segunda-feira, 31 de março de 2014

Quem canta, os males espanta!


Programa de rádio "Saúde com ciência" destaca os benefícios da música no tratamento e reabilitação de pacientes
Instrumental, clássica, eletrônica ou alternativa, existe música para todos os gostos. E seus benefícios podem ser percebidos logo que apertamos o play: os acordes, batidas e ritmos influenciam o indivíduo nos aspectos físico e mental. “Seja induzindo em direção ao movimento ou ao repouso, a música sempre interfere na motricidade do corpo”, revela o professor da Faculdade de Medicina e da Escola de Música da UFMG, João Gabriel Marques, especialista em neuropsicologia da música. “Outra relação entre a música e o ser humano é a resposta cognitiva que ela desperta, importante para o sistema de aprendizado e maturação do conhecimento”, ressalta.
Com isso, a música pode se tornar um aliado tanto para o tratamento mental quanto para a reabilitação física de pacientes. Isso porque o ser humano é marcado por uma ritmicidade biológica, que é a capacidade de manter o ritmo de várias ações ao mesmo tempo, como andar e falar. Quando essa habilidade natural é comprometida, como nos casos de paralisia cerebral e AVC, a reabilitação motora é indicada. A música, então, pode desempenhar um papel fundamental através da musicoterapia.
Essa prática utiliza instrumentos musicais, como tambores e pianos, para exercitar o paciente em tratamento. Uma das técnicas utilizadas é a Estimulação Rítmica Auditiva Motora (RAS), que utiliza batidas marcadas pelo ritmo para trabalhar os membros superiores e inferiores do indivíduo. “Essa técnica é destinada a recuperar funções básicas, como a marcha, o caminhar, e a capacidade de o paciente pegar e segurar um objeto de forma ordenada e harmoniosa”, explica a musicoterapeuta Cybelle Loureiro, professora da Escola de Música da UFMG.
Nas primeiras etapas da musicoterapia, o indivíduo pratica a função motora junto com o profissional. Depois, treina sozinho após ouvir uma canção. É nesse momento que, segundo Cybelle Loureiro, a música desempenha papel de auxílio à reabilitação, graças à capacidade que ela tem de despertar processos cognitivos no cérebro. “Todo instrumento que você toca trabalha a capacidade atencional. Em pacientes na reabilitação, é necessário trabalhar a questão cognitiva antes das atividades puramente físicas”, observa a professora. A terceira etapa é semelhante à segunda, mas as músicas são trocadas e o paciente deve continuar praticando a função motora. Quando isso acontece, é porque houve uma aprendizagem rítmica e avanços na reabilitação física.
Além disso, a função cognitiva da música também pode contribuir para o tratamento de incapacidades neurológicas, como a esclerose múltipla, o autismo e o Alzheimer. Um exemplo consiste em estudo realizado em 2010 pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos, que demonstrou que pacientes com Alzheimer conseguiam memorizar as mensagens quando elas eram transmitidas cantadas. Nessa pesquisa, um grupo de controle e outro de pacientes com a doença foram submetidos a um teste: quarenta mensagens foram repassadas, sendo a metade acompanhada da música cantada e o restante somente com a gravação falada.
O resultado apontou que as palavras cantadas foram mais familiares para o grupo do Alzheimer do que para o de controle. De acordo com o professor João Gabriel Marques, a performance musical é fator-chave para ajudar a minimizar os prejuízos à memória. “Durante as fases iniciais da doença, essa performance ainda é muito ativa no paciente. Por isso, ela desempenha um importante papel na estabilidade, uma vez que o indivíduo se vê capaz de ter uma melhora nas suas funções cotidianas”, relaciona.
Tema da semana
Confira a programação da série Musicoterapia:
O que é musicoterapia? – segunda-feira (31/03/14)
Aprendendo com a música – terça-feira (01/04/14)
Reabilitação física através da música – quarta-feira (02/04/14)
Música para a saúde mental – quinta-feira (03/04/14)
Quem canta, os males espanta: inclusão social – sexta-feira (04/04/14)
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 38 emissoras de rádio de Minas Gerais, Paraná e Estados Unidos. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.

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