domingo, 27 de maio de 2012

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Estudo analisa demanda por parto cesáreo no Brasil

Para a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), reverter o cenário brasileiro será difícil. Segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, 52% dos 3 milhões de partos realizados no País em 2010 foram cirúrgicos. A recomendação da Organização Mundial de Saúde é que esse número não supere os 15%. Há dez anos, em 2000, elas representavam 38% dos partos realizados no País.

Tornou-se cultural a opção pela cesariana, por causa de múltiplas variáveis, mas as mais relevantes são a remuneração médica e a cultura da mulher, que não quer sentir dores. Isso só vai mudar com uma educação em saúde pública maciça para todos os brasileiros, de todas as classes sociais, ressalta o presidente da Comissão de Gestação de Alto Risco da Fegrasgo, Denis José Nascimento.

Nascimento, que coordena o Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lembra que os planos de saúde pagam muito pouco aos profissionais. A dedicação que exige um parto normal então, segundo ele, não é valorizada.

Não tem estrutura que pague um profissional que se dedique a ficar horas e horas a fio ao lado da paciente, diz. E as mulheres, de acordo com ele, passaram a participar mais da decisão e também querer a comodidade da cesárea.

Apenas 4% escolheram cesárea por medo da dor, aponta pesquisa

A justificativa do medo da dor, no entanto, não apareceu como principal para as mulheres entrevistadas em outro estudo, ainda em elaboração pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz. As conclusões iniciais mostram que pouquíssimas mulheres escolheram a cesariana por medo da dor do parto normal: apenas 4% das 23.580 entrevistadas. A maioria (25%) diz que a cesárea foi escolhida por falta de dilatação.

Fabiana Ramos Cabral Lambert, 28 anos, acredita que muitos médicos induzem as pacientes a acreditar que necessitam realizar uma cirurgia por causa da condição de saúde do bebê. Terminando a residência em obstetrícia, a enfermeira conta que se motivou a procurar especialização no acompanhamento de partos por causa da irmã mais velha. Fabiana diz que ela fez duas cesarianas sem indicação.

Ela sonhava em ter um parto normal. Nas duas vezes, o médico a induziu a acreditar que não teria condições de fazer um parto normal. Um deles nasceu com prematuridade pulmonar. Achei absurdo, afirma. Fabiana, que tem um filho de um ano e sete meses, também passou por uma cesariana. Até a 30ª semana de gestação peregrinou por clínicas de Brasília em busca de um médico que fizesse parto normal pelo plano de saúde. Não conseguiu.

Todos os profissionais cobravam à parte pelo parto. Ela compreende que os honorários médicos são ruins, mas critica a falta de opções para quem não pode arcar com esses custos.

A mãe fica à mercê da situação. Ou vai para o hospital público ou paga por fora. Não dá para julgar os médicos, porque um parto natural pode demorar 24 horas e ele precisa ser remunerado. Mas acho que a existência de equipes multidisciplinares, com enfermeiras obstetras, deveria ser estimulada.

Por fim, uma complicação fez com que ela tivesse o filho mais cedo. Fiquei superfrustrada e me senti impotente. O que me acalmou foi que tive uma indicação considerável de cirurgia, conta.

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