dos exames confirmando a doença não sabia o que fazer, corri feito louca do Centro de BH até a praça do Papa. Só aceitei fazer as cirurgias porque senti esperança nas palavras da minha irmã. O apoio da minha família foi essencial para decisão”, disse.
Apoio da família foi fundamental para que bailarina aceitasse fazer cirurgias. Foto: Reprodução/Facebook
Apesar de ter recuperado o otimismo, Wilmára ainda enfrentou uma série de dificuldades, já que a primeira tentativa de conter o avanço da doença falhou e ela sofreu uma recaída em 2009. “A primeira cirurgia deu errado e abriram minha cabeça para cerrar o osso que crescia outras duas vezes. Quando me recuperei, achei que estivesse totalmente saudável e até me arrisquei a dançar escondido”, contou. “Fui ao médico e ele notou que eu havia melhorado. Disse que se fosse por causa do balé eu não deveria largar as sapatilhas nunca mais. Voltei a ficar doente e operei pela quarta vez em 2012, mas nunca esqueci o conselho dado por ele”, completou. “A sorte é que eu tinha começado a escrever o projeto ainda nos anos 1990, quando dava aulas em uma escola que trabalhava inclusão de deficientes. Testei tudo em mim mesma e depois de muita pesquisa comecei a usar a vibração de vários materiais para repassar coreografias”, disse a mulher.
Dois anos após a realização do último procedimento na luta contra a sindrome, Wilmara se prepara para voltar aos palcos da Capital, no dia 10 de julho. “Vou dançar no SESC Palladium junto com minha filha e as meninas do projeto, estou muito feliz”, revela. Mais do que estar saudável e ter conquistado prêmios com o “Céu e Terra”, ela diz ter ganhado a certeza de que nada é por acaso. “Eu considerado tudo isso como uma resposta de Deus. Hoje eu posso ajudar as pessoas, principalmente crianças, a fazer aquilo que eu não podia quando estava doente. Além de ver o sorriso e a interação dos alunos, a independência deles é algo que dá muito orgulho”, afirma.

Meninas irão se apresentar no SESC Palladium junto com Wilmára e a filha dela, de 9 anos. Foto: Reprodução/Facebook
Fonte: Bhaz

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