segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Arquivo de notícias: A história da parteira que ajudou a colocar mais de cem crianças no mundo


Rossilda Joaquina da Silva, 76 anos, simboliza bem a data de hoje, 20, de novembro, Dia da Consciência Negra. Além de parteira tradicional, benzedeira e costureira, ela gosta de arrastar a bainha de sua saia dançando batuque, e ainda, é uma das moradoras mais antigas do quilombo do Curiaú, em Macapá.

Segundo Rossilda, suas mãos foram responsáveis por mais de cem partos, a maioria realizada no quilombo. “Isso foi um dom que Deus me deu. No meu primeiro parto, eu fiquei emocionada, fiquei nervosa, mas ocorreu tudo bem comigo e com a mulher, tanto que já fiz parto até dos filhos dela”, contou.

“As pessoas me chamam para fazer o parto. Ao longo desse tempo, mais de cem crianças nasceram pelas minhas mãos. É curioso, mas muitos partos foram de mulheres que vinham do interior. Antes de chegar ao hospital a bolsa rompia, ou coisa parecida. Como não dava tempo de chegar ao hospital elas paravam aqui na comunidade. Foram muitos nascimentos assim. Eu já fiz parto até dentro de um caminhão. Metade da criança já estava para fora”, rememora.

A quilombola representa a nação negra do Curiaú. Ela é mãe de 13 filhos, avó de 53 netos, e possui 10 bisnetos.

O dom de benzer também foi adquirido de forma empírica. Quando uma criança nascia com algum problema, se via obrigada a lembrar-se das tradições ensinadas por sua mãe, Venina da Silva (in memorian), conhecida por lutar em defesa dos negros. Ela foi retratada em um livro escrito por seus próprios netos que contaram as bandeiras de luta por ela empunhadas.

Além de Rossilda, o Curiaú possui outros personagens. Maria das Chagas dos Santos, 60 anos, é matriarca da família, e durante a reportagem comandava o trabalho de preparação da mandioca a fim de produzir farinha para consumo próprio.

“Aprendi tudo com os meus pais. Eu comecei a ir para a roça com oito anos e até hoje eu preservo as tradições”, afirmou.

Ao seu lado, também estavam os seus filhos e netos. As crianças aprendiam o manejo da mandioca, como se já soubessem daquilo há muito tempo, mostrando que a tradição de produzir farinha de mandioca perpetuará por longos anos naquela comunidade.

Fonte: Café&Cia

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