terça-feira, 13 de novembro de 2012

Reunião de debate da Saúde e Cultura na Fiocruz



Reunião da CTPS na Residência Oficial da Fiocruz

O papel da cultura na promoção da saúde foi o principal tema da última reunião da Câmara Técnica de Promoção da Saúde da Fiocruz, realizada em 23 de outubro de 2012. Representando a secretária de Cidadania e da Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, Marcelo Velloso e Jô Resende falaram sobre a Rede de Saúde e Cultura, que nasceu de um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Ministério da Cultura e a Fiocruz em 2010, visando fortalecer as práticas que integram saúde e cultura e promovem a cidadania e a transformação da qualidade de vida.

“Cultura não é so arte, mas um fator de desenvolvimento da cidadania. Construímos ações transversais com outros ministérios, como Esportes, Meio Ambiente, Educação e Saúde”, explicou Velloso. Segundo ele hoje caminha-se para a construçao de uma política pública perene.

Jô Resende ressaltou que a parceria com Fiocruz reforça a relevância dos determinantes culturais da saúde. Para ela, é fundamental compreender universo das práticas informais e reconhecê-las. “Povos e comunidades tradicionais não têm a saúde como algo à parte. Cuidar da saúde faz parte da cultura, e isso difere de um quilombo para uma aldeia indígena ou um centro urbano. Respeitar a cosmovisão dos grupos é muito importante para não se tratar cultura e saúde em separado, e sim junto, como um determinante”, esclareceu.

A coordenadora de Educação, Cultura e Saúde da Fiocruz Brasília, Luciana Sepúlveda, apresentou os cinco eixos de atuação da Cooperação Técnica entre o MinC e a Fiocruz, firmada em 2010 com vigência de cinco anos: investigação e construção de conhecimento; educação; mobilização e articulação; informação e comunicação; registro e memória. O plano de trabalho prevê o fortalecimento de ações da saúde na Cultura.

Luciana frisou que a Rede Saúde e Cultura tem site, Facebook, mediateca, Biblioteca Virtual de Saúde e Cultura, além de produzir publicações, seminários e exposições.

O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, Valcler Rangel Fernandes, disse que a Rede de Cultura e Saúde é uma parceria fundamental para se olhar a promoção da saúde em outro patamar de atuação. Ele também ressaltou a importância do papel da Câmara Técnica de Promoção da Saúde da Fiocruz, instituída este ano.

“A Fiocruz realiza ações tanto de formulação acadêmica como de atuação concreta. A Câmara Técnica prima por fazer laços interinstituicionais que tem muito significado para nós, como a parceria com a Secretaria de Diversidade Cultural. As unidades da Fiocruz trabalham num processo construtivista e permanente de quem formula com quem faz, quem articula internamente com quem articula externamente. A Câmara Técnica é resultado disso. Começamos com o coletivo da Saúde e hoje temos uma Câmara de apoio ao Conselho Deliberativo, dando outro nível de importância para o campo da promoção da saúde”, disse.

Lenira Zancan, do Departamento de Ciências Sociais (DCS), falou sobre a experiência do Laboratório Territorial de Manguinhos, que une pesquisadores e atores sociais no monitoramento das obras do PAC Manguinhos, através de um convênio da Fiocruz com a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Os potenciais efeitos do PAC sobre as vulnerabilidades sócio-ambientais foram acompanhados no primeiro ano das obras, com uma perspectiva de justiça ambiental e visando a construção de redes para construção de conhecimento.

“Observamos que não havia um projeto muito claro, as coisas iam acontecendo e se transformando. O registro fotográfico permitiu que acompanhássemos a dinâmica de reinvenção e reconstrução do programa e a interação entre os atores sociais”, contou.

Segundo Lenira, ficou em aberto a questão sobre quais os bons efeitos das obras, do ponto de vista da sustentabilidade. “O PAC não conseguiu romper e ser significativo para construir uma política que responda por uma nova lógica na relação entre o poder público e suas instituições e poder público e o poder marginal da população na promoção de direitos”, atestou. Para ela, é a área de cultura que está permitindo uma maior interação do PAC e das políticas com a população.

Alice Branco, da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), apresentou a ferramenta do Banco de Práticas e Soluções em Saúde, que poderá cadastrar produtos, técnicas, processos ou metodologias destinados à solução de problemas e situações adversas, desenvolvidas em parcerias com organizações governamentais e não governamentais.

“O espectro é bastante abrangente, mas a tecnologia tem que estar preocupada com a superação de problema e adotar a abordagem dos determinantes sociais da saúde”, explicou.

Alice informou que algumas tecnologias poderão receber um selo de qualidade Fiocruz, pela comprovação de resultados ou por estar referendada socialmente. Para receber a certificação, as tecnologias serão avaliadas por um comitê ad hoc. Ela destaca a importância da cooperação técnica da Fiocruz com os conselhos de secretrários estaduais e municipais de saúde - Conass e Conasems - e do apoio de agências de fomento. Alice também citou a importância da cooperação com o BNDES, que “quer dar mais atenção ao S da sua sigla”, e da parceria com o Coep - Rede Nacional de Mobilização Social, que colocou à disposição a sua própria ferramenta de banco de dados.

Patricia Tavares Ribeiro, pesquisadora da Ensp e coordenadora do projeto de cooperação da Fiocruz com Conass e Conasems ressaltou que os editais na área costumam ter muita concorrência e que é importante conhecer e trabalhar também as experiências não selecionadas. Ela apresentou um levantamento de ações de promoção da saúde por estado. “O perfil das ações varia de uma região para outra, dependendo dos problemas específicos de cada. Não há uma leitura homogênea do território nacional”, explicou. Ela defendeu o lançamento de editais para que o SUS dê um salto de qualidade, enfocando temas prioritários.

Rogério Fenner, do Ministério da Saúde, apresentou relato sobre o encontro da Rede Nacional de Cidades Saudáveis em Recife.

Texto de Marina Lemle (VPAAPS) e fotos de Peter Illiciev (CCS)

Fonte: Fiocruz

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