O início das aulas costuma ser
marcado pelo sentimento de insegurança tanto dos pais, quanto das crianças.
Sentir medo nessa fase é natural, pois se trata de um momento de muitas
novidades e mudanças – alguns pequenos costumam chorar durante todo o período
na escolinha. Por isso, a importância do apoio familiar e escolar, a fim de
amenizar essas angústias.
O professor do Departamento de Saúde
Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Arthur Kummer, defende que o
equilíbrio nesses casos deve partir do adulto. “Se os pais mantiverem a calma,
os filhos tenderão a se sentir mais seguros. Apesar do processo de adaptação
ser algo que cabe à criança, mães, pais e educadores precisam ajudar”, afirma.
Muitos pequenos iniciam em uma
instituição de ensino com um ou dois anos, antes mesmo da idade escolar, que é
de quatro anos, segundo a lei. Para o especialista, apesar de não existir uma
idade ideal para a iniciação, é possível que a adaptação seja mais demorada
quando a criança é menor. “Há uma relação entre desenvolvimento cognitivo e
melhor adaptação escolar. Nesse sentido, as crianças menores, de um a três
anos, podem sentir mais com a separação dos pais e entrada na escola, reagindo
com maior rebeldia”, explica. Ainda assim, Arthur Kummer garante que isso não é
uma regra, já que situações favoráveis nos primeiros dias também são
conhecidas. “A boa aceitação está ligada à novidade de brinquedos, crianças e
novos espaços”.
Pais e filhos
Aos pais, pensar que a criança vai
sobreviver bem sem seu olhar atento parece pouco provável. Além disso, o
sentimento de culpa por voltar a trabalhar e deixar o filho na escola ou
creche, principalmente para as mulheres, é outra fonte de angústia.
Por isso, a pediatra e psiquiatra Luciana
Carla Araújo Pimenta, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Neurociências
da UFMG, orienta aos pais conhecer bem a instituição que escolheram para o
filho, como forma de sentir confiança nos profissionais e no projeto
pedagógico. “Como os pais vão ficar longe dos filhos, eles precisam confiar em
quem está encarregado dos cuidados dos pequenos”, ressalta.
Modelos variados de ensino não faltam:
algumas escolas já se comunicam com os pais por meios virtuais regularmente,
enquanto outras até disponibilizam câmeras ao vivo para acompanhar o dia do
filho. Há ainda aquelas que permitem fazer uma adaptação gradativa, em que o
tempo de permanência da criança na escola vai aumentando até chegar ao
desejado.
Luciana Pimenta também considera que o
importante é que os pais não fiquem apreensivos, pois acabam transmitindo essa
sensação para os filhos. “A criança pensa: que lugar é esse que deixa meus pais
inseguros? Com isso, a adaptação vai ser bem mais difícil”, avalia.
Dicas
Para que o momento seja menos traumático
para as crianças, a especialista recomenda que, aos poucos, elas comecem a
entrar no ritmo da nova rotina. Se o filho já tiver idade suficiente para
assimilar isso, os pais devem compartilhar detalhes novos sobre as matérias do
ano, a escola ou o método que será adotado.
Uma atitude recorrente dos pais, que pode
prejudicar a fase de adaptação do pequeno, é quando eles tentam distraí-lo para
se retirarem às escondidas. Segundo o professor Arthur Kummer, é preciso deixar
claro para o filho que irão embora, mas que voltarão para
buscá-lo. “Se a criança chorar no momento da separação, pais e
professores podem tentar consolá-la e deixar que ela saiba que entendem como
ela se sente”, aconselha. Ele acrescenta que ao término da aula, a criança deve
ser buscada na hora certa, para que não sinta uma ansiedade desnecessária
ao observar as outras crianças irem para casa.
Outras atitudes que podem aumentar a
aceitação da criança, de acordo com a pediatra Luciana, é a sua inclusão na
escolha do uniforme e material escolar. “O ingresso da criança pode ser
importante aprendizagem para todos, por isso é necessário que a ansiedade que
permeia essa situação seja dominada da melhor maneira possível”, conclui.
Fonte: site Faculdade de Medicina da
UFMG, 06/03/2014
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