sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Conheça a Recid - Rede de Educação Cidadã

Breve história da RECID

 

A RECID nasceu como articulação entre movimentos sociais e governo, no ano de 2003. Em 2002, o presidente da República eleito, Luis Inácio Lula da Silva, apresentou como bandeira de seu governo o Programa Fome Zero e convidou, entre outros, o teólogo, escritor e assessor de movimentos sociais populares, Frei Betto, para integrar sua equipe.

Frei Betto apresentou o projeto de mobilização social, com o propósito de introduzir no Programa Fome Zero o trabalho de base, capaz de organizar as famílias que integrariam o programa. A RECID inicialmente chamou-se Talher.

No âmbito do governo federal, para a realização desse projeto, foi criado o Gabinete de Mobilização Social, ligado à Presidência da República. Frei Betto buscou o diálogo com vários setores populares motivados naquele momento para a luta contra a fome, apresentando a necessidade de se resgatar a educação popular para se chegar aos mais pobres em vista de sua emancipação e organização para a transformação estrutural do país, por meio da reivindicação dos direitos.

A estrutura inicial do setor liderado por Frei Betto era pequena comparada à missão que se colocava. Apenas sete pessoas, com experiência como educadoras populares, respondiam por essa articulação inicial: Eliane Martins, Flávio Lyra, Ivo Poletto, Marlene Moura, Ranulfo Peloso, Rogério Augusto Silva Pinto e Selvino Heck. Essa equipe começa a articular setores sociais de base popular no semiárido brasileiro, inicialmente. A intenção era construir uma Rede de Talheres nos estados e municípios, prioritariamente onde estava sendo implantado o Programa Fome Zero.

Essa ação recebeu o nome de Projeto de Educação Cidadã e de Mobilização Social. Um trabalho a ser realizado com pessoas, movimentos e entidades que atuassem com a educação popular e aceitassem participar como parceiras nas iniciativas do programa Fome Zero. A estratégia metodológica era de multiplicar a articulação de educadores populares em todos os estados para, com sua ação, provocar a organização de equipes de educadores em todos os municípios do país.

Buscou-se elaborar, coletivamente, uma estratégia de trabalho e um plano de ação para responder ao desafio colocado pela proposta de educação cidadã e mobilização social. Como parte importante dessa articulação, foram realizados: um encontro regional, com participação de representantes de nove estados, em junho de 2003, em Fortaleza; e dois Encontros Nacionais, o primeiro em outubro, em Belo Horizonte, e o segundo em novembro de 2003. Entre as propostas iniciais para esse trabalho, destacam-se a valorização das ações já desenvolvidas pelos movimentos sociais populares, a estratégia metodológica da educação popular e a proposta de formação multiplicadora e mobilização social, articulada pelos movimentos populares. O trabalho contava com as parcerias dos movimentos sociais populares, com seus educadores e educadoras, alguns contratados por esses movimentos, outros, atuando de forma voluntária.

Em outubro de 2004, é liberado um recurso financeiro que possibilitou a contratação de 80 educadores e educadoras para atuarem na Rede de Educação Cidadã – Talher, nos estados e distrito federal. Para isso, foi feito um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o Talher Nacional e o Instituto Paulo Freire (IPF). No final desse ano, Frei Betto deixou o governo, por discordar do rumo que o Programa Fome Zero tomou, ao não continuar tendo como foco as mudanças estruturais, principalmente a Reforma Agrária. Assumiu seu lugar Selvino Heck.

De 2005 a 2006, houve a definição de três linhas de ação da RECID: (1) sua consolidação e gestão, (2) a democratização do acesso e controle social das políticas estruturantes de superação da miséria e da fome e (3) a formação de educadores e educadoras populares e agentes multiplicadores. Em 2005, elaborou-se o Programa de Formação de Educadores/as Populares e Nucleação de Família.

Outras ações importantes, desenvolvidas nesse período, foram: a realização de cursos sobre economia solidária em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES); cursos sobre comunicação popular, em especial rádio comunitária; a realização do programa Ponto a Ponto em parceria com a TV Banco do Brasil; participação dos educadores e educadoras nos Conselhos Nacional e Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional (Conseas), assim como no Grupo de Trabalho Fome Zero do governo federal. Novos movimentos se incorporam à RECID, como grupos ligados ao movimento Hip Hop, que passam a realizar suas oficinas culturais e de formação política, principalmente com jovens, junto à Rede. Este ciclo, de 2005 a 2006, encerra-se com a produção dos instrumentos da sistematização das experiências da RECID: um vídeo e um livro, intitulados “Vamos lá fazer o que será”.

De 2007 a 2009, a história da RECID é marcada, principalmente, pela elaboração do Projeto Político-Pedagógico (PPP) e do Projeto Popular para o Brasil (PPB), que animaram o processo dos planos de formação. Marca também essa fase a criação da Comissão Nacional (CN), que reúne representantes das regiões brasileiras e a equipe do Talher Nacional.

Como objetivo maior, o Plano Nacional de Formação (2009) apontou o desenvolvimento de processos de formação, continuados e integrados, de educação popular, referenciados em seu Projeto Político Pedagógico, para contribuir com a construção do Projeto Popular para o Brasil. Para a concretização do Plano de Formação, duas grandes atividades nacionais são previstas para serem realizadas duas vezes ao ano, cada uma: o encontro nacional e as Cirandas de Formação.

A partir da eleição da presidenta Dilma Rousself, em 2010, com as mudanças no interno do governo federal em 2011, também houve mudanças significativas no Talher Nacional. Outra modificação foi a da instituição gestora nacional, que passa a ser o CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional), organização sediada no Rio Grande do Sul e com educadores e educadoras já presentes na RECID, desde sua criação.

(Fonte: Documentos da RECID e do Talher Nacional)

Fonte: RECID MG

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