Seu Badu, do quilombo Matição, entre Mãe Mona, do terreiro Roça Poço Ayokê, e
Guilherme Nogaro, especialista em sustentabilidade ambiental. Fotos de Bruna Brandão
“Com licença, senhor das matas!”. Este foi um dos refrões de orações e cânticos de diversas tradições que precederam caminhada realizada esta manhã na Estação Ecológica, no campus Pampulha. E dá a dimensão do respeito à biodiversidade que marcou encontro sobre sustentabilidade ambiental promovido pelo Festival de Inverno. Participaram mestres de quilombos, terreiros, comunidades indígenas e grupos de congado, sob coordenação de Pedrina Lourdes dos Santos, reinadeira e mestre da Guarda de Moçambique de Oliveira.
“São guardiões da biodiversidade e de um pensamento diferente, que preza práticas zelosas da natureza. O conhecimento acadêmico tem muito a aprender com a modéstia dos povos tradicionais, para os quais o humano está em pé de igualdade com todos os elementos da natureza”, afirmou a professora Rosangela de Tugny, pesquisadora da música indígena, que recebeu os participantes como representante da UFMG.
A lógica de síntese que rege a ciência que se ensina na universidade, de acordo com a professora da Escola de Música, não é o principal operador do pensamento dos povos indígenas, por exemplo. “Os índios têm um sistema de classificação que é qualitativo, que valoriza a especificidade e a multiplicidade. Assim como o projeto das culturas tradicionais é múltiplo, não é apenas humano, por isso elas são grandes defensores da biodiversidade”, disse Rosângela.
Silvio de Siqueira, ou seu Badu, líder do quilombo de Matição, em Jaboticatubas, elogiou a iniciativa da troca de experiências com professores e alunos da UFMG. E pregou a humildade que caracteriza o homem do campo. “Todo mundo tem que conhecer mais sobre a terra e saber que é preciso combater o agrotóxico. O povo não tem alimento sadio, e o organismo não aguenta isso, a medicina não dá conta de curar”, disse ele, que é profundo conhecedor das plantas medicinais.
Seu Badu lembrou que os quilombolas e membros de outras comunidades precisam de apoio para permanecer em suas terras. E defendeu que não existe "terra ruim", porque é dela que saem os alimentos e os remédios. “Estamos fazendo covardia com a terra, e ela cobra de nós, os agressores”, ele enfatizou.
Permanência e harmonia
O especialista em sustentabilidade ambiental Guilherme Nogaro apresentou aos participantes a permacultura (cultura da permanência), metodologia que visa ao planejamento de ecossistemas de forma integrada. Segundo ele, é preciso “reconhecer a dinâmica da vida para organizar as culturas para a harmonia produtiva”.
“As relações ecológicas devem ser baseadas na cooperação e na solidariedade que, também através da comunicação, buscam a atualização e a transformação constantes”, disse Nogaro, que defendeu que a universidade alie as ideias de vida e serviço à tríade formada por ensino, pesquisa e extensão.
Depois de exposições breves e das orações de respeito à natureza, os participantes partiram para uma trilha na Estação Ecológica (foto). O objetivo era que os mestres apresentassem as plantas segundo seus conhecimentos, ao som de cantos das diversas tradições.
O Festival de Inverno da UFMG segue até o dia 26. Para mais informações, acesse o site do evento ou as redes. sociais: www.facebook.com/FestivalUFMG ewww.twitter.com/FestivalUFMG.
Fonte: UFMG
Fonte: UFMG
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